De todos os países signatários, apenas um - a Irlanda - ainda não ratificou o Tratado, o que terá de ser por via de referendo, o que coloca em causa a sua entrada em vigor. Inicialmente prevista para 1 de janeiro de 2009, teve de ser adiada após o referendo obrigatório a Irlanda ter resultado em 53% de votos contrários à sua ratificação, como resultados dos receios de interferência externa em assuntos delicados para os irlandeses, como o aborto.
Como a iniciativa não deveria ser abandonada, garantias foram dadas aos líderes e povo irlandês de forma a facilitar a sua aprovação. Agora, já no próximo mês de outubro, um novo referendo terá lugar e, desta vez, as sondagens apontam entre 55% a 68% de votos favoráveis à sua ratificação.
Ao ler a notícia do Diário de Notícias sobre o assunto podemos perceber mais nitidamente alguns pormenores deste processo. E, qual não é o espanto, lemos no último parágrafo que uma entidade muito respeitada e influente na sociedade irlandesa esteve envolvida na aprovação do documento...
Transcrevo o dito parágrafo: 'até a Igreja Católica participou no debate, para assegurar aos seus fiéis que nenhum motivo religioso ou ético desaconselha a ratificação do Tratado de Lisboa'.
Percebe-se bem a intenção do Vaticano: com a Europa unida, falando a uma só voz, haverá menos esforço despendido em reassumir a preponderância que durante séculos teve neste continente.