O poder dos Estados Unidos no mundo é hoje muito menor do que em 2001, mas não há, ainda, um candidato claro à sucessão no lugar de superpotência global, disseram à Lusa dois analistas norte-americanos.
"Estamos muito mais fracos em 2011 do que em 2001. Pensem no que aconteceu em 2001: estávamos no auge dos nossos poderes, era o período unipolar, onde não havia adversários ou competidores significativos. E, ainda assim, um indivíduo criou uma organização não estatal e foi capaz de causar tantos estragos nos EUA. É impressionante", afirmou o co-diretor do Centro de Guerra Irregular e Grupos Armados da Escola Naval dos Estados Unidos, Marc Genest, em referência aos atentados de 11 de Setembro.
Andrew Wilson, também professor da Escola Naval, uma instituição pertencente às Forças Armadas norte-americanas, salientou à Lusa que, mesmo numa altura em que a economia da China tem crescido de forma exponencial, "exerce uma força gravitacional e não direcional" em termos internacionais, ou seja, não dá o exemplo em termos do chamado soft power, campo no qual os EUA ainda estão longe do resto do mundo.
Marc Genest lembrou que os Estados Unidos gastaram no Iraque e no Afeganistão "milhares de milhões que enfraqueceram a economia" e estenderam ao máximo as capacidades militares, enquanto o prestígio do país foi reduzido pela participação nestas duas guerras.
Porém, segundo Andrew Wilson, o soft power dos EUA ainda é "imenso", no sentido do quão atraente é a cultura daquele país, desde a maneira de vestir a produtos como o cinema ou a música. (...)
Fonte: Diário de Notícias (negritos meus para destaque)
No meio desta interessante constatação, há a realçar que embora os Estados Unidos da América tenham perdido alguma preponderância, ainda se mantém como a referência, o modelo mundial, e que nenhuma outra nação se posiciona minimamente para lhe retirar esse protagonismo. Os EUA são ainda a única superpotência mundial.
Paralelamente, surge a questão: será que este diminuir de posição poderá indicar que algum outro poder se lhe unirá para o fortalecer sob o ponto de vista de um reforço do consenso mundial, em relação à liderança americana, à escala global? Será que, usando uma palavra do entrevistado neste artigo, isto é um processo no qual passaremos de um poder "unipolar" para outro "bipolar", no qual as duas partes estarão em sintonia?
Eu penso que isso é bem possível...