segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Um dia na semana para não fazer nada

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Estamos muito preocupados com as externalidades negativas associadas ao crescimento. Poluição do ar e das águas, aquecimento global são temas do momento. Mas a atividade econômica pode produzir outros tipos de externalidades tão perigosas quanto as ambientais. Uma delas é a degradação dos recursos humanos provocada pelo excesso de trabalho. Se prestarmos atenção, veremos que esse tipo de poluição é tão generalizado e pernicioso quanto os outros.
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Para combater a poluição ambiental, aceitamos que o Estado imponha limites na emissão de agentes nocivos. Aceitamos também que as empresas poluidoras paguem tributos pelo dano que causam, ou ainda que "comprem" o direito de poluir por meio de créditos de carbono oferecidos por empresas que não poluem. Em suma, aceitamos como natural e necessária a idéia de mecanismos compulsórios ou voluntários para controlar a poluição.

Na mesma linha, deveríamos também pensar em mecanismos para controlar a "poluição" dos recursos humanos. Uma das maneiras seria a imposição efetiva do limite da jornada de trabalho. Outra maneira seria o retorno ao regime de um dia sem trabalho na semana. Nesse dia (o domingo), todos teriam tempo para dar atenção à família, para passear, para estar com os amigos, para ler, para rezar, enfim, para fazer tudo o que nos completa como seres humanos e que estamos abandonando pelo trabalho. [Grifo acrescentado].

Todos poderiam se encontrar, porque ninguém estaria trabalhando, ninguém estaria competindo. O dia semanal sem trabalho teria um efeito simbólico muito importante, pois criaria um sinal muito concreto para nos lembrar que as relações afetivas devem ser vividas e não esquecidas. Pelo menos uma vez por semana. [Grifo acrescentado].

Hélio Zylberstajn - Professor da FEA/USP e presidente do Ibret - Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Salário.

Fonte: Valor Econômico, 17 de agosto de 2007.

NOTA: Dois fatos interessantes nesta matéria: Primeiro, o reconhecimento por parte de intelectuais, de que o homem não foi criado só para trabalhar. Ele precisa de um dia por semana para o descanso, o relacionamento familiar e a prática religiosa. Deus mesmo estabeleceu esse dia para o ser humano descansar: "Lembra-te do dia de sábado para descansar". (Êx 20:8). Em segundo lugar, ao defender o descanso dominical abertamente, a matéria demonstra estar próximo o momento histórico profetizado no Apocalipse quando, antes da volta de Jesus, seria estabelecido a Lei Dominical mediante imposição política.

Fonte - Minuto Profético
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