Terça-feira, 11 de setembro de 2001. Era uma manhã comum de trabalho na redação da Casa Publicadora Brasileira. A rotina seguia seu curso: textos para revisar, matérias para escrever, decisões editoriais. Até que alguém gritou da sala de reuniões: “Venham ver isso aqui!” Quando entrei na sala, o relógio marcava nove horas e a TV estava ligada. A imagem que vi parecia a de um desses filmes apocalípticos hollywoodianos, mas o logotipo da emissora norte-americana CNN deixava claro que não se tratava de ficção. Uma das torres gêmeas do World Trade Center em Nova York estava pegando fogo! Assentei-me numa das cadeiras e fiquei sabendo, instantes depois, que um avião da American Airlines (voo 11) havia atingido o arranha-céu fazia poucos minutos. Nem os repórteres (muito menos nós, que estávamos ali naquela sala a mais de oito mil quilômetros de distância) sabiam exatamente o que estava acontecendo. Teria sido um terrível acidente? Às 9h03, com os olhos ainda grudados na tela da TV, tivemos certeza de que aquilo não se tratava de acidente: outro avião, agora da United Airlines (voo 175), acabava de atingir a torre sul. Em duas horas, tudo o que sobrou dos dois edifícios foi uma montanha de entulho e muita poeira. Meus colegas e eu emudecemos. As imagens eram dramáticas e as informações, escassas. Pairava no ar a sensação de que aquele dia mudaria os rumos da história em nosso planeta. E mudou.
Conforme ficamos sabendo depois, os atentados de 11 de setembro de 2001 foram, na verdade, uma série de ataques-suicidas coordenados pela organização terrorista Al Qaida. Na manhã daquela terça-feira, 19 terroristas sequestraram quatro aviões comerciais. Além dos dois que foram lançados contra as torres gêmeas, um atingiu o Pentágono, nos arredores de Washington, e o quarto deveria atingir a Casa Branca ou o Capitólio, não tivessem os passageiros se insurgido e tentado retomar o controle da aeronave, que acabou caindo num campo próximo de Shanksville, na Pensilvânia. O total de mortos nos ataques foi de quase três mil pessoas, incluindo os 19 sequestradores.
Confiando no “auxílio alienígena”
A resposta dos Estados Unidos não demorou muito e ficou conhecida como Guerra ao Terror. O país invadiu o Afeganistão para derrubar o Talibã, que abrigou os terroristas da Al Qaeda, e declarou guerra ao Iraque de Saddam Hussein, com a acusação falsa de que ali havia armas de destruição em massa. Essa ação militar imprópria (para dizer o mínimo) diluiu muito da simpatia mundial com a tragédia americana. Além disso, milhares de vidas e bilhões de dólares foram perdidos na empreitada – mesmo assim, o mundo aceitou tudo. O foco da nação mais poderosa do planeta se tornou a guerra contra o terrorismo e houve descuido em outras áreas, como a econômica. Resultado: o mundo entrou numa época de turbulência econômica sem precedentes e que já dura uma década.
Para o analista de sistemas Marco Dourado, de Curitiba, o crescimento da economia desde o pós-guerra incentivou o consumismo e, a partir dos anos 1980, emergiu uma geração de jovens moralmente insensíveis, agressivos e ávidos, obcecados por fazer fortuna a qualquer preço, preferencialmente antes de atingir os 30 anos de idade – os yuppies. A compulsão pelo ganho fabuloso e imediato encontrou sua melhor expressão no mercado de ações das empresas de novas tecnologias, as chamadas pontocom. “A farra durou até o fim do milênio, quando o estouro dessa bolha ameaçou lançar o mundo em gravíssima recessão. A solução, se é que pode ser assim chamada, foi baixar paulatinamente os juros dos papéis da dívida norte-americana para patamares impensáveis. Isso gerou outra bolha de especulação devido ao crédito fácil, sobretudo no mercado imobiliário. Esse crédito acabou sendo diluído cavilosamente para dentro de diversos setores da economia. Pessoas que estavam pagando hipotecas viáveis dentro de suas expectativas financeiras e profissionais refinanciavam suas dívidas passando a comprar imóveis duas e até três vezes mais caros que o valor da hipoteca inicial. A situação perdurou até 2008, quando essa nova bolha estourou”, avalia e relembra Dourado.
