A ofensiva dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI), grupo terrorista que instaurou um califado entre a Síria e o Iraque, começou em setembro do ano passado, quando o presidente Barack Obama foi a público anunciar um plano para conter seu avanço. Àquela altura, o grupo terrorista havia decapitado dois jornalistas americanos e começava a subir o tom das ameaças ao Ocidente. Um ano depois, enquanto a campanha de ataques aéreos conquistou poucos resultados práticos, o terror espalhado pelo EI atraiu novos atores políticos para essa batalha. A França, que, no início, hesitava em atacar a Síria, foi a primeira a aderir ? e a primeira a sofrer com essa decisão, quando uma série de atentados matou 130 pessoas em Paris em novembro. Há alguns dias, os Parlamentos da Grã-Bretanha e da Alemanha aprovaram a participação de seus países no lançamento de bombardeios contra o EI na Síria. Na quarta-feira 9, o premiê britânico, David Cameron, disse que trabalharia junto com o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou os ataques há três meses. A participação alemã será menos direta e se restringirá ao envio de equipamentos. ?Vamos destruir o EI e qualquer outra organização que tente nos fazer mal?, disse Obama, em rede nacional. A estratégia vai funcionar?
O discurso feito no Salão Oval da Casa Branca, em ocasião rara, ocorreu na noite do domingo 6, quatro dias depois que um casal de muçulmanos radicalizados realizou um tiroteio num centro de serviços sociais em San Bernardino, Califórnia, matando 14 pessoas. Ao classificar o massacre como um ?ato terrorista?, Obama pediu para o Congresso restringir o acesso de suspeitos a armas e revisar a política de visto para estrangeiros. O presidente dos EUA reconheceu que, nos últimos anos, ?a ameaça terrorista evoluiu para uma nova fase.? Agora a ideologia do terror circula livremente pelas redes sociais a ponto de inspirar jovens como os autores da chacina de San Bernardino e do atentado à Maratona de Boston, em 2013. Por isso, Obama exaltou a adesão de seus maiores aliados ? François Hollande, Angela Merkel e David Cameron ? aos bombardeios aéreos contra o EI no Iraque e na Síria. Aos seus críticos, para quem essa política é demasiadamente branda, ele deixou um recado: colocar tropas americanas para lutar em solo é exatamente o que os jihadistas querem, porque, além de custosa para os EUA, só ajudaria a visão do ?nós contra eles? e o recrutamento de jovens muçulmanos dispostos a morrer como mártires.
?A política do governo americano para a Síria é incoerente?, disse à ISTOÉ o historiador Vijay Prashad, professor de Relações Internacionais do Trinity College, de Connecticut. ?Todo mundo concorda que os bombardeios aéreos não são suficientes.? Para ele, a estratégia mais efetiva inclui fechar a fronteira com a Turquia, que é por onde as armas e a logística chegam ao EI e de onde sai o petróleo comercializado pelos terroristas, e se juntar às forças que já estão combatendo o EI em solo, como os curdos, os Exércitos do Iraque e da Síria e outras milícias rebeldes. ?Mas isso não é possível agora porque os turcos são contrários aos curdos e a coalizão ocidental é contrária ao regime de Bashar al-Assad na Síria?, afirma. ?Se essas divergências políticas não forem resolvidas, não haverá pressão real sobre o EI.? Um dos pontos levantados por Obama para derrotar o EI é sufocar o grupo pelo lado financeiro. Segundo relatório da consultoria de risco IHS, o grupo recebe cerca de US$ 80 milhões por mês, sobretudo com a venda de petróleo e a cobrança de impostos nas áreas que controla. Mas, para isso, a Turquia, até aqui reticente no combate aos terroristas, precisaria assumir o protagonismo. Nas últimas semanas, Moscou tem acusado o país de ser o maior consumidor do petróleo contrabandeado pelo EI.
