Tenho de confessar que só o conheço através dos spots do Hope Channel no qual participou e pelo fato de ser filho de um antigo presidente da Conferência Geral. Soube agora que já ministrou e serviu a igreja em vários lugares do mundo, como os EUA, a Rússia e África. Por esta razão, não tinha, ao ouvir a confirmação da sua nomeação, qualquer expetativa específica em relação ao trabalho que ele exercerá (pelo menos) nos próximos cinco anos. Daí que, a partir deste momento, passe a ser um observador atento e interessado de todas as suas intervenções e palavras.
A primeira dessas intervenções surgiu logo após a nomeação ser aceite pelos delegados presentes na Assembleia, dirigindo-se aos mesmos pela primeira vez como líder máximo da Igreja mundial. E o meu interesse foi de imediato despertado!
O Pr. Wilson começou por recordar a razão pela qual existimos como igreja, dizendo o seguinte: 'esta não é apenas uma organização, esta não é apenas outra denominação. Esta é a igreja remanescente de Deus'.
Ora, só por aqui, ele assume para si a séria responsabilidade que dirigir humanamente a igreja que Deus estabeleceu na Terra para os últimos dias. Fica-lhe bem e é isso que se pretende: alguém na liderança que não fuja nem um pouco da grande tarefa que lhe é entregue; que não se atemorize com a dimensão da empreitada; que não tente um caminho lateral mais fácil, mas porventura não o designado; mas que reconheça em todos os aspetos que esta é uma igreja, diria melhor uma missão, especial para todo o céu!
O Pr. Wilson proferiu então uma frase que descreve quais devem ser os fundamentos, cada qual à sua escala, da nossa ação como igreja: 'eu não sei tudo, mas procurarei sabedoria de conselheiros, da Bíblia e do Espírito de Profecia', referindo-se à obra inspirada de Ellen White.
Se quanto à Bíblia não há discussão e quanto aos conselheiros sei que muito gostamos de nos reunir e abordar juntos assuntos da igreja, creio que deveríamos rever a nossa postura recente com relação aos escritos da irmã White.
O novo presidente não deixou esses escritos com mais de cem anos fora da sua lista de fontes de conhecimento para a tarefa que o aguarda; poderiam, então, os membros negligenciar esse enorme legado na lida da igreja e na sua vida, em termos pessoais?! Poderemos nós começar a determinar a validade dos testemunhos conforme aquela que julgamos ser a nossa própria conveniência?!
Creio que, nos últimos tempos, a pena inspirada da irmã tem vindo a perder alguma relevância entre nós; não por culpa dos escritos em si, mas devido às tentativas de relativizá-los ao tempo em que vivemos. Este é, digo eu, um erro crasso. Oxalá o Pr. Wilson consiga devolver a importância que lhes tem sido retirada. Para o bem da igreja e do povo que dela faz parte.
Mas, o melhor da sua intervenção inicial estava reservado para o fim...
Na sua última linha, neste primeiro curto e improvisado discurso, o Pr. Wilson pediu o apoio dos membros presentes, afirmando sem reservas: 'orem para que o Espírito Santo nos traga reavivamento e reforma'!
Se há necessidade de reavivamento é porque algo está a morrer, a perder vida; se há necessidade de reforma, é porque algo está errado e precisa ser mudado. Pois bem, eu concordo totalmente e subscrevo o repto do nosso novo presidente!
Temos de admitir que não será fácil para alguém que agora chega à liderança transmitir de imediato uma mensagem de mudança. Poderia ser mal interpretado e os ouvintes julgarem que ele estava a colocar em causa a validade do trabalho do(s) seu(s) antecessore(s).
Estou seguro que não é, de todo, essa a intenção das suas palavras. O Pr. Wilson quis trazer à mente da igreja o urgente apelo de Deus na, já abordada, pena inspirada de Ellen White:
'Tem que ocorrer um reavivamento e reforma, sob o ministério do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgimento da morte espiritual. Reforma significa reorganização, mudança de idéias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não produzirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada, e para fazerem essa obra têm de se unir' (Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902).
Também lhe reconheço coragem, porque desafia a igreja a olhar para si mesma e reconhecer que algo de muito sério deve ser operado no seu interior, para que ela possa alcançar o exterior com grande poder - obra essa sobre a qual já muito ouvimos falar, mas teimamos em adiar indefinidamente...
Esta é uma ruptura de qualidade; não para quebrar valores e princípios que amamos e são inalteráveis, mas para provocar um retorno à prática original do Adventismo! Algo que, foi sendo sorrateira e consecutivamente substituído entre nós por hábitos que não deviam fazer parte da nossa vida. E que terão, inevitavelmente, de ser abandonados!
Se o Pr. Wilson quiser fazer desta frase a motivação para a sua liderança, pois poderá contar com este espaço para subscrever e divulgar as suas ideias para a igreja entre os irmãos de língua portuguesa. Será a minha humilde forma de apoiar o que ele me permitiu perceber nestas primeiras palavras.
Fonte - O Tempo Final
Nota DDP: Amém!