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No fim de 2013, o mundo estava agitado pelos ventos de guerra que sopravam do Oriente Médio. Jihadistas da Al-Qaeda juntamente com outros grupos rebeldes tentavam derrubar o presidente da Síria Bashar al-Assad trazendo grande instabilidade à região. Por outro lado, os EUA e outros países do ocidente também enviaram navios de guerra e tropas para uma possível invasão e tomada da Síria, e talvez de outros países, sob a alegação de que o presidente sírio era um ditador que violava os direitos humanos. O fato é que a Rússia e o Irã deram suporte logístico à Síria, que acabou resistindo às milícias rebeldes, e por fatores ocultos aos olhos humanos, as tropas dos EUA e da Otan voltaram para casa e a iminente invasão que poderia ser o início do cumprimento profético de Daniel 11:40 não ocorreu: “No tempo do fim o rei do sul lutará [nagah] com ele [rei do norte], e o rei do norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e passará.”
Note que o verbo nagah, no hebraico, significa chifrar, ferir, lutar. O que dá a entender que antes de o rei do norte (Vaticano usando os EUA e a Otan) invadir o Oriente Médio e o norte da África, o rei do sul deve feri-lo primeiro. É o estopim que falta para cumprir a profecia. Nas últimas vezes em que o rei do sul foi mencionado (v. 25 e 29), o texto profético apontava para as Cruzadas, quando o rei do norte (Igreja Romana) lutaria com o rei do sul (exércitos muçulmanos) pela disputa da Terra Santas. Tendo isso em mente, é de se esperar que o rei do sul nos versos 40-45 se trate também dos exércitos muçulmanos.
No decorrer de 2014 e 2015, o cenário político do Oriente Médio sofreu diversas mudanças, o que possibilitou a consolidação de um movimento muçulmano sunita radical: o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mais conhecido como Estado Islâmico. “Quando, a 29 de junho de 2014, um grupo conhecido até então por diferentes siglas decidiu que passaria a se chamar apenas Estado Islâmico e proclamou a criação de um califado, seu porta-voz, Abu Mohammed al-Adnani, anunciou o nascimento de ‘uma nova era da jihad internacional’” (Público).
O Estado Islâmico é um movimento “formidável, mais eficaz do que qualquer outro grupo jihadista na história”, diz J. M. Berger, co-autor de Estado Islâmico – Estado de Terror, numa entrevista recente ao jornal Público. Trata-se de “um grupo apocalíptico, fanático, e as pessoas que atrai e que nele se envolvem têm uma enorme tolerância à mensagem”, sublinha o investigador.
Segundo Jon B. Alterman, diretor do Programa Para o Médio Oriente do Center for Strategic and International Studies (CSIS), de Washington, “ao contrário da Al-Qaeda, que operava quase exclusivamente em árabe, o Estado Islâmico integra forças que falam árabe, inglês, francês, tchetcheno, russo, turco e mais” (Público).
“Eles são uma ameaça maior do que a Al-Qaeda, principalmente porque, com recursos como o petróleo, não precisam de apoio de outros grupos”, explica Heni Ozi Cukier, cientista político e professor de Relações Internacionais daESPM
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As ambições apocalípticas do Estado Islâmico chocaram as autoridades quando divulgaram a ameaça de promover um atentando similar ao 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos. Em vídeo de 11 minutos intitulado “Nós vamos queimar a América”, divulgado na internet, os extremistas afirmam que não “há segurança para qualquer americano no globo” (Yahoo).
Como parte de sua estrutura de propaganda ostensiva, o Estado Islâmico passou a publicar uma revista em árabe e em inglês, Dabiq, nome dado em homenagem à pequena cidade síria tomada pelo EI, onde, de acordo com sua escatologia, acontecerá a última cruzada apocalíptica profetizada por Maomé.
Em sua quarta edição, a revista trouxe na capa a foto do Vaticano tendo a bandeira do EI hasteada sobre o obelisco na praça de São Pedro. A chamada da capa - “A cruzada que falhou” - é uma alusão ao termo usado pelo presidente George Bush, que classificou a guerra ao terrorismo pós-11 de setembro como uma Cruzada. Além disso, a matéria de capa traz no seu texto outra imagem aérea do Vaticano com a seguinte legenda: “Nós conquistaremos sua Roma” (Dabiq).
Segundo informou o presidente do Centro de ESTUDOS
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Com tantas ameaças em vista, a Otan já planeja reagir. “A Organização do Tratado do Atlântico Norte e seus aliados realizarão o maior exercício militar em mais de uma década, a partir de outubro, mobilizando 36.000 soldados pelo Mediterrâneo a fim de conter a ameaça do Estado Islâmico no flanco sul da aliança militar... Mais de 30 países, incluindo nações fora da Otan, tais como Suécia e Áustria, participarão dos exercícios na Itália, Espanha, Portugal e no Mediterrâneo, que se estenderão de 3 de outubro até 6 de novembro [de 2015]” (Exame).
Fica, então, a pergunta: Será o Estado Islâmico o agente responsável por acender o estopim que falta para explodir a invasão do Oriente Médio e do norte da África pelos EUA e pela Otan (e por trás o Vaticano)? Só o tempo dirá...
“Certamente, venho sem demora. Amém! Vem Senhor Jesus!” (Apocalipse 22:20).
(Minuto Profético)
Nota Criacionismo: O texto acima foi escrito pelo pastor e teólogo Sérgio Santeli (meu colega de mestrado). Ele escreveu as primeiras quatro partes desse estudo em 2013, quando parecia que ia estourar uma guerra no Oriente Médio e sua atenção foi chamada para Daniel 11. Porém, a guerra não ocorreu, mas agora ele atentou para o fato de que o rei do sul vai atacar primeiro, e com tantas notícias evidenciando a disposição do EI em atacar o Vaticano, a profecia pode se cumprir. Há outras linhas de interpretação de outros teólogos. Alguns interpretam o capítulo literalmente, e na parte final (v. 40-45) espiritualizam.
O fator determinante para considerar que o capítulo todo, inclusive os versos finais, possa ser literal tem que ver com o único texto que Ellen White escreveu sobre o assunto: “O mundo está agitado pelo espírito de guerra. A profecia do capítulo 11 de Daniel atingiu quase o seu cumprimento completo. Logo se darão as cenas de perturbação das quais falam as profecias” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 14).
Santeli me disse que não consegue visualizar nada mais do guerra nessas palavras. Ele acredita que, quando acontecer um ataque no Vaticano, Roma vai posar de vítima e a partir daí qualquer um que falar qualquer coisa contra o Vaticano será rotulado de fundamentalista, fanático, terrorista. Rapidamente os holofotes vão se voltar contra quem?
Bem, esse é um cenário possível. Como são profecias ainda por se cumprir, às vezes fica difícil saber exatamente do se trata. Vamos aguardar (e nos preparar) para ver. E pregar enquanto aguardamos.