A “solução” do governo Obama? Aumentar o endividamento americano para além da ionosfera. “Como não existe dinheiro no planeta para desmontar essa bolha, os aficionados por ETs creem que apenas auxílio alienígena possa reverter o quadro”, brinca Dourado (embora saiba que o assunto é muito sério, conforme demonstra o gráfico comparativopublicado no site da revista Veja).
Medo e alienação
O que se espera para os Estados Unidos é o mesmo que aconteceu com o Japão: lenta decadência causada por endividamento, inflação e queda do PIB. “Os efeitos políticos e sociais desse cenário tendem a ser devastadores”, prevê Dourado. “Isso vai complicar em muito a política externa. Quando o pragmatismo desbanca a diplomacia, vale a lei do mais forte sem paliativos, sem concessões. Quando um peixe grande abaixa o padrão, os demais seguem na cola. Tendemos à década de 1930, substituindo o conflito ideológico pela agenda ambiental. Não faltarão atores laterais querendo se aproveitar para aumentar sua influência. O Vaticano já desponta nesse sentido. Alguns fatores agravantes (ex.: desastres naturais), se combinados, certamente acelerarão o quadro”, conclui.
O professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas Maurício Santoro também relaciona os atuais problemas econômicos com o 11/9: “Para evitar uma desaceleração econômica, naquela época o governo dos Estados Unidos reduziu os juros e estimulou o consumo da população. Com baixas taxas de retorno, a população começou a consumir e a procurar opções mais rentáveis de investimentos, como a Bolsa de Valores. Muitos compraram casas com financiamento a juros baixos, pegaram empréstimos colocando imóveis como garantia e foram investir em ações e consumir mais, alimentando o descontrole sobre as finanças pessoais e o sistema financeiro como um todo. Construíram um castelo de cartas que ruiu com a crise financeira de 2008.”
Mas os maus ventos não sopraram apenas contra a economia.
Em seu artigo “O fim da democracia norte-americana”, o jornalista e professor universitário Ruben Dargã Holdorf mostra que a mídia norte-americana mudou seus valores e que as práticas vigentes enfraquecem cada vez mais o perfil histórico dos Estados Unidos como nação defensora das liberdades de imprensa, expressão e consciência. Holdorf menciona pesquisa segundo a qual apenas 47% das pessoas leem algum jornal nos Estados Unidos. Além disso, “um americano médio investe somente 99 horas anuais na leitura de livros, enquanto torra 1.460 horas em frente a um televisor; e ridículos 11% são os leitores de jornal diário, cujos quadrinhos e classificados de carros usados se demonstram os prediletos”. Nesse cenário de medo e alienação, fica bem mais fácil para uma elite ditar os rumos da política.
“Tortura contra suspeitos de terrorismo”
Holdorf lembra que a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos garante que “o Congresso não fará nenhuma lei... que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa”. Mas, para ele, “algo de anormal” ocorre nos bastidores da mídia norte-americana, e isso vem enfraquecendo um sólido fundamento de mais de 200 anos. “A rivalidade entre o governo e a imprensa se iniciou logo após os atentados de 11/9, quando a conselheira nacional de Segurança, Condoleezza Rice, solicitou à imprensa nacional evitar qualquer notícia prejudicial à ordem no país. Os chefes de redação Ron Gutting e Dan Guthrie, dos jornais City Sun e Daily Courier, respectivamente, ousaram cumprir a Primeira Emenda e criticar o presidente. Amargaram a demissão. Configurava-se aí o princípio da derrocada da Primeira Emenda e o primeiro abalo contra a democracia”, lembra o jornalista.
Para Holdorf, outro fator que atenta contra a diversidade de pensamento é o monopólio da informação. “Quando as comunicações se aglutinam sob o comando e orientação de poucos ou somente uma empresa jornalística, ocorre o risco da manipulação. Os Estados Unidos têm hoje apenas seis grandes empresas de comunicação. E já foram cerca de mil. O número de cidades norte-americanas com pelo menos dois jornais concorrentes é de reduzidos 34 locais”, contabiliza.