Enquanto as grandes potências tentam afinar o tom do ataque derradeiro, os terroristas espalham sua influência. Desde janeiro de 2014, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, de Washington, o EI faz ?campanha para aterrorizar e polarizar a Europa? e já ?inspirou, financiou e dirigiu tentativas e ataques bem-sucedidos no Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Espanha, Bósnia, Kosovo e Turquia.? Parte desse plano estaria também em provocar reações contrárias às comunidades muçulmanas nesses países, o que encorajaria outros jovens a juntar-se a eles, como já tem ocorrido. Na semana passada, a polícia identificou um jovem de 23 anos da comuna de Estrasburgo, leste da França, como o terceiro autor do ataque à boate Bataclan, em mais um indicativo de que os atentados de Paris foram realizados apenas por europeus treinados pelo EI na Síria. A aliança de Obama, Hollande, Merkel e Cameron será capaz de frear isso?
Fonte - Isto É
O discurso feito no Salão Oval da Casa Branca, em ocasião rara, ocorreu na noite do domingo 6, quatro dias depois que um casal de muçulmanos radicalizados realizou um tiroteio num centro de serviços sociais em San Bernardino, Califórnia, matando 14 pessoas. Ao classificar o massacre como um ?ato terrorista?, Obama pediu para o Congresso restringir o acesso de suspeitos a armas e revisar a política de visto para estrangeiros. O presidente dos EUA reconheceu que, nos últimos anos, ?a ameaça terrorista evoluiu para uma nova fase.? Agora a ideologia do terror circula livremente pelas redes sociais a ponto de inspirar jovens como os autores da chacina de San Bernardino e do atentado à Maratona de Boston, em 2013. Por isso, Obama exaltou a adesão de seus maiores aliados ? François Hollande, Angela Merkel e David Cameron ? aos bombardeios aéreos contra o EI no Iraque e na Síria. Aos seus críticos, para quem essa política é demasiadamente branda, ele deixou um recado: colocar tropas americanas para lutar em solo é exatamente o que os jihadistas querem, porque, além de custosa para os EUA, só ajudaria a visão do ?nós contra eles? e o recrutamento de jovens muçulmanos dispostos a morrer como mártires.
?A política do governo americano para a Síria é incoerente?, disse à ISTOÉ o historiador Vijay Prashad, professor de Relações Internacionais do Trinity College, de Connecticut. ?Todo mundo concorda que os bombardeios aéreos não são suficientes.? Para ele, a estratégia mais efetiva inclui fechar a fronteira com a Turquia, que é por onde as armas e a logística chegam ao EI e de onde sai o petróleo comercializado pelos terroristas, e se juntar às forças que já estão combatendo o EI em solo, como os curdos, os Exércitos do Iraque e da Síria e outras milícias rebeldes. ?Mas isso não é possível agora porque os turcos são contrários aos curdos e a coalizão ocidental é contrária ao regime de Bashar al-Assad na Síria?, afirma. ?Se essas divergências políticas não forem resolvidas, não haverá pressão real sobre o EI.? Um dos pontos levantados por Obama para derrotar o EI é sufocar o grupo pelo lado financeiro. Segundo relatório da consultoria de risco IHS, o grupo recebe cerca de US$ 80 milhões por mês, sobretudo com a venda de petróleo e a cobrança de impostos nas áreas que controla. Mas, para isso, a Turquia, até aqui reticente no combate aos terroristas, precisaria assumir o protagonismo. Nas últimas semanas, Moscou tem acusado o país de ser o maior consumidor do petróleo contrabandeado pelo EI.
Enquanto as grandes potências tentam afinar o tom do ataque derradeiro, os terroristas espalham sua influência. Desde janeiro de 2014, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, de Washington, o EI faz ?campanha para aterrorizar e polarizar a Europa? e já ?inspirou, financiou e dirigiu tentativas e ataques bem-sucedidos no Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Espanha, Bósnia, Kosovo e Turquia.? Parte desse plano estaria também em provocar reações contrárias às comunidades muçulmanas nesses países, o que encorajaria outros jovens a juntar-se a eles, como já tem ocorrido. Na semana passada, a polícia identificou um jovem de 23 anos da comuna de Estrasburgo, leste da França, como o terceiro autor do ataque à boate Bataclan, em mais um indicativo de que os atentados de Paris foram realizados apenas por europeus treinados pelo EI na Síria. A aliança de Obama, Hollande, Merkel e Cameron será capaz de frear isso?
Fonte - Isto É