A Coreia do Norte acusou nesta segunda-feira o governo dos Estados Unidos de estar por trás da produção do filme A Entrevista e ameaçou atacar "as cidadelas imperialistas" do país, como a Casa Branca e o Pentágono.
"O Exército e o povo da RPDC (Coreia do Norte) estão completamente preparados para um confronto com os EUA em todos os espaços de guerra, incluindo a cibernética para atacar essas cidadelas. (...) Nosso mais duro contra-ataque será dirigido à Casa Branca, ao Pentágono e a todo o território continental dos Estados Unidos", afirmou o regime do ditador Kim Jong-un em comunicado publicado em inglês pela agência estatal KCNA.
No mesmo texto, o regime comunista reiterou que não tem nada a ver com o ciberataque contra a Sony, que produziu o filme, e demonstrou irritação com as acusações. O regime, no entanto, voltou a saudar os hackers que invadiram a rede do estúdio e vazaram centenas de dados. "Temos em alta estima essa ação justa."
Em outro trecho, o governo norte-coreano comemorou a decisão da Sony de suspender a estreia do filme, que classificou como "reacionário", e acusou o governo de Barack Obama de participação na produção da película. "Os EUA fazem chamados para combater o terrorismo no mundo, mas planejam atrás das cortinas a produção e distribuição de filmes que incitam a prática em vários países do mundo", disse o texto.
A Coreia do Norte tem um longo histórico de uso de retórica ameaçadora durante escaladas de tensão com os EUA, e já fez ameaças parecidas no passado. Analistas apontam que o comunicado distribuído nesta segunda também foi produzido para o consumo interno no Estado totalitário e tenta obscurecer as recriminações internacionais que o regime enfrenta pela acusação de envolvimento no ciberataque.
Lista negra – A retórica irada da Coreia do Norte ocorre logo depois dos EUA terem acusado oficialmente o país e afirmado que consideram voltar a incluir o regime de Kim na lista de países patrocinadores do terrorismo. A inclusão nessa lista negra pode provocar restrições em ajuda externa, a proibição das exportações e as vendas da área de defesa, controles sobre certas exportações e diversos impedimentos financeiros e de outro tipo. Em entrevista à rede CNN, Obama não considerou que o ataque contra a Sony Pictures tenha sido um 'ato de guerra', mas de 'cibervandalismo', ao qual os EUA responderão.
O estúdio entrou na mira do regime por causa da produção de A Entrevista, uma comédia que retrata um complô para matar o ditador Kim Jong-un.
Após o ciberataque, hackers advertiram que atacariam os cinemas que projetassem o filme, o que provocou uma retirada em massa de cartaz do filme e finalmente o cancelamento de sua estreia que estava prevista para 25 de dezembro. O caso provocou intensas discussões nos EUA e a Sony, junto com as grandes redes de cinema do país, foram criticadas por ceder a uma chantagem contra a liberdade de expressão.