sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Padrões e normas de conduta

São muitas as vezes em que não é fácil conciliar os princípios e valores que defendemos com o estilo de vida que se tornou corrente no mundo e que, constantemente, gira à nossa volta, como que sufocando irremediavelmente as nossas melhores intenções.

Nessas ocasiões, em que decisões devem ser tomadas, normalmente não há qualquer hipótese de adaptar situações e contextos para satisfazer as duas partes; uma vence, a outra cai irremediavelmente por terra.

Creio que um dos erros que temos cometido, e arriscamos continuar a cometer, é o de questionar e precipitadamente reformular os padrões e normas que desde sempre nos definiram e identificaram como Adventistas do Sétimo Dia. Por várias razões - sendo que a que entendo como mais relevante é a triste e por vezes mal discernida tentativa de exercer conformidade e excessiva contextualização com o mundo que nos rodeia - alteramos os valores que orientam os nossos comportamentos e atitudes.

Poderemos usar como exemplo qualquer aspeto da nossa vida; neste caso, usaremos o vestuário: de cada vez que precisamos escolher e comprar roupas para nos vestirmos, quais são os padrões, as normas, valores e princípios que usamos para tomar essa decisão?

Estará o leitor a pensar que irei denunciar as práticas mundanas de cobrir o corpo que melhor se designam como despir do que propriamente vestir? Não, nem por isso, ainda que sem dúvida isso seja um problema.

Pense antes no seguinte: que contexto emprega para essa escolha que sugeri? a) o que vestem os membros da sua igreja? b) o que vestem as pessoas da zona onde vive? c) talvez ainda o que for costume, hábito e prática no seu país?

Pense por exemplo se decide tomar como padrão o que se veste no seu país: irá basear-se nas normas dos bairros de lata, favelas e outras zonas de pobreza, ou nas zonas altas das grandes cidades? Com certeza é capaz de perceber que qualquer um daqueles critérios é extremamente volátil, inseguro e incerto.

Poderá então haver um critério de comportamento e decisão pelo qual julgar e decidir o que é o melhor, algo que não se muda conforme a direção do vento, que permaneça fielmente inabalável face à irredutível pressão de uma sociedade cujas regras mudam constantemente?

Há sim: você é um Adventista do Sétimo Dia! Então, vista-se, alimente-se, atue, trabalhe, estude, fale, pense, em resumo VIVA tendo por base esse nobre padrão e essa elevada norma!

O perigo que normalmente acontece é que quando esquecemos este divino propósito, acabamos por ceder a uma mundana cultura de exigência máxima, a qual nunca conseguimos satisfazer, nem tampouco, e principalmente, nos é requerida por Deus.

Pergunto: será que reclamamos para nós próprios aquilo que, nos outros, vemos ao nosso lado, e esquecemos aquilo que Deus poderá estar, na Sua imensa providência, a dirigir, em meio a aflição, humildade e privação?

Confesso que me irritam estas novas teorias (que mesmo entre nós se escutam) defendendo o supostamente elevado princípio que Deus não deseja que passemos necessidade, mas que sejamos prósperos.

Logo à partida, reparo que esta argumentação é sempre referida numa perspetiva material e nunca espiritual, o que já de si é, além de grave, demonstrador da real intenção: justificar como divinamente aprovado um comportamento que nos agrada.

Também errado, acredito, é a triste negação de um passado que muito custou a tantos dos nossos pioneiros. Leia-se a história da nossa igreja, e rapidamente encontraremos histórias de lutas e dificuldades, atravessadas fiel e destemidamente com os olhos postos no mundo porvir e não... no contexto do mundo em que viviam.

Perceba que não defendo um vida de miserabilismo e vitimização. Pelo contrário, Deus sugere e propõe uma vida plena - tão somente, plena das Suas bênçãos que, desgraçadamente, acabam tantas vezes por não encontrar em nós o acolhimento devido, pois estamos demasiado ocupados em corresponder ao padrão e às normas... do mundo.

Termino com a seguinte reflexão: será que o estilo de vida que hoje mantemos ou queremos manter, resultado das nossas escolhas, faz de nós verdadeiros Adventistas do Sétimo Dia, em essência e raiz, ou os nossos padrões e normas de condutas estão de tal forma reorientados que facilmente recebemos uma forte aprovação humana, mas que não tem fundamento na vontade divina...?

Fonte - O Tempo Final
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