Atacando o estômago, o vírus é conhecido como GII.17 e provoca vômitos e diarreia, podendo atingir milhões de pessoas no mundo, dizem os pesquisadores.
As preocupações aumentaram após centenas de passageiros de um cruzeiro terem sido, supostamente, infectados com GII.17, na Escandinávia, mês passado. Surtos de norovírus são mais prevalentes no inverno, explica o canal Bloomberg, mas o número de infecções ocorridas nos meses mais quentes pode determinar quão grave o surto será.
“Um aumento na frequência dos surtos em navios de cruzeiro, ao longo do verão, pode prever uma maior incidência no próximo inverno”, disse Marion Koopmans, professora de virologia de saúde pública na Universidade Erasmus Medical Center, em Rotterdam, Holanda, em uma entrevista ao Bloomberg.
Assim como a gripe, novas cepas emergem a medida que o vírus sofre mutações. Porém, a gripe sofre mutações rapidamente, os novos norovírus tendem a emergir apenas a cada dois a quatro anos, muitas vezes levando a pandemias de gastroenterite: “Isso significa que estamos presenciando o surgimento de um novo genótipo. O novo vírus GII.17 poderia substituir GII.4, tornando-se a cepa dominante circulando em outras partes do mundo”, disse Koopmans.
"Sabemos que os norovírus são capazes de rapidamente se espalharem ao redor do globo", disseram cientistas de 16 países, em um artigo que acompanha a pesquisa original, de origem japonesa. "Os sistemas comunitários de saúde e de vigilância públicas precisam estar preparados em caso de um aumento potencial da atividade de norovírus nas próximas temporadas, causado por esta nova estirpe”, acrescentaram.
Casos de GII.17 já surgiram nos EUA, países da América do Sul, Europa e África. Ainda não há nenhum medicamento disponível para tratar ou prevenir GII.17, mas uma empresa farmacêutica com sede em Osaka, no Japão, afirma ter a vacina mais avançada para o vírus, em desenvolvimento. “A Takeda Pharmaceutical Co. pretende estudar como sua vacina irá trabalhar contra a nova cepa”, disse Koopmans.
Norovírus causam, somente nos EUA, de 19 a 21 milhões de casos de gastroenterite aguda por ano, levando a 400 mil atendimentos em serviços de emergência, e cerca de 56 mil a 71 mil hospitalizações.
O número de mortes é cerca de 800 pessoas, principalmente entre crianças e idosos. "Para muitas pessoas, é um incômodo. Você tem dois dias de vômito e diarreia em seguida. A maioria dos casos têm um curso da doença bastante leve”, explicou Koopmans. Pessoas que ingerem ou manuseiam alimentos infectados são, geralmente, a origem do surto, disse o relatório.
Fonte - Jornal Ciência