Lançado em 2010, o sistema de identidade única (UID) promete ajudar os mais pobres e servir de modelo para outros países
Para um país que não cumpre os seus desafios mais básicos, como alimentar seus famintos, investir em saneamento básico e construir estradas, parece incrível que a Índia tenha construído tão rapidamente o maior e mais avançado banco biométrico de identidades pessoais do mundo. Lançado em 2010, sobre a supervisão de um genial ex-magnata, Nandan Nilekani, a “identidade única” (UID) é um esquema para a implantação de um sistema confiável com números de identidades que não podem ser copiados, baseados em dados biométricos e outras informações.
Qualquer residente que queira uma identidade biométrica pode ser um voluntário. O sistema combina o trabalho dos governos federal e estadual, além de uma série de outras empresas parceiras – de onde vem, em grande parte, a tecnologia para capturar e processar os dados dos indivíduos. De acordo com o deputado Nilekani, o objetivo é ajudar a Índia em sua investida para melhorar serviços públicos após a maior e mais rápida expansão de serviços sociais da história do país, na última década: “É um sistema essencialmente para a melhoria dos serviços públicos”, disse o deputado.
A ideia tinha tudo para ser uma receita para um projeto atolado em atrasos, brigas internas, construção de impérios e resultados desastrosos. O UID parecia ter metas ambiciosas. Um ano atrás, alguns milhões estavam inscritos e cerca de 1 milhão de números de identidades tinham sido emitidos. Avisos sobre a tecnologia frágil, processamento de dados sobrecarregado e centros com custos cada vez maiores, sugeriam um progresso lento.
Semana passada, o UID atingiu o número de 110 milhões de identidades emitidas. As inscrições – que precedem os números emitidos por alguns meses – deve chegar a 200 milhões em algumas semanas. Nilekani, mostra entusiasmado em seu laptop os dados do sistema. De acordo com o deputado, 20 milhões de pessoas devem assinar o registro a cada mês, e a expectativa é chegar a 400 milhões até o final do ano.
O resultado é surpreendente. Para um governo que tem concluído quase nada desde a sua reeleição em maio de 2009, o esquema está emergindo como um exemplo de progresso real. Em 2014, a provável data da próxima eleição geral, mais da metade de toda a população indiana deve ter se cadastrado no UID. Se o bem-estar também começar a fluir, as consequências para os eleitores podem ser profundas.
Fonte - Opinião e Notícia
Nota DDP: Impressiona o caráter voluntário com que as pessoas estão sendo "carimbadas". Há um mote considerável (ajudar os menos favorecidos) e a pretensão de servir de modelo. Em pouco tempo, pela própria iniciativa do cidadão comum, repita-se, será viável não se poder "comprar ou vender", sem que se esteja alinhado ao sistema vigente.