Assim, surge agora uma boa oportunidade para refletirmos um pouco no papel da Igreja hoje.
Em primeiro lugar, convém estabelecer claramente que a validade e propósito da Igreja não se mede pelo número de membros que tem, ou pelas instituições que abrigam o seu nome. O que nos será mais benéfico é discernir o que suscitou a sua criação, qual a razão pela qual surgiu e quais os objetivos a que se propõe. E, ao analisar o seu percurso histórico e o momento atual tendo essas premissas por base, podemos perceber bem se estamos num caminho certo ou se há necessidade de algumas correções.
Convirá dizer que a Igreja foi formalmente estabelecida por uma questão organizacional:
“Aumentando o nosso número, tornou-se evidente que sem alguma forma de organização, haveria grande confusão, e a obra não seria levada avante com êxito…. Seu Espírito nos iluminou, mostrando-nos que deveria haver ordem e perfeita disciplina na igreja, e era essencial a organização” (Ellen White, Testemunhos Para Ministros, p. 26).
Dito isto, e sendo que o aumento do número (na época, os tais 3.500 membros) exigiu organização (não confundir com burocracia), ainda mais assim deverá ser hoje devido à expansão mundial que a Igreja desfruta. Ellen White deixou isso bem claro:
“A menos que as igrejas sejam organizadas de tal maneira que possam ter e impor ordem, nada poderão esperar quanto ao futuro” (Testimonies, v. 1, p. 270).
É por isso uma pena verificar que muitos, entre eles e principalmente alguns assalariados da obra, venham agora colocar essa organização em causa ao procurarem impor as suas agendas pessoais e coletivas, mas que não encontram respaldo na autoridade mundial da Igreja.
Repare que embora ao longo destes 150 anos a Igreja tenha sido severamente atacada, principalmente por dentro (lembremos Canright, Kellog, Rea, Ford…), ela sempre prevaleceu e seguiu o seu rumo no cumprimento dos seus objetivos, a razão para o seu estabelecimento.
Aliás, certamente que muitos esquecem a advertência dada a este respeito:
“Sejam todos cuidadosos para não clamarem contra o único povo que está cumprindo a descrição dada do povo remanescente, que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus” (Testemunhos Para Ministros, p. 50, 58 e 59).
Por isso, ao constatar a vaga de ameaças que atualmente pendem sobre a Igreja – além dos clássicos secularismo e mundanismo, temos agora os fenómenos na nova espiritualidade, a ordenação de mulheres, o movimento pró-homossexualidade, o desprezo pelo ministério profético de Ellen White, entre outros – podemos ficar tranquilos que a Igreja ficará de pé, pela entrada de Deus em ação:
“Não há necessidade de duvidar, de estar temeroso de que a obra não seja bem-sucedida. Deus está à testa da obra, e porá tudo em ordem. Caso haja coisas necessitando serem ajustadas na direção da obra, Deus atenderá a isso, e trabalhará para endireitar todo erro. Tenhamos fé que Deus vai conduzir a nobre nau que transporta o Seu povo, em segurança, para o porto” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 390).
Convém esclarecer que quando disse que a Igreja ficará de pé, isso não inclui todas as pessoas que dela fazem parte; pelo contrário, é bem certo que, mais ainda ao se intensificar o conflito entre o verdadeiro e o falso Sábados, muitos a abandonarão (substituídos pelos ainda mais que entretanto aceitarem a verdade):
“Dentre nós sairão alguns que não mais levarão a arca. Mas estes não podem fazer muralhas para obstruir a verdade, pois esta prosseguirá avante e para cima até ao fim” (Testemunhos Para Ministros, p. 409 e 411).
“Muitos demonstrarão que não são um com Cristo, que não estão mortos para o mundo, para que possam viver com Ele; e as apostasias de homens que ocuparam posições de responsabilidade serão frequentes” (Review and Herald, 11 de setembro de 1888).
“Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandona sua posição, passando para as fileiras do adversário” (O Grande Conflito, p. 608)
Surge aqui um sério aviso para nós: por vezes, ao assistirmos a coisas que nem em pesadelos se deveriam ver no nosso meio, podemos ficar desanimados e desencorajados, tentados a sair, a deixar de congregar com os irmãos, até mesmo abandonar a fé…
Tenha cuidado – se fizer isso, se sair por essa razão, quer dizer que saiu por causa das pessoas, quando deveria ficar na Igreja por causa de Cristo. Essa infeliz atitude demonstraria que as pessoas errantes são mais importantes do que o próprio Jesus. Lembre-se que Moisés viu a igreja em idolatria, mas não abandonou, antes pediu a Deus que os salvasse e riscasse o seu próprio nome do livro da vida; Jeremias viu a igreja em grave apostasia mas não a abandonou, antes escreveu as lamentações; Daniel viu a igreja no cativeiro, mas não a abandonou, antes orou por ela…
Todos aqueles que voluntariamente se afastam desta Igreja, por esse ato não rejeitam as práticas erradas que nela ocorrem mas sim a missão e propósitos fundamentais para a sua existência.
Deixemos para o Senhor a obra de retirar o joio quando Ele entender que o deve fazer, em vez de andarmos a queimar e lançar fora o bom trigo.
Ainda assim, podemos e devemos manter-nos confiantes: a Igreja prevalecerá até ao fim como o agente de Deus no combate final. A Sua promessa deixada pela pena inspirada, não deixa margem para dúvidas:
“Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e que continuará com eles, até ao fim” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 406).
Quer isto dizer que podemos ficar simplesmente impávidos e serenos assistindo ao natural desenrolar de acontecimentos, como se não fosse nada conosco? Nem pensar! Exige-se cada vez mais decidida ação e um empenho redobrado no cumprir da missão da nossa Igreja: terminar a reforma protestante, proclamar a derradeira mensagem de salvação a uma mundo que vai de mal a pior, e que precisa saber quem é o Deus Criador e Salvador! E aqui renovamos a razão pela qual a Igreja Adventista existe e se mantém em atividade!
Finalmente, uma reflexão que é ao mesmo tempo pessoal e coletiva: surgimos para anunciar ao mundo o breve regresso de Jesus – dizemos breve, mas já estamos há 150 anos a fazê-lo…
Como então potenciar a finalização da tarefa? Veja a resposta, que não precisa de qualquer comentário:
“Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder apressar a volta de nosso Senhor. Não nos cabe apenas aguardar, mas apressar o dia de Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 633).
“Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus” (Parábolas de Jesus, p. 69).
Renove o seu compromisso com a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois isso significa renovar o compromisso com Deus. E contribua para não recordarmos muitos mais aniversários da Igreja…