Em seu artigo, Holdorf cita estudiosos segundo os quais a morte da democracia na América começa a partir do momento em que os Estados Unidos justificaram ataques militares e invasões a países suspeitos de terrorismo [em seu artigo “Um messias judaico-americano”, o jornalista e doutor em teologia Vanderlei Dorneles sustenta que, provavelmente, a motivação maior dessa guerra e da própria política imperialista norte-americana seja algo que foi tratado apenas superficialmente pelos meios de comunicação no Brasil – uma “utopia” religiosa, entesourada na crença evangélica americana] Após destronarem a democracia, surgiu um Estado fascista e teocrático. E quase ninguém parece se importar, pois talvez não se dê conta de onde isso pode terminar.
Segundo matéria publicada na revista Superinteressante de setembro, para combater o terrorismo (ou com essa justificativa), “os Estados Unidos tomaram medidas radicais. O governo passou a grampear secretamente e-mails e telefonemas da população. Criou cadeias à margem da lei (como a de Guantánamo, que não obedece às regras jurídicas do país) e usou tortura contra suspeitos de terrorismo – que podem ser presos por tempo indeterminado, mesmo sem provas ou sequer uma acusação concreta. Por tudo isso, há quem diga que os Estados Unidos se tornaram um Estado policial”.
“Combatentes inimigos ilegais”
A crescente apatia política do povo norte-americano está abrindo as portas para as ações da Nova Direita, maior movimento religioso dos Estados Unidos, simpatizante do Partido Republicano e que defende a união do Estado com a Igreja. Inclusive, a pré-candidata republicana Michele Bachmannchegou a afirmar que o terremoto e o furacão Irene (que atingiram estados americanos em agosto deste ano) teriam sido provocados por Deus para chamar atenção sobre os problemas da nação. Estariam esses políticos sugerindo o retorno à fé como solução para esses problemas? Mas o retorno a que tipo de fé?
Holdorf aponta a consequência dessa mistura entre política e religião: “Se a condição laica de Estado ruir, com certeza a liberdade de imprensa será a próxima vítima desse poder autoritário” e, “caso essa configuração continue tomando forma, a previsão quanto aos destinos do planeta nas próximas décadas não é nem um pouco otimista. Ao contrário do que se projeta, a ruína da imprensa vai desencadear uma série de fatos que podem conduzir as principais democracias do Ocidente a sua derrocada e ao retrocesso a uma nova `Idade Média´.”
Na opinião do teólogo e blogueiro Sérgio Santeli, de São Paulo, algumas liberdades civis foram atropeladas depois do 11/9. Com a aprovação da Lei Patriótica (Patriot Act), o governo americano passou a ter o direito de investigar qualquer cidadão norte-americano ou estrangeiro que resida nos Estados Unidos, sem necessidade de ordem judicial – basta desconfiarem que alguém esteja ajudando os terroristas. “Quem garante que os `inimigos políticos´ (ou religiosos) do governo não serão colocados no mesmo barco?”, pergunta Santeli.
Ele lembra que, em 2006, foi aprovado também o Ato das Comissões Militares, que dá ao presidente norte-americano autoridade para instituir tribunais militares à parte do sistema judicial, com o propósito de julgar “combatentes inimigos ilegais”. Detalhe: qualquer cidadão americano pode então ser considerado “combatente inimigo ilegal”.
Como gostam “Bauer” e “Batman”
Para o criador do blog Minuto Profético, o 11/9 antecipou a chegada do quadro profético de Apocalipse 13:15-17, segundo o qual os “combatentes inimigos ilegais” do governo norte-americano não poderão comprar nem vender se não tiverem o sinal da besta [em janeiro de 2001, na revista Sinais dos Tempos, o teólogo e jornalista Marcos De Benedicto explicou: “Apocalipse 13 descreve dois poderes, os quais seu autor chama de ‘bestas’ ou ‘monstros’, que vão dominar o cenário mundial no fim dos tempos e perseguir as minorias que discordarem de sua política global. O primeiro desses poderes seria o Vaticano (que tomou o lugar da antiga Roma), e o segundo os Estados Unidos (a nova Roma). Um poder é religioso-político e o outro político-religioso. Como o Vaticano tem influência moral, mas não poder militar, os Estados Unidos emprestariam sua autoridade para a cúpula da Santa Sé levar seus planos adiante”. “O evento também mostrou claramente que, diante de uma tragédia de grandes proporções, as pessoas abrem mão de sua liberdade em troca da promessa de segurança”, avalia o teólogo. “A pergunta é: Não poderia também a lei dominical ser imposta em outro futuro cenário de uma tragédia de grandes proporções, quando a segurança mais uma vez fosse trocada pela liberdade?” Ensaios para essa leijá estão sendo feitos na Europa...
