“Pensar encontrar Jesus fora da Igreja é uma “dicotomia absurda“, considerou hoje o Papa Francisco diante de cardeais, aconselhando a que a Igreja se torne cada vez mais “a mãe de todos os crentes“.
Na celebração que decorreu na Capela Paulina com a participação de dezenas de cardeais, Francisco recordou que o Papa Paulo VI dizia ser “uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igreja“. (…)
Francisco centrou a sua homilia na pertença à Igreja “mãe“, lembrando “a hierarquia católica“ (universal). Este sermão, na linha com os seus antecessores, emergiu como um apelo à fidelidade a Roma e encorajamento discreto aos não-católicos e aos que abandonaram a Igreja Católica – que não evocou diretamente – para se juntarem à Igreja.
“A Identidade cristã não é um bilhete de identidade: a identidade cristã é uma parte da Igreja, a Igreja Matriz. Isto dá-nos Jesus“, disse o Papa.
“Pensemos hoje na missionariedade da Igreja, nos que saíram de si próprios, nos que tiveram a coragem de anunciar Jesus aos gregos – coisa quase escandalosa naquele tempo -, nesta mãe Igreja que cresce, cresce, com novos filhos aos quais dá a identidade de fé. Não se pode acreditar em Jesus sem a Igreja, di-lo o próprio Jesus“, prosseguiu Francisco. (…)
Fonte: Diário de Notícias
Nota O Tempo Final: Alguns dias atrás, foi a reafirmação de que só a Igreja Romana tem autoridade para interpretar e dar significado às Escrituras; desta vez, Francisco recupera o velho dogma de que só na Igreja (a dele, entenda-se) se pode encontrar salvação (sim, é isso que quer dizer!), e que, mais relevante ainda, Roma deve assumir-se como a mãe – num sentido de chefe, governador – de todas as outras igrejas, que se lhe devem submeter.
Não, não estou a extrapolar; é exatamente isto que este tipo de afirmação quer dizer. Se tiver dúvidas, releia este excerto: ”… apelo à fidelidade a Roma e encorajamento discreto aos não-católicos e aos que abandonaram a Igreja Católica – que não evocou diretamente – para se juntarem à Igreja“.
Aqui vemos claramente um apelo a que todos se abriguem debaixo da Igreja romana – daí dizer que a Igreja “cresce com novos filhos” – para o que terão de aceitar as suas condições.
Como esperado, Francisco intensifica o discurso de exclusivismo total por parte de Roma. Em breve, toda a margem de manobra será cortada para qualquer tentativa de colocar em causa a sua autoridade.