segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
UE: Abrir caminho à liberdade religiosa
Lisboa, 25 Fev (Ecclesia) – O presidente do Parlamento Europeu considera o Cristianismo como “fonte importante de inspiração para a Europa”, que importa defender.
Numa entrevista concedida à agência SIR, esta quinta-feira, Jerzy Buzek garantiu que a perseguição aos cristãos no Médio Oriente “é uma preocupação partilhada pelo Parlamento Europeu”, e que estão a ser tomadas medidas para “arrepiar caminho” na preservação da liberdade religiosa.
Esta matéria deverá ser um dos assuntos em cima da mesa, no próximo dia 28 de Fevereiro, durante uma audiência que Bento XVI irá conceder ao líder europeu, no Vaticano.
Jerzy Buzek admite ir em busca de “orientação”, numa altura em que “a Europa e o mundo enfrentam muitos desafios”, como a integração dos movimentos migratórios, o envelhecimento da população e a instabilidade política que afecta países como o Egipto, a Tunísia, ou o Sudão.
Lembrando que “a União Europeia encontrou as suas fundações a partir de cristãos democratas com Schuman, De Gasperi e Adenauer”, aquele responsável quer agora “ouvir aquilo que um homem de fé e cultura como Joseph Ratzinger tem a dizer”.
Fomentar o diálogo entre nações ou instituições é essencial para o líder do Parlamento Europeu, que se mostra satisfeito pela Europa “estar a começar a respirar a plenos pulmões”.
“Quando um Papa da Alemanha se encontra com o presidente do Parlamento Europeu, um polaco, nós podemos agradecer aquilo que conseguimos até agora”, sustenta Jerzy Buzek, considerando esta ida à Santa Sé como um símbolo de que “o Leste e o Oeste da Europa estão finalmente a crescer em conjunto”.
O Tratado de Lisboa, assinado em 2007, deu pela primeira vez uma base legal para o diálogo institucional entre a União Europeia e representantes das diversas comunidades religiosas.
Fonte - Ecclesia
Numa entrevista concedida à agência SIR, esta quinta-feira, Jerzy Buzek garantiu que a perseguição aos cristãos no Médio Oriente “é uma preocupação partilhada pelo Parlamento Europeu”, e que estão a ser tomadas medidas para “arrepiar caminho” na preservação da liberdade religiosa.
Esta matéria deverá ser um dos assuntos em cima da mesa, no próximo dia 28 de Fevereiro, durante uma audiência que Bento XVI irá conceder ao líder europeu, no Vaticano.
Jerzy Buzek admite ir em busca de “orientação”, numa altura em que “a Europa e o mundo enfrentam muitos desafios”, como a integração dos movimentos migratórios, o envelhecimento da população e a instabilidade política que afecta países como o Egipto, a Tunísia, ou o Sudão.
Lembrando que “a União Europeia encontrou as suas fundações a partir de cristãos democratas com Schuman, De Gasperi e Adenauer”, aquele responsável quer agora “ouvir aquilo que um homem de fé e cultura como Joseph Ratzinger tem a dizer”.
Fomentar o diálogo entre nações ou instituições é essencial para o líder do Parlamento Europeu, que se mostra satisfeito pela Europa “estar a começar a respirar a plenos pulmões”.
“Quando um Papa da Alemanha se encontra com o presidente do Parlamento Europeu, um polaco, nós podemos agradecer aquilo que conseguimos até agora”, sustenta Jerzy Buzek, considerando esta ida à Santa Sé como um símbolo de que “o Leste e o Oeste da Europa estão finalmente a crescer em conjunto”.
O Tratado de Lisboa, assinado em 2007, deu pela primeira vez uma base legal para o diálogo institucional entre a União Europeia e representantes das diversas comunidades religiosas.
Fonte - Ecclesia
As dissidências Adventistas
Creio que todos já assistiram, de uma forma ou doutra, a algum tipo de dissidência entre os Adventistas. Quer seja aqueles que são desvinculados da Igreja, quer aqueles que nela se mantendo insistem em manter uma postura que encontra mais qualificação como dissidência do que como militância, de longe a longe somos confrontados com este tipo de situação.
Claro está que cada um é totalmente livre de assumir os comportamentos e posições que entender por melhor, na mesma medida em que a Igreja tem essa mesma capacidade e até obrigação. É por isso que alguns saem da Igreja com algum tipo de descontentamento ou discordância, muitas vezes resolutos e convencidos da sua razão.