Embora existam muitas teorias conspiratórias relacionadas ao 11/9, algumas parecem ter um fundo de verdade. Para Santeli, o atentado teria sido um evento “falsa bandeira” com o propósito de criar leis para subtrair liberdades civis dos americanos e criar um pretexto para atacar países não alinhados com Washington. “O status quo é mantido pela submissão a uma sociedade e a seus valores. A submissão requer uma causa; uma causa requer um inimigo. O que mudou depois do 11/9 foi a definição de inimigo. Antes eram os comunistas, agora são os `terroristas´ e os `combatentes inimigos ilegais´. Ao mudar o inimigo, muda-se a causa pela qual lutar, mas a submissão ainda permanece e o status quo continua”, conclui Santeli.
Como a arte imita a vida e dela se alimenta, não faltam exemplos de produções cinematográficas e televisivas que, de certa forma, reproduzem a sombra que paira sobre nossa cabeça. Dois exemplos entre muitos: em O Cavaleiro das Trevas, o personagem Batman vai a Hong Kong atrás de um criminoso, captura o bandido e o leva de volta a Gotham (Nova York?) sem dar satisfação a ninguém. Jack Bauer, da série de TV 24 Horas, é um agente do governo que não se submete a leis internacionais ou a acordos bilaterais entre países. Ele faz o que julga ser necessário para “fazer justiça”.
Para o blogueiro português Filipe Reis, em lugar de o ataque ao território americano em 2001 abalar a grande nação norte-americana, tornou-a, na verdade, mais dominadora, seja de forma visível (agora, os americanos invadem qualquer nação sem ser objeto de grandes críticas, pelo menos no Ocidente) ou camuflada (diversas leis e projetos de lei têm sido elaborados para condicionar liberdades). “É engraçado verificar que aqui na Europa, em meio a países profundamente afetados pela crise, os governantes parecem mais concentrados nos esforços para manter a união que supostamente existe entre as nações e se esquecem um pouco dos Estados Unidos”, diz Filipe. É assim que “Bauer” e “Batman” gostam...
Fundamentalistas islâmicos
Além da atuação externa da superpotência do norte, deve-se considerar também o que vem acontecendo internamente por lá – ao lado do que já vimos sobre o controle da mídia e o descontrole da economia. Segundo matéria publicada no Último Segundo, do portal iG, “nas últimas semanas, menções negativas ao islamismo foram feitas por Newt Gingrich, Michele Bachmann, Herman Cain e Mitt Romney, os quatro principais concorrentes à nomeação republicana para a disputa contra o atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Obama. Cain, por exemplo, disse publicamente que jamais consideraria contratar um muçulmano como parte da sua equipe. Dias depois, foi elogiado e defendido por Gingrich, que comparou os muçulmanos aos nazistas”.
Segundo Sherman Jackson, professor de estudos islâmicos da Universidade de Michigan, citado na matéria, a atual crise econômica americana dá combustível aos movimentos conservadores nos Estados Unidos, que tendem a criticar e oprimir as minorias, incluindo os muçulmanos. De 2010 para cá, pelo menos dois estados norte-americanos, Oklahoma e Tennessee, aprovaram medidas constitucionais para banir o uso das regras islâmicas nos tribunais americanos.
É bom lembrar, também, que, antes de 11/9, ateus militantes como Dawkins, Hitchens e Harris quase não tinham espaço na mídia. Mark Juergensmeyer, em seu livro Terror in the Mind of God, defende a ideia de que a religião naturalmente induz à violência. Livros com esse tipo de conteúdo e ações da militância neoateísta eram raros antes de 2001. Mas, de lá para cá, esse tipo de discurso se tornou comum e surge justamente nesse mar revoltoso contra as religiões (não apenas o Islã).
