A mensagem central do livro do apocalipse
encontra-se nos capítulos 12-14. No capítulo 13 João teve uma visão dos dois
poderes protagonistas do tempo do fim que seriam usados pelo “dragão, a antiga
serpente que se chama Diabo e Satanás” (12:9)
para dominar a consciência das pessoas levando-as a aceitar a religião de
mistérios da Babilônia, cujo centro é a adoração luciferiana.
O primeiro poder que emerge do mar é descrito como
“uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças... era semelhante a leopardo,
com pés como de urso e boca como de leão.” (13:1 e 2). Besta ou fera selvagem é o símbolo profético que sempre
se refere a um poder que além de político também é religioso. Essa besta
incorpora elementos dos quatro animais da visão de Daniel 7 demonstrando
estarem as duas visões relacionadas. Portanto, a besta que surge do mar - lugar
densamente povoado já que águas é um símbolo para “povos, multidões, nações e
línguas” (Ap 17:15) – refere-se ao
mesmo poder político-religioso de Daniel 7, onde é representado pelo chifre pequeno do “animal terrível,
espantoso e sobremodo forte” (Dn 7:7 e 8).
Outra semelhança profética entre ambos que demonstra tratar-se do mesmo poder é
visto na seguinte comparação:
Chifre pequeno: “Uma boca que falava com insolência
[LXX, megála]”. (Dn 7:8)
Besta do mar: “Proferia arrogâncias [do grego, megála] e blasfêmias” (Ap 13:5).
Todas essas referências apontam para um único poder:
Roma papal.
“O papa é de tão grande dignidade e excelência, que
não é meramente homem, mas como se fosse Deus, e é o vigário de Deus. Só o papa
é chamado santíssimo... monarca divino, supremo imperador, e rei de reis...”. (Ferraris’ Ecclesiastical Dictionary).
“Nós ocupamos na Terra o
lugar de Deus Todo-Poderoso”. (Leão XIII,
1878-1903).
“E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e
grande autoridade” (13:2). Uma clara
contrafação do reino de Deus, onde a adoração é dirigida exclusivamente ao
Cordeiro que foi morto: “Àquele que está sentado no trono a ao Cordeiro, seja o
louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos”. (Ap 5:12 e 13). Por sinal, esse é o tema
central do apocalipse. Só nos capítulos 13 e 14, o verbo “adorar” ou o
substantivo “adoração” são mencionados oito vezes (13:4,8,12 e 15; 14;7 e 9). Quando Deus quer destacar algo em sua
Palavra, Ele faz uso do recurso da repetição. No grande conflito entre o bem e
o mal, a adoração é o ponto central. É por isso que a profecia antecipou que
esse poder político-religioso receberia adoração daqueles “cujos nomes não
foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro” (13:8).
A adoração é uma ação humana que envolve quatro
dimensões:
Reverenciar Amar
Imitar Obedecer
Roma papal teria “autoridade para agir quarenta e
dois meses”. (13:5). Quarenta e dois
meses de trinta dias cada um dá o total de 1.260 dias proféticos. Cada dia
profético representa um ano literal (Ez
4:7; Nm 14:34). Logo, os
“quarenta e dois meses” representam 1.260 anos de supremacia papal e foram
anunciados de diferentes formas na profecia bíblica:
Esse período de supremacia papal começou em 538 d.C.
quando o imperador romano oriental (sede em Constantinopla) Justiniano decretou
que o bispo de Roma seria o primaz de toda a cristandade, e seu general
Belisário derrotou o último dos três reinos arianos – os Ostrogodos (Dn 7:24) – que fazia oposição a Roma.
Durante esse período de supremacia, “foi-lhe dado
também, que pelejasse contra os santos e os vencesse” (Ap 13:7). É amplamente de conhecimento público a história das
Inquisições na Idade Média, onde a Igreja Romana perseguia, torturava e matava todos
aqueles que insistissem em seguir as Escrituras Sagradas guiados pelo Espírito
Santo e não pela Tradição Romana. “A
doutrina de que Deus confiara à Igreja o direito de reger a consciência e de
definir e punir a heresia, é um dos erros papais mais profundamente
arraigados”. EGW, O Grande Conflito, p. 293. Foram alvo da fúria de
Roma, entre outros, os valdenses, os albigenses e os huguenotes. Alguns
instrumentos de tortura usados nessa época podem ser observados nas imagens:
Por outro lado, o texto profético apontava o fim da
supremacia papal: “Vi uma de suas cabeças como golpeada de morte” (Ap 13:3). Isso ocorreu após a Revolução
Francesa: “Em 1796, tropas da República Francesa sob o comando de Napoleão
Bonaparte invadiram a Itália, derrotaram o exército papal e ocuparam [as
comunas de] Ancona e Loreto... Em 28 de dezembro de 1797, em um motim realizado
pelas forças papais contra alguns revolucionários italianos e franceses, o
popular brigadeiro-general Mathurin Léonard Duphot, que havia ido a Roma com José
Bonaparte como parte da embaixada francesa, foi morto, surgindo assim um
novo pretexto para invasão. Então, o General Louis Alexandre Berthier marchou
para Roma sem oposição em 10 de fevereiro de 1798 e
proclamou a República Romana, exigindo do papa a renúncia de seus poderes
temporais”. (Wikipédia - Papa
Pio VI).
Há um fato histórico que contribuiu para que Roma
fosse conquistada sem maiores dificuldades pelas tropas de Napoleão. Desde
meados do séc. XVIII, os governos de vários países começaram a pressionar a
Igreja Romana por causa da intromissão dos jesuítas em assuntos de política interna
de cada Estado. “A pressão continuou até ao ponto dos países ameaçarem romper
com a Igreja. Clemente XIV finalmente rendeu-se em nome da paz da Igreja, e para
evitar a ruptura na Europa, dissolveu a Ordem dos Jesuítas [a tropa de choque
da Igreja Romana] em 21 de julho de 1773, através da bula Dominus ac Redemptor”. (Wikipédia - Dominus
ac Redemptor).
538 d.C. ----------------------------------------------- 1798 d.C.
1.260 anos de supremacia papal