segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bento XVI apela mais uma vez às religiões mundiais pela paz

Bento XVI deixou este Domingo, em Viterbo, um apelo às religiões de todo o mundo, para que contribuam para construir a paz.

O Papa falava no final da Missa a que presidiu na cidade italiana, referindo-se ao Congresso "Homens e religiões", em Cracóvia, que assinala os 70 anos do início da II Guerra Mundial. A iniciativa junta numerosas personalidades e representantes de várias religiões, convidados pela arquidiocese de Cracóvia e pela Comunidade de Santo Egídio, para reflectirem e rezarem a favor da paz.

Bento XVI disse que “não podemos deixar de recordar os dramáticos factos que deram início a um dos mais terríveis conflitos da história, que causaram dezenas de milhões de mortos e tantos sofrimentos provocaram ao amado povo polaco; um conflito que viu a tragédia do Holocausto e o extermínio de outras fileiras de inocentes”.

“Que a memória destes acontecimentos nos leve a rezar pelas vítimas e por aqueles que continuam feridos no corpo e no coração. Seja também, para todos, uma advertência a não repetir tais barbáries e a intensificar esforços para construir no nosso tempo, ainda assinalado por conflitos e confrontos, uma paz duradoura, transmitindo às novas gerações uma cultura e um estilo de vida caracterizados pelo amor, pela solidariedade e pela estima do outro”, acrescentou.

Neste contexto, disse o Papa, é especialmente importante o contributo que podem e devem dar as Religiões: “Nesta perspectiva, é particularmente importante o contributo que as Religiões podem e devem dar para promover o perdão e a reconciliação contra a violência, o racismo, o totalitarismo e o extremismo que deturpam a imagem do Cristo no homem, cancelam o horizonte de Deus e, em consequência, conduzem ao desprezo do próprio homem”.

“Que o Senhor nos ajude a construir a paz, partindo do amor e da compreensão recíproca”, concliu.

Chegado a Viterbo, de helicóptero, proveniente de Castel Gandolfo, o Papa presidiu, numa esplanada, à Eucaristia dominical. Comentando as leituras do dia, Bento XVI observou que “o deserto – na sua linguagem simbólica – pode evocar acontecimentos dramáticos, situações difíceis e a solidão que tantas vezes assinala a nossa vida”. Mas "o deserto mais profundo é o coração humano, quando perde a capacidade de escutar, de falar, de comunicar com Deus e com os outros. A pessoa torna-se cega, incapaz de ver a realidade; fecham-se os ouvidos para não escutar o grito de quem implora ajuda; o coração endurece-se na indiferença e no egoísmo”.

Para o Papa “tudo está destinado a mudar. A ‘terra árida’ será irrigada por uma nova linfa divina. E quando vem, aos de coração abatido de qualquer época, o Senhor diz com autoridade: Coragem, não temais!”

Bento XVI referiu-se ao episódio evangélico em que Jesus cura, em terra pagã, um surdo-mudo, começando por o acolher e “ocupando-se dele antes de mais com a linguagem dos gestos, mais imediatos do que as palavras”.

“Podemos ver neste sinal o ardente desejo de Jesus de vencer no homem a solidão e incomunicabilidade criadas pelo egoísmo, para dar rosto a uma nova humanidade, a humanidade da escuta e da palavra, do diálogo, da comunicação, da comunhão com Deus. Uma humanidade boa, como boa é toda a criação de Deus: uma humanidade sem discriminações, sem exclusões – como adverte o apóstolo Tiago na sua Carta – de tal modo que o mundo seja verdadeiramente e para todos campo de genuína fraternidade, na abertura, no amor pelo Pai comum que nos criou e nos fez seus filhos e filhas", prosseguiu.

Exemplos vivos desta “humanidade boa” e de “verdadeira fraternidade” são os santos, sublinhou o Papa, evocando diversas figuras bem conhecidos dos viterbeses. Depois de sublinhar a importância do testemunho cristão dos leigos, “nos diversos âmbitos da sociedade, nas múltiplas situações da existência humana”, Bento XVI exortou os fiéis a um empenho concreto em favor do desenvolvimento humano integral de todos e cada um. (Ecclesia)
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Nota Realidade em Foco: É interessante mais esse passo do Vaticano em direção à paz mundial através da união das religiões. Pena que é incoerente com a própria filosofia vaticanista. Em primeiro lugar, o próprio Vaticano é o primeiro que não deve repetir barbáries como a Inquisição da Era Medieval quando milhares foram mortos por serem inimigos da "fé católica". Além disso, é importante que se frise que essa unidade das religiões é em torno da filosofia ditada pelo Vaticano. Ou seja, as demais religiões devem se harmonizar com o modo de agir do Vaticano e assim atuar juntas. Algo que remete aos tempos medievais quando o papado reinava supremo como única religião oficial e norteadora dos princípios morais para a humanidade. A Bíblia deixa claro, no entanto, em textos como Efésios 1:20-21 que, acima de todos os poderes humanos, está Jesus Cristo e Seus ensinamentos e não crenças divergentes dos princípios fielmente deixados pelo Mestre aos primeiros apóstolos. No texto que cito, é possível ler que "que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado e potestade, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro".
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