sábado, 8 de agosto de 2015

A Besta do mar - Parte 1

A mensagem central do livro do apocalipse encontra-se nos capítulos 12-14. No capítulo 13 João teve uma visão dos dois poderes protagonistas do tempo do fim que seriam usados pelo “dragão, a antiga serpente que se chama Diabo e Satanás” (12:9) para dominar a consciência das pessoas levando-as a aceitar a religião de mistérios da Babilônia, cujo centro é a adoração luciferiana.



O primeiro poder que emerge do mar é descrito como “uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças... era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão.” (13:1 e 2). Besta ou fera selvagem é o símbolo profético que sempre se refere a um poder que além de político também é religioso. Essa besta incorpora elementos dos quatro animais da visão de Daniel 7 demonstrando estarem as duas visões relacionadas. Portanto, a besta que surge do mar - lugar densamente povoado já que águas é um símbolo para “povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17:15) – refere-se ao mesmo poder político-religioso de Daniel 7, onde é representado  pelo chifre pequeno do “animal terrível, espantoso e sobremodo forte” (Dn 7:7 e 8). Outra semelhança profética entre ambos que demonstra tratar-se do mesmo poder é visto na seguinte comparação:



Chifre pequeno: “Uma boca que falava com insolência [LXX, megála]”. (Dn 7:8)



Besta do mar: “Proferia arrogâncias [do grego, megála] e blasfêmias” (Ap 13:5).



Todas essas referências apontam para um único poder: Roma papal.



“O papa é de tão grande dignidade e excelência, que não é meramente homem, mas como se fosse Deus, e é o vigário de Deus. Só o papa é chamado santíssimo... monarca divino, supremo imperador, e rei de reis...”. (Ferraris’ Ecclesiastical Dictionary).



“Nós ocupamos na Terra o lugar de Deus Todo-Poderoso”. (Leão XIII, 1878-1903).



“E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade” (13:2). Uma clara contrafação do reino de Deus, onde a adoração é dirigida exclusivamente ao Cordeiro que foi morto: “Àquele que está sentado no trono a ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos”. (Ap 5:12 e 13). Por sinal, esse é o tema central do apocalipse. Só nos capítulos 13 e 14, o verbo “adorar” ou o substantivo “adoração” são mencionados oito vezes (13:4,8,12 e 15; 14;7 e 9). Quando Deus quer destacar algo em sua Palavra, Ele faz uso do recurso da repetição. No grande conflito entre o bem e o mal, a adoração é o ponto central. É por isso que a profecia antecipou que esse poder político-religioso receberia adoração daqueles “cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro” (13:8).



A adoração é uma ação humana que envolve quatro dimensões:

Reverenciar                 Amar

Imitar                           Obedecer



Roma papal teria “autoridade para agir quarenta e dois meses”. (13:5). Quarenta e dois meses de trinta dias cada um dá o total de 1.260 dias proféticos. Cada dia profético representa um ano literal (Ez 4:7; Nm 14:34). Logo, os “quarenta e dois meses” representam 1.260 anos de supremacia papal e foram anunciados de diferentes formas na profecia bíblica:






Esse período de supremacia papal começou em 538 d.C. quando o imperador romano oriental (sede em Constantinopla) Justiniano decretou que o bispo de Roma seria o primaz de toda a cristandade, e seu general Belisário derrotou o último dos três reinos arianos – os Ostrogodos (Dn 7:24) que fazia oposição a Roma.




Durante esse período de supremacia, “foi-lhe dado também, que pelejasse contra os santos e os vencesse” (Ap 13:7). É amplamente de conhecimento público a história das Inquisições na Idade Média, onde a Igreja Romana perseguia, torturava e matava todos aqueles que insistissem em seguir as Escrituras Sagradas guiados pelo Espírito Santo e não pela Tradição Romana. “A doutrina de que Deus confiara à Igreja o direito de reger a consciência e de definir e punir a heresia, é um dos erros papais mais profundamente arraigados”. EGW, O Grande Conflito, p. 293. Foram alvo da fúria de Roma, entre outros, os valdenses, os albigenses e os huguenotes. Alguns instrumentos de tortura usados nessa época podem ser observados nas imagens:




Por outro lado, o texto profético apontava o fim da supremacia papal: “Vi uma de suas cabeças como golpeada de morte” (Ap 13:3). Isso ocorreu após a Revolução Francesa: “Em 1796, tropas da República Francesa sob o comando de Napoleão Bonaparte invadiram a Itália, derrotaram o exército papal e ocuparam [as comunas de] Ancona e Loreto... Em 28 de dezembro de 1797, em um motim realizado pelas forças papais contra alguns revolucionários italianos e franceses, o popular brigadeiro-general Mathurin Léonard Duphot, que havia ido a Roma com José Bonaparte como parte da embaixada francesa, foi morto, surgindo assim um novo pretexto para invasão. Então, o General Louis Alexandre Berthier marchou para Roma sem oposição em 10 de fevereiro de 1798 e proclamou a República Romana, exigindo do papa a renúncia de seus poderes temporais”. (Wikipédia - Papa Pio VI).






Há um fato histórico que contribuiu para que Roma fosse conquistada sem maiores dificuldades pelas tropas de Napoleão. Desde meados do séc. XVIII, os governos de vários países começaram a pressionar a Igreja Romana por causa da intromissão dos jesuítas em assuntos de política interna de cada Estado. “A pressão continuou até ao ponto dos países ameaçarem romper com a Igreja. Clemente XIV finalmente rendeu-se em nome da paz da Igreja, e para evitar a ruptura na Europa, dissolveu a Ordem dos Jesuítas [a tropa de choque da Igreja Romana] em 21 de julho de 1773, através da bula Dominus ac Redemptor”. (Wikipédia - Dominus ac Redemptor).



                 538 d.C. ----------------------------------------------- 1798 d.C.


                                      1.260 anos de supremacia papal



Related Posts with Thumbnails