A atitude e os métodos da Al Qaida são deploráveis, não resta dúvida. Mas, quando analisamos a teologia e as ideologias de seus aderentes, algumas coisas chamam a atenção: (1) existe aversão ao materialismo e ao secularismo da cultura ocidental, (2) a condenação da sensualidade e da imoralidade, (3) um sentimento contrário ao Vaticano e aos Estados Unidos, e (4) o temor de uma possível união entre esses dois poderes. Se nos lembrarmos de que muçulmanos não comercializam bebidas alcoólicas, vestem-se com modéstia e não comem carne de porco, certamente um grupo de cristãos virá à mente e será mais fácil antever a oposição que se levantará contra ele – à primeira vista, ele se parece muito com um inimigo em comum para boa parte do mundo ocidental (os fundamentalistas islâmicos), embora nada tenha que ver com seus métodos e propósitos.
O cordeiro e o dragão
Em matéria especial sobre os dez anos do 11 de setembro, a revista Veja do dia 7 de setembro abre assim o texto: “Momentos históricos decisivos ocorrem por uma combinação de fatores – mudanças demográficas, decisões políticas e econômicas e desastres naturais, por exemplo podem confluir para que uma sociedade siga por um novo rumo.” Isso me faz lembrar as palavras de Ellen White, no livro Eventos Finais: “As calamidades em terra e mar, as condições sociais agitadas, os rumores de guerra são assombrosos. Prenunciam a proximidade de acontecimentos da maior importância. [...] Grandes mudanças estão prestes a ocorrer no mundo, e os acontecimentos finais serão rápidos” (p. 9).
Veja também dá sua definição de “fundamentalismo”: “Assim como outras formas de radicalismo religioso, ele [o fundamentalismo] exige que se viva sob uma interpretação literal e, portanto, originalmente ‘pura’ dos textos sagrados.” Se nos lembrarmos de que, em 2001, um mês antes dos atentados do dia 11 de setembro, a revista Galileu chamou os criacionistas de “fundamentalistas” e que, em 8 de fevereiro de 2006, a revista Veja afirmou que a “tese” bíblica de que Deus criou todos os seres vivos é “treva”, poderemos concluir que a definição geral de “fundamentalismo” abarca outros grupos religiosos, especialmente aqueles que aceitam a literalidade do relato de Gênesis, a semana literal da criação e a observância do sábado bíblico como memorial dessa criação literal. Diferentemente dos radicais islâmicos, esses cristãos são um grupo pacífico. Mas alguém está interessado em conhecer a diferença?
Então, ponha no liquidificar a crise econômica, a apatia política dos norte-americanos, o cerceamento das liberdades individuais, a mídia amordaçada, o fortalecimento de grupos que torcem pela funesta união entre Igreja e Estado e a aversão pelas minorias consideradas “fundamentalistas”, e tente imaginar no que vai dar essa receita...
Na opinião da escritora especialista em temas religiosos Karen Armstrong, expressa no primeiro capítulo de seu livro Em Nome de Deus, “fundamentalistas cristãos rejeitam as descobertas da biologia e da física sobre as origens da vida e afirmam que o livro do Gênesis é cientificamente exato em todos os detalhes”. Não é mais ou menos isso o que os criacionistas defendem? Não é mais ou menos nisso que creem os guardadores do sábado, mais especificamente [“Como os americanos considerarão alguma denominação religiosa que, sediada em Washington, afirma que os Estados Unidos são a segunda besta do Apocalipse? Esse conceito não é bastante parecido com a ideia que os islâmicos mantêm acerca de Tio Sam? O livro O Grande Conflito, de Ellen White, afirma claramente a identidade dos Estados Unidos com a segunda besta do Apocalipse, na página 584. Esse livro revela, apoiado nas palavras do apóstolo Paulo, em 2 Tessalonicenses 2, que o próprio Satanás imitará a vinda de Cristo, e receberá o culto dos seres humanos. Ele se manifestará com certa medida de glória e procurará recomendar seu reino a todos os seres humanos (ver O Grande Conflito, p. 593, 629). Diz ainda que, `quando a proteção das leis humanas for retirada dos que honram a lei de Deus, haverá, nos diferentes países, um movimento simultâneo com o fim de destruí-los. [...] Resolver-se-á dar em uma noite um golpe decisivo, que faça silenciar por completo a voz de dissentimento e reprovação´ (ibid, p. 635). Essas predições indicam que a intolerância da `besta´ chegará ao ponto de pretender silenciar mesmo aqueles que manifestam reprovação e discordância só por sua voz” (Vanderlei Dorneles, artigo citado)]?
O mundo está mudando rapidamente e logo, como nunca antes visto neste planeta, o cordeiro falará como dragão.
Fonte - Observatório da Imprensa