Não sei se já pensou nisso, mas os primeiros cristãos, logo a seguir à ressurreição de Jesus, talvez mais ainda a seguir à morte de Estevão, também terão sido apelidados de dissidentes; no fundo, eles estavam a abandonar de vez o tradicional sistema religioso judaico, que a partir daquele momento, além de deturpado, também estava completamente ultrapassado.
Ora, nesta fase inicial da Igreja, deu-se um episódio que, tenho a certeza, serve muito bem como medida aferidora para este assunto.
Aconteceu que os apóstolos começaram a exercer um ministério espetacular, que não deixava alma alguma indiferente. Daí que os descontentes os colocaram na prisão. Contudo, Deus é mais poderoso que as portas de qualquer cárcere e eles foram libertados. Novamente capturados, porque insistiam em fazer as mesmas coisas, são levados perante os líderes judaicos que os pretendiam impedir de continuar o ministério.
De tal forma foi o seu desejo de derrubarem os apóstolos, que se enfureceram a ponto de os quererem matar (Atos 5:33), o que teriam conseguido, não tivesse a sábia voz de Gamaliel se levantado com ajuizadas palavras a propósito desta dissidência. Eis o que ele disse:
E não conseguiram mesmo desfazê-la. Já passaram cerca de dois milénios e a obra que eles começaram (embora abalada e corrompida ao longo do tempo) mantém-se em cena com todo o vigor.
Ou seja, esta foi uma santa dissidência, abençoada por Deus, contra a qual homem algum conseguiu obter sucesso (embora muitos o tivessem tentado).
Por isso, o desafio mantém-se inalterável para aqueles que, hoje e sempre, assumem qualquer comportamento de rutura com a nossa Igreja: prevelecem? Obtêm sucesso? Progridem? Trazem algo relevante, significativo? Produzem bom fruto?
Ou, em alternativa, acabam ficar meio perdidos, achar-se isolados, sem rumo certo para as suas ideias (por muito sinceras que possam ser), fracassando por fim?
Creio que a simples constatação das respostas a estas perguntas é mais do que suficiente para perceber o que realmente se passa quando há dissidência.
Repare: Lúcifer foi um dissidente (do céu); e qual o resultado dessa dissidência?! Preveleceu? Obteve sucesso? Progrediu? Trouxe algo de relevante, significativo? Produziu bom fruto? Pelo contrário: destruição, desgraça, tormenta, sofrimento, morte são as palavras que descrevem a sua dissidência...
Outro exemplo: Ellen e Tiago White, Joseph Bates e outros nossos pioneiros também foram dissidentes (das igrejas às quais pertenciam); e a pergunta mantém-se: qual o resultado? Preveleceram? Obtiveram sucesso? Progrediram? Trouxeram algo relevante, significativo? Produziram bom fruto?
Ainda que eu seja juiz em causa própria, parece-me mais do que evidente que, após cerca de 160 anos, os resultados (ainda não completos) da obra que começaram comprovam que essa obra só pode ter sido motivada pela Força Maior, acima da capacidade de qualquer homem!
É por isso que quando observo a história da nossa igreja e contemplo os indivíduos ou grupos dissidentes, constato que enquanto a Igreja permanece e progride, eles acabam por, mais tarde ou mais cedo, perder o ímpeto inicial, alguma eficácia que podem ter alcançado e até mesmo números... e nada mais.
Atente para este excerto de Ellen White, Testemunhos Seletos, v. 1, p. 390:
A todo este raciocínio, subjaz um conceito irrevogável: esta é a Igreja de Deus! No meio dos nossos defeitos e falhas (que os temos e não são poucos!), este é o movimento escolhido por Deus para terminar a obra que há muito Ele começou. E sair dela é sempre piorar.
Fonte - O Tempo Final
Claro está que cada um é totalmente livre de assumir os comportamentos e posições que entender por melhor, na mesma medida em que a Igreja tem essa mesma capacidade e até obrigação. É por isso que alguns saem da Igreja com algum tipo de descontentamento ou discordância, muitas vezes resolutos e convencidos da sua razão.
Não sei se já pensou nisso, mas os primeiros cristãos, logo a seguir à ressurreição de Jesus, talvez mais ainda a seguir à morte de Estevão, também terão sido apelidados de dissidentes; no fundo, eles estavam a abandonar de vez o tradicional sistema religioso judaico, que a partir daquele momento, além de deturpado, também estava completamente ultrapassado.
Ora, nesta fase inicial da Igreja, deu-se um episódio que, tenho a certeza, serve muito bem como medida aferidora para este assunto.
Aconteceu que os apóstolos começaram a exercer um ministério espetacular, que não deixava alma alguma indiferente. Daí que os descontentes os colocaram na prisão. Contudo, Deus é mais poderoso que as portas de qualquer cárcere e eles foram libertados. Novamente capturados, porque insistiam em fazer as mesmas coisas, são levados perante os líderes judaicos que os pretendiam impedir de continuar o ministério.
De tal forma foi o seu desejo de derrubarem os apóstolos, que se enfureceram a ponto de os quererem matar (Atos 5:33), o que teriam conseguido, não tivesse a sábia voz de Gamaliel se levantado com ajuizadas palavras a propósito desta dissidência. Eis o que ele disse:
"Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus" (Atos 5:35-39).
E não conseguiram mesmo desfazê-la. Já passaram cerca de dois milénios e a obra que eles começaram (embora abalada e corrompida ao longo do tempo) mantém-se em cena com todo o vigor.
Ou seja, esta foi uma santa dissidência, abençoada por Deus, contra a qual homem algum conseguiu obter sucesso (embora muitos o tivessem tentado).
Por isso, o desafio mantém-se inalterável para aqueles que, hoje e sempre, assumem qualquer comportamento de rutura com a nossa Igreja: prevelecem? Obtêm sucesso? Progridem? Trazem algo relevante, significativo? Produzem bom fruto?
Ou, em alternativa, acabam ficar meio perdidos, achar-se isolados, sem rumo certo para as suas ideias (por muito sinceras que possam ser), fracassando por fim?
Creio que a simples constatação das respostas a estas perguntas é mais do que suficiente para perceber o que realmente se passa quando há dissidência.
Repare: Lúcifer foi um dissidente (do céu); e qual o resultado dessa dissidência?! Preveleceu? Obteve sucesso? Progrediu? Trouxe algo de relevante, significativo? Produziu bom fruto? Pelo contrário: destruição, desgraça, tormenta, sofrimento, morte são as palavras que descrevem a sua dissidência...
Outro exemplo: Ellen e Tiago White, Joseph Bates e outros nossos pioneiros também foram dissidentes (das igrejas às quais pertenciam); e a pergunta mantém-se: qual o resultado? Preveleceram? Obtiveram sucesso? Progrediram? Trouxeram algo relevante, significativo? Produziram bom fruto?
Ainda que eu seja juiz em causa própria, parece-me mais do que evidente que, após cerca de 160 anos, os resultados (ainda não completos) da obra que começaram comprovam que essa obra só pode ter sido motivada pela Força Maior, acima da capacidade de qualquer homem!
É por isso que quando observo a história da nossa igreja e contemplo os indivíduos ou grupos dissidentes, constato que enquanto a Igreja permanece e progride, eles acabam por, mais tarde ou mais cedo, perder o ímpeto inicial, alguma eficácia que podem ter alcançado e até mesmo números... e nada mais.
Atente para este excerto de Ellen White, Testemunhos Seletos, v. 1, p. 390:
"A Palavra de Deus não dá licença a que um homem ponha seu juízo em oposição ao da igreja, nem lhe é permitido insistir em suas opiniões contrariamente às dela. Caso não houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria; não poderia manter-se unida como um corpo. Sempre tem havido indivíduos de espírito independente, pretendendo estar certos, e que Deus os havia ensinado, impressionado e guiado especialmente. Cada um tem uma teoria sua particular, idéias peculiarmente suas, e cada um pretende que essas idéias se acham em harmonia com a Palavra de Deus. Cada um tem diferente teoria e fé, e não obstante pretende cada um possuir luz especial de Deus. Essas pessoas separam-se do corpo, e constituem por si mesmas uma igreja à parte."
A todo este raciocínio, subjaz um conceito irrevogável: esta é a Igreja de Deus! No meio dos nossos defeitos e falhas (que os temos e não são poucos!), este é o movimento escolhido por Deus para terminar a obra que há muito Ele começou. E sair dela é sempre piorar.
Fonte - O Tempo Final
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Momento Profético #22
Foi-me mostrado que os juízos de Deus não viriam sobre eles diretamente da parte do Senhor, mas desta maneira: eles se colocam além de Sua proteção. O Senhor adverte, corrige, repreende e indica o único caminho seguro; então, se os que têm sido objeto de Seu especial cuidado seguirem seu próprio rumo, independentemente do Espírito de Deus; se, