Istambul, Turquia, 29 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco encontrou-se hoje com o patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, para uma oração ecuménica em Istambul que encerrou o segundo dia da viagem pontifícia à Turquia.
“[André e Pedro] Eram irmãos de sangue, mas o encontro com Cristo transformou-os em irmãos na fé e na caridade. E nesta noite jubilosa, nesta oração de vigília, quero sobretudo dizer: irmãos na esperança”, disse, durante a cerimónia na igreja de São Jorge, sede do Patriarcado Ecuménico.
O Papa foi acolhido ao som dos sinos do templo e uniu-se a Bartolomeu na oração pela unidade das duas Igrejas, recitando o Pai-nosso e abençoando a assembleia.
“Que grande graça – e que grande responsabilidade – poder caminhar juntos nesta esperança, sustentados pela intercessão dos Santos irmãos Apóstolos André e Pedro! E saber que esta esperança comum não desilude”, referiu o pontífice argentino.
O Papa, bispo de Roma, é o sucessor de Pedro; Santo André é o patrono do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, sediado no antigo bairro grego de Istambul, o Fanar.
“Venerado e querido Irmão Bartolomeu, ao mesmo tempo que lhe exprimo o meu sincero «obrigado» pelo seu acolhimento fraterno, sinto que a nossa alegria é maior porque a fonte está mais além, não está em nós”, afirmou Francisco.
O Papa agradeceu a Deus pela oportunidade de rezar com Bartolomeu na véspera da festa de Santo André, pedindo “ a paz e a alegria que o mundo não pode dar, mas que o Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos e lha deu como Ressuscitado, no poder do Espírito Santo”.
Depois de Bento XVI, em 2006, Francisco acedeu ao convite de celebrar na Turquia esta festa, na qual habitualmente o Papa se faz representar por uma delegação.
Ortodoxos e católicos encontram-se divididos desde o Cisma do Oriente, em 1054, data em que trocaram excomunhões o Papa Leão IX e o patriarca de Constantinopla Miguel Cerulario; as excomunhões foram levantadas em 1965, mas ortodoxos e católicos não recuperaram ainda a unidade plena.
Bartolomeu, que foi ao Vaticano para a cerimónia de início de pontificado de Francisco, um gesto inédito desde o Cisma, assinalou que o Papa “preside na caridade” e elogiou a vontade do atual bispo de Roma de manter um diálogo “fraterno e estável” com a Igreja Ortodoxa, “visando a restauração da plena comunhão”.
Nesse sentido, o patriarca disse que esta visita é “um acontecimento histórico recheado de sinais para o futuro”.
Simbolicamente, o Papa pediu a Bartolomeu que o abençoasse a si e à “Igreja de Roma”.
Bartolomeu I é o 269.º sucessor de Santo André e ‘primus inter pares’ dos patriarcas ortodoxos, tendo ajudado a consolidar, ao longo dos últimos anos, o diálogo com a Igreja Católica.
Esta é a quarta deslocação de um Papa à Turquia, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1979) e Bento XVI (2006).
Francisco e Bartolomeu estiveram junto em maio deste ano, durante a viagem do Papa à Terra Santa, assinando em Jerusalém uma declaração conjunta na qual assumem compromissos comuns em causas sociais e no diálogo entre religiões.
Apesar dos avanços verificados nas últimas décadas, persistem desentendimentos sobre o estatuto das Igrejas Católicas do Oriente, chamadas “uniatas” pelos ortodoxos; internamente, Bartolomeu enfrenta discussões relativas ao papel do primado de honra da sede de Constantinopla.
Francisco vai regressar ao Fanar este domingo, após ter celebrado uma Missa em privado, para aa Divina Liturgia na igreja patriarcal de São Jorge (09h30, menos duas em Lisboa), assinalando o dia de Santo André; dado que não existe comunhão eucarística entre as duas Igrejas, o pontífice argentino não concelebrará durante a Liturgia, permanecendo numa posição de honra.
No final, o Papa e Bartolomeu vão dirigir-se aos participantes, abençoando-os, antes da assinatura de uma nova declaração comum.
Às 16h45 locais, Francisco vai despedir-se da Turquia após três dias de viagem, no Aeroporto Atatürk de Istambul, estando a chegada ao Aeroporto de Roma-Ciampino prevista para as 18h40 italianas (menos uma em Lisboa).
Fonte - Ecclesia
Nota DDP: Veja também "Intensificar os esforços pela promoção da unidade plena entre todos os cristãos".
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