Confirmando a formalidade, Mitt Romney cumprimentou dezenas de republicanos e subiu ao palco do centro de convenção de Tampa, na Flórida, para, ainda sob intensos aplausos, gritos e assobios, dizer o que todos os presentes ao último dia da convenção republicana de 2012 esperavam: “Obrigado. Eu aceito a nomeação a candidato à presidência dos Estados Unidos.” Mas como política não é uma mera formalidade, Romney tratou de despachar um discurso completo, coeso, dedicado, no qual repassou a emoção transmitida por sua mulher, Ann; a herança de liderança mundial relembrada por John McCain e por Condoleezza Rice; e o plano econômico e as críticas a Obama de Paul Ryan, seu candidato a vice. Sob o logo “Nós acreditamos nos Estados Unidos”, Romney fez um discurso da necessidade do retorno da crença na prosperidade americana. “É hora de restaurar a promessa dos Estados Unidos”, uma promessa de “liberdade, liberdade religiosa, liberdade de vida - e liberdade de negócios.”
A essa liberdade mítica que permitiu a formação do homem americano (“Eu sou americano. Eu faço meu destino”), Romney constantemente contrapôs o governo Obama. Diferentemente de Ryan, que atacou o presidente democrata sobretudo por meio dos gastos federais, Romney adotou a ofensiva contra seu perfil e suas promessas.
“Esse presidente pode dizer que os próximos anos serão melhores, mas não pode dizer que hoje é melhor que em 2008”, disse, enfatizando a perda de esperança em um “futuro melhor” para os Estados Unidos. “Há algo de errado com Obama quando o melhor dia dele foi o dia em que você votou nele”, disparou sobre o histórico dia em que o primeiro presidente negro foi eleito ao maior cargo da política norte-americana e com a carga das promessas do mote “Yes, we can” (“Sim, nós podemos”). “Obama prometeu baixar o nível dos oceanos e curar o planeta. Minha promessa é ajudar você e sua família”, ironizou.
Mas ao mesmo tempo em que preconiza um governo voltado essencialmente à economia (“O que os Estados Unidos precisam é simples: empregos. Muitos empregos.”), Romney limpa, pole e pinta a moldura da grandeza americana no mundo. “Quando o mundo precisa de alguém para fazer algo realmente grandioso, você precisa de um americano.”
O republicano falou sobre o Irã. “Ele conversou e ainda está conversando”, disse sobre Obama e sua política de diálogo e não intervenção contra Teerã e seu projeto atômico, visto pelas alas mais conservadoras republicanas como um claro pretexto para o desenvolvimento de um arsenal nuclear. Romney também criticou a postura flexível de Obama com a Rússia. “Na minha administração, (Vladimir) Putin verá menos flexibilidade”, disse sobre o presidente russo.
Mas o tour da retórica internacional sempre retornava à política doméstica, que é a política econômica. “Negócios e criação de empregos requerem riscos. É sobre riscos”, ensinou o empresário candidato, criticando a falta de experiência empresarial do democrata. “Diferentemente de Obama, não aumentarei os impostos da classe média. Diferentemente do presidente, eu tenho um plano para criar 12 milhões de novos empregos”, falou, em referência ao plano anunciado ontem por Ryan. [...]
(Terra)
Nota Michelson Borges: É bom acompanhar de perto o discurso de Romney – mórmon, portanto, defensor do domingo, conservador e nacionalista.