Cada vez mais americanos querem que suas igrejas se envolvam em política
“Igrejas têm uma quantidade incrível de poder e uma quantidade enorme de dinheiro,” reclama David Silverman do grupo Ateus Americanos. Ele defende que o IRS, a receita federal americana, faça mais cobranças de igrejas que se envolvem com política. Sob a lei do país, igrejas que explicitamente mostram apoio ou oposição a um candidato político podem perder seu direito a insenção de impostos. No entanto, diz Silverman, o IRS muitas vezes não tem coragem de efetivar essa cobrança.
Poucos americanos têm as mesmas prioridades que Silverman. De acordo com o Centro de Pesquisas Pew quase três quartos afirmam que a influência religiosa na vida dos americanos vem diminuindo. E mais da metade desse grupo considera isso algo ruim – incluindo os 30% destes que não têm nenhuma afiliação religiosa. Um terço dos não afiliados ainda preferem que políticos sigam uma determinada fé. É um pensamento reconfortante em tempos de crise, acredita Michael Cromartie, do Centro de Ética e Políticas Públicas.
No Mississippi, o estado com a maior proporção de habitantes que vão à igreja regularmente, o senador Thad Cochran, do Partido Republicano, concorre nas eleições contra o deputado democrata Travis Childers. Ambos são membros da Igreja Batista do Sul, mas Childers é o único que precisa lembrar seu público desse fato. “Eu confio em Deus,” ele dizia à multidão reunida em um restaurante de peixe em Tupelo, antes de começar a questionar uma proposta de lei feita este ano para se acrescentar a frase “Em Deus Confiamos” ao selo do estado.
Em contraste, em Oregon, um estado menos religioso, é a candidata republicana que tem que fugir da reputação do seu partido nas eleições para o Senado. Monica Wehby, uma neurocirurgiã, está tentando tomar o lugar do senador Jeff Merkley, do Partido Democrata. Apesar de ser católica e “pessoalmente contra o aborto”, ela afirma que o governo federal não deve tomar decisões relacionadas a questões como aborto e casamento gay, deixando essas decisões para os governos estaduais. Ela deixa claro que é “orientada por dados”. O trabalho de senadora se parece com neurocirurgia, ela diz: “Você não pode se deixar levar por emoções.” Quando a perguntam se sua religião afeta sua campanha, ela muda de assunto.
A tarefa de Merkley é mais fácil. Convencer os cidadãos de Oregon a votar no partido mais laico é, digamos, como ensinar o padre a rezar missa. Em julho, ele apoiou um projeto de lei para reverter os efeitos da decisão da Suprema Corte chamada de “Hobby Lobby”, que diz que governos não podem forçar empresas privadas de capital fechado a pagar por contraceptivos para os seus empregados se isso vai contra a religião dos donos da empresa. O projeto foi recusado, mas os democratas acreditam que vai ser uma ajuda nas urnas, pois combina com suas acusações aos republicanos, de fanáticos religiosos em “guerra contra as mulheres”. “Monica Wehby Permitiria que Patrões Negassem Acesso a Contraceptivos”, alardeia a página virtual de Merkley, que lidera as pesquisas por 14 pontos.
Fonte - Opinião e Notícia