terça-feira, 15 de junho de 2010

O fracasso dos 750 mil milhões de euros

No encerramento de uma reunião de emergência de ministros das Finanças dos 27 membros da União Europeia (UE) que perdurou de domingo até às primeiras horas da manhã de segunda-feira, 10 de Maio de 2010, os exaustos participantes saíram para anunciar um impressionante pacote de US$1 milhão de milhões (€750 mil milhões) para a estabilização financeira de estados membros da UE com problemas de dívida soberana e para a União Monetária Europeia (UME) restaurar a confiança do mercado no euro, sua divisa comum para os 16 países da eurozona. Imediatamente após a abertura do mercado de câmbios estrangeiros, várias horas depois no mesmo dia, a notícia dramática levou o euro a ascender contra o dólar e o yen, revertendo seu recente declínio agudo em consequência da crise de dívida soberana da Grécia.

Infelizmente, o pacote de um milhão de milhões de dólares parece ser um fracasso total. O alívio da pressão baixista sobre o euro foi de vida curta, confirmando a apreensão contínua do mercado acerca do pesado e em agravamento fardo de dívidas soberanas enfrentado por todas as economias dos membros da UME e possivelmente mais além por cima do Atlântico.
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O preço de salvar o euro pode ser a dissolução da UE

Assim, a tentativa de salvar o euro de entrar em colapso quanto ao valor cambial sob o peso das dívidas soberanas agregadas dos estados membros da eurozona através de austeridade fiscal coordenada em todos os estados membros de diferentes heranças e condições socioeconómicas incorrerá no preço da divergência política dos estados membros da União Europeia. Governos de estados membros são estraçalhados e arrancados da união pelas forças centrífugas geradas por políticas internas separadas e dirigentes. O sentimento popular contra a austeridade fiscal para o bem da preservação da União Europeia está propagar-se como um incêndio descontrolado nesta crise de dívida soberana da União Europeia.
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Líderes sindicais como paus-mandados do neoliberalismo

Para pressionar por medidas de austeridade contra os trabalhadores pobres, a elite financeira dominante convocou os sociais-democratas e sindicalistas como seus paus-mandados. Nos países PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), governos social-democratas impõem as medidas de austeridade, ou, como na Grã-Bretanha, França e Alemanha, os sociais-democratas desacreditaram-se a si próprios pelas suas medidas anteriores de cortes de custos de que agora os partidos da direita colhem o benefício político. Em todos os casos, os sociais-democratas não deixam dúvida de que apoiam os cortes, dizendo ao povo trabalhador que "não há alternativa".

Líderes sindicais têm estado desejosos de subscrever o desacreditado "TINA" (There Is No Alternative), vudu económico de Reagan e Thatcher, em cooperação com governos controlados pelas corporações para travar a guerra financeiro ao trabalho. As manifestações e greves organizadas pelo trabalho contra medidas de austeridade têm sido suprimidas pela polícia armada, com a violência e mortes exploradas como razões para que cessem os protestos do trabalho.

Mas o trabalho tem uma obrigação moral e funcional de forçar mudanças estruturais neste sistema económico disfuncional, ao invés de continuar a permanecer uma vítima passiva na nova era da maciça servidão anti-trabalho. Enquanto isso, um movimento populista conservador que se chama a si próprio TEA (Tax Enough Already, Já chega de impostos) Party está a ganhar apoio popular que pode facilmente ser transformado numa força política fascista. O que é deixado por dizer na retórica do TEA Party, além do protesto sobre a elevação de impostos, é protestar na perspectiva de que o dinheiro do fisco deveria ser gasto com os pobres, ao invés do salvamento da errática elite financeira. Até que o trabalho tome as rédeas da reforma, o pacote de estabilização de um milhão de milhões de dólares da UE acabará no fracasso.

Fonte - Asia Times

Tradução - Resistir.Info

Nota DDP: Interessante de se observar algumas vertentes do artigo. Inicialmente a questão de possível dissolução do desenho da União Européia, confirmando mais uma vez a profecia do Livro de Daniel, Capítulo 2. Em segundo lugar o papel sindicatos no contexto político/econômico/social esperado para desencadeamento dos eventos finais.
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