sexta-feira, 24 de julho de 2015

Papa incendeia revolta contra o capitalismo americano

Incitando as massas

Sim, o papa Francisco está encorajando a desobediência civil, levando a uma rebelião. Olhando atentamente, Francisco sabe que está incitando uma rebelião política, um levante das massas contra os capitalistas super ricos do mundo. Mas os conservadores de direita ainda continuam na negação, distorcendo a mensagem do papa, esperando que ela simplesmente desapareça, como aconteceu com o movimento “Ocupe Wall Street”. Nunca. O vício narcisista americano às políticas presidenciais está emburrecendo nosso cérebro coletivo. Atenção: esqueça Bernie x Hillary. Esqueça as distrações e palhaçadas criadas por Trump x os 15 fabulosos do Partido Republicano.[1] O papa francisco é o único líder político real que importa neste ano. Esqueça o resto. Aqui está o porquê: o papa Francisco não está apenas liderando uma “Segunda Revolução Americana”, ele está reunindo pessoas através da Terra, tanto de classe média como de pobres, levantando bilhões para criar uma revolução econômica global, uma que pode repentinamente varrer o planeta, como a tomada da Bastilha francesa, em 1789.

Infelizmente, os capitalistas conservadores – grandes petrolíferas, os bilionários Koch,[2] nosso congresso republicano e todos os negadores da ciência climática dos combustíveis fósseis – estão cegos ao fato de que sua ideologia está no lado errado da História, que por lutar uma batalha sem vencedores eles estão cometendo suicídio, autodestruindo sua própria ideologia.

O fato é: a era do capitalismo está rapidamente morrendo, uma vítima do seu próprio sucesso, sabotada pela cobiça e pela perda do código moral. Em 1776, o capitalismo de Adam Smith se tornou o núcleo do princípio econômico da América. Nós entesouramos esse ideal do capitalismo em nossas liberdades constitucionais. Nós prosperamos. A América se tornou a maior superpotência econômica na história mundial.

Mas, ao longo do caminho, a América esqueceu que o fundamento original de Smith estava na moral, nos valores, fazer o que é correto para o bem comum. Ao invés disso, nós nos desviamos para um “capitalismo mutante” narcisista, de Ayn Rand, como Jack Bogle, fundador da Vanguard, chamou de distorção dos princípios de Adam Smith no seu clássico A Batalha Pela Alma do Capitalismo. A batalha está perdida.

Na geração desde a revolução Reagan, o capitalismo autocentrado, direcionado ao consumidor e mutante perdeu sua bússola moral, indo à deriva: a desigualdade explodiu, o crescimento da renda estagnou, os pobres continuaram ficando mais pobres. Ainda, pelo mundo, bilionários explodiram de 322 em 2000 para 1.826 em 2015, com a previsão de 11 famílias trilionárias controlando o Planeta por volta de 2100.

Mas não por muito mais tempo, ao acelerar-se a revolução do papa Francisco, como deixa clara sua implacável mensagem de direitos sagrados. Por quê? Nossa elite do capitalismo mutante disparou um massivo revés, uma “crise humana profunda, a negação da primazia da pessoa humana. A adoração ao antigo bezerro de ouro se tornou um novo e desumano disfarce da idolatria do dinheiro”.

Um papa Francisco agressivo está em uma missão de transformar a ideologia mutante do mundo capitalista atual, com sua rampante negação da ciência climática centrada no lucro. Felizmente, o papa irá logo confrontar e desafiar o Congresso do Partido Republicano diretamente, então a Assembleia Geral das Nações Unidas, para desafiar a falha do mundo capitalista para tomar ações sobre mudanças climáticas. Talvez eles finalmente acordem.

A recente viagem do papa Francisco para a América do Sul revelou um claro anticapitalismo, uma mensagem socialista, chamando para uma “mudança estrutural para uma economia global que corre contra o plano de Jesus”, como reportado naTime por Christopher Hale. Francisco advertiu: “O futuro da humanidade não repousa somente nas mãos dos grandes líderes, dos grandes poderes e das elites.” O futuro “está fundamentalmente nas mãos dos povos e em sua habilidade de organizar. Está nas mãos deles, os quais podem dirigir, com humildade e convicção, esse processo de mudança. Eu estou com vocês.” O papa está advertindo todos os capitalistas em todos os lugares. Como Jesus diz na Bíblia, os pobres sempre estarão convosco, mas os ricos podem não estar após a revolução que está chegando.

Sim, pessoal, o papa Francisco é um revolucionário destinado a terminar nos livros de história ao lado de Lenin e Marx, Mao e Castro. Ele está obviamente incitando a revolução, quer a desobediência civil e a insurreição política, está levando os pobres à rebelião contra os ricos, grandemente suplantados numericamente.

De fato, Francisco se tornou um dos maiores líderes revolucionários mundiais. Ele não está apenas incitando um levante das massas contra os bilionários capitalistas afortunados, ele está lá no fronte da revolução global emergente, encorajando as massas, chorando as lamúrias da batalha, um líder na tradição de Washington.

Assim, a mídia deve parar de confundir a natureza agradável de Francisco, seu perpétuo sorriso, esquecendo-se de suas verdadeiras intenções. Ele está em um agressivo chamado às armas, um chamado por uma revolução global atacando o atual “capitalismo mutante” fora de controle, orientado ao consumidor, um chamado a substituir o capitalismo com um novo socialismo econômico dando aos pobres “os direitos sagrados” pareadamente com os super ricos.

Hale, da Time, destacou as quatro “fundações” da vindoura “revolução” do papa. Hale cobriu o tour do papa na América do Sul, em “O papa Francisco não está na defensiva – e os políticos dos EUA devem ficar atentos”. Na Bolívia, Francisco advertiu que capitalismo global é um fracasso e precisa de uma “mudança estrutural” porque ele corre contra o “plano de Jesus”. Hale então adicionou que os “líderes de ambos os partidos podem se arrepender de aceitar o convite do pontífice jesuíta de 78 anos de idade” para falar a uma sessão do Congresso [dos EUA] em dois meses. Cinco razões fazem o aviso suficientemente óbvio:

Socialismo: todos têm um direito sagrado à terra, habitação e trabalho

“O papa Francisco argumenta que todos têm um direito divino de ter um trabalho, de possuir uma terra, e de ter um lar.” Esses direitos vão “muito além do ensino tradicional social da Igreja Católica, que pleiteia pela dignidade do trabalho, mas não vão tão longe a ponto de dizer que todos têm um direito dado por Deus de ter um trabalho”. Mas, claramente, o papa Francisco diz que os pobres de fato têm “direitos sagrados” inalienáveis, em par com aqueles garantidos na Constituição Americana. E, claramente, Scott Walker e o Partido Republicano já negam uma similar agenda liberal de “direitos sagrados” de salário mínimo, propriedade e trabalho.

Os humanos, não os lucros capitalistas, devem estar ao centro da economia global

A mensagem do papa Francisco é inconfundível: “o capitalismo descontrolado” que se tornou um “ditador sutil” é agora o próprio “excremento do diabo”. Ai! Isso deve machucar mesmo o gélido empedernido ego dos Koch. Francisco diz que a ganância capitalista “irrefreada na perseguição do dinheiro” está destruindo o “bem comum”, preparando o palco para revoluções. O papa apelou às massas para “dizer não à uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro domina”, porque os capitalistas irão “destruir a Mãe-Terra” para enriquecer a elite super rica. Ainda outro chamado revolucionário à batalha.

Milhões ao redor do mundo não podem esperar muito tempo por ação

A encíclica do papa Francisco advertiu que “as previsões apocalípticas” sobre o clima “não podem mais ser vistas com ironia e desdém”, ou repelidas sem uma ação. Agora, Francisco está agressivamente empurrando os líderes mundiais e humanos de todos os lugares a lutar contra todas as injustiças econômicas aos indivíduos. O tic-tac do relógio ressoa, o tempo está “se esgotando: nós ainda não estamos nos destruindo uns aos outros, mas nós estamos destruindo nosso lar comum” aqui na Terra. O papa Francisco também encoraja as pessoas a começar a reclamar “nós queremos mudança!”. Lembra o filme de 1976 “A Rede”, no qual um âncora televisivo conclama telespectadores a gritar: “Eu estou louco e não vou mais aguentar isto!”

Revoluções começam com cidadãos irados, não com políticos ou filantropos

Hale da Time diz que o chamado do papa por uma “mudança estrutural não será o resultado de nenhuma decisão política”. O papa entende que os políticos raramente lideram. A mudança é iniciada de baixo, por multidões iradas; ela é “apanhada nas lutas das vidas das pessoas”, incendiadas, rebeldes, motivadas a agir; então a revolução se incendeia e se move rapidamente como fogo em combustível para jatos.

Advertência: o socialismo é agora uma obrigação moral, um mandamento a obedecer

Há de se admitir: o papa Francisco está claramente incitando as pessoas a se rebelarem com sua mensagem passional, provocativa e inspiracional, a qual rememora Marx, e ainda diretamente o Evangelho de Jesus: “Trabalhar por uma justa distribuição dos frutos da Terra e trabalho humano não é meramente filantropia”, não apenas uma esmola de bilionários capitalistas.

Ao invés disso, o papa Francisco muda nosso foco: o socialismo é agora “uma obrigação moral. E para os cristãos a responsabilidade é ainda maior: é um mandamento. Diz respeito a dar aos pobres e aos povos o que é seu como um direito sagrado”. E se nós falharmos em dar-lhes livremente, não se surpreenda quando as revoluções explodirem pelo planeta Terra.

(Market Watch; tradução: Alexsander D. da Silva)

¹ N.T.: Atualmente, há 15 candidatos republicanos à presidência da República norte-americana.
² N.T.: Família Koch, detentora das Indústrias Koch, a segunda maior companhia privada dos EUA, com receitas de 115 bilhões de dólares, em 2013.

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