segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cristãos devem empenhar-se para "uma nova governança"

'O bispo Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura, defendeu hoje, no Porto, que "urge um empenhamento dos cristãos para que possa erguer-se uma nova governança, com qualidade para inventar o futuro".

Na abertura do seminário "Teologia moral na dimensão política: nos 50 anos do II concílio do Vaticano", no auditório da igreja nova de Ramalde, o presidente da Fundação SPES abordou a situação atual a partir do documento conciliar "Gaudium et Spes", cuja visão sobre "a comunidade política é limitada aos conhecimentos otimistas dos anos 60".

Segundo Carlos Azevedo, "não se previa o cenário atual: o subjugar do político aos golpes dos tirânicos poderes financeiros, a desmotivação para o exercício da cidadania e a perigosa erosão do sentido do político nos cidadãos".

O antigo bispo auxiliar de Lisboa alertou para "a dificuldade enorme de fazer prognósticos a médio e longo prazo".

Perante os participantes no seminário, Carlos Azevedo reconheceu que "os cristãos ainda se empenham no plano relacional, associativo, caritativo (...), mas é cada vez mais abandonado o campo propriamente político".

O bispo questionou "como encontrar gosto para viver em sociedade, quando o espaço não é transparente e a ligação política se desfez, no presente, e está a hipotecar o futuro, financeira e ecologicamente".

Na intervenção, o delegado do Conselho Pontifício da Cultura apelou ao surgimento de "alguém que dê competência ao povo, respeite a visão plural do mundo, sem consensos regulados ou administrados e ouse, como Cristo, uma mudança messiânica no interior da história", numa ocasião em que "uns cedem à tentação de se fecharem, se refugiarem, em nichos de vida privada e quando outros ainda reforçam a solução na tecnocracia dos peritos".

Apelando a que a Igreja não caia no risco "de identificar demasiado o Reino de Deus com o seu espaço específico", Carlos Azevedo mostrou-se convicto de que "descobrir pessoas com sentido do Reino de Deus (...) fará nascer uma cultura política de participação democrática e não regressar a totalitarismos de má memória, já a despontar em diversos lugares".

"Quem tem força moral para nos mobilizar para um estilo de vida simples e humilde, dialogante e exigente, pacífico, compassivo", questionou, ao mesmo tempo que exortou à identificação de "microclimas políticos de mudança na sociedade portuguesa e figuras decisivas do viver em comum para com sabedoria planear um futuro com dignidade humana para todos".'  


Fonte: Diário de Notícias (negritos meus para destaque)

Nota O Tempo Final: muito reveladora a afirmação: "a Igreja não caia no risco "de identificar demasiado o Reino de Deus com o seu espaço específico". Para bom entendedor, e dito de outra maneira, a Igreja deve exercer influência não apenas religiosa, mas também política, num contexto de governo...

Mas, quanto à Igreja de Roma querer mais protagonismo a nível político, está tudo certo, nada que surpreenda...
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