WASHINGTON, EUA, 12 Mai 2010 (AFP) -Pela primeira vez desde sua criação pelos fundadores da nação americana, a Corte Suprema dos Estados Unidos, a maior instância judicial do país, não contará com nenhum protestante entre seus nove magistrados, com mandato vitalício.
Se o nome de Elena Kagan, uma judia, escolhido na segunda-feira pelo presidente Barack Obama, for confirmado pelo Senado, ela se somará a outros dois magistrados judeus e seis católicos. Uma situação que poderia fazer revirar na tumba os puritanos peregrinos do Mayflower, considerados os fundadores da América anglófona em 1620.
"Não haverá nenhuma sensibilidade protestante na Corte Suprema, ninguém para compreender as nuances de uma das religiões mais antigas e tradicionais dos Estados Unidos, a que forjou a cultura do país", lamentou Diana Butler Bass, professora de religião americana, no site de reflexão religiosa BeliefNet.com.
Mas para Frances Kissling, pesquisadora do Centro de bioética da Universidade da Pensilvânia, a evolução da composição da Corte Suprema é um reflexo natural da mudança demográfica da sociedade americana.
"A maioria de nossos presidentes, de nossos juízes, dos que decidem, foram protestantes, mas isso muda e agora temos um presidente com raízes cristãs e muçulmanas, e uma Corte suprema composta por seis católicos e agora três judeus", disse à AFP. "Acredito que é formidável", acrescentou.
Não faz tanto tempo, uma situação parecida era impensável.
Judeus e católicos lutaram contra a discriminação nos Estados Unidos, que impunha cotas para limitar seu número em alguns empregos jurídicos e nas universidades. "Antes da década de 1970, não conseguiam ir muito longe na profissão jurídica para não figurarem entre os potenciais candidatos à Corte Suprema", observou Kissling.
Foi preciso esperar até 1961 e John Kennedy para que um católico chegasse à Casa Branca.
"Alguns antissemitas verão com maus olhos o fato de termos três judeus na Corte Suprema, mas acredito que isso reflete até onde cada um pode chegar nos Estados Unidos, seja qual for sua raça ou religião", estimou outro especialista, Rod Dreher, em BeliefNet.
Segundo uma pesquisa publicada em 2008 pelo instituto de estudos Pew Research, 51% dos americanos são protestantes; muito menos do que na década de 1960, quando representavam dois terços da população.
Os católicos representam pouco menos de um quarto dos americanos e os judeus, apenas 2%.
Fonte - G1
Nota Cristo Voltará: Os Estados Unidos da América estão prestes a viver uma situação inédita em sua Suprema Corte. Pela primeira vez, desde que esse país existe, dos 9 juízes, nenhum será protestante. E esse é (ou era) um país protestante, em que os protestantes dirigiam a nação, conforme seus princípios de vida. É importante que se saiba que a Constituição Americana é bem pequena, e que sua interpretação pertence a Suprema Corte, que tem o dever, e o direito, de interpretá-la segundo seria o pensamento de quem a escreveu. Ora, quem redigiu a Constituição Americana foram protestantes, para que tivessem um país livre. Queriam um país onde a religião estivesse separada do Estado. Assim trabalharam e construíram a maior nação do mundo, com fundamento numa Constituição livre. Agora, com uma alteração que está sendo processada, ficarão na constituição seis juízes católicos e três juízes judeus, mas nenhum protestante. Pois bem, no que isso vai dar? O tempo o dirá. É importante que não se esqueça que o presidente americano, embora evangélico, tem ascensão muçulmana, outra religião cujos líderes políticos (os religiosos nem tanto) simpatizam com a Igreja Católica.
Nota DDP: Veja também em contraste a manifestação da ex-candidata à presidência dos EUA dizendo que "a lei americana deveria ser baseada no Deus da Bíblia e nos Dez Mandamentos". Tal afirmação foi veiculada exatamente diante da constatação de que os EUA estão se distanciando de suas bases de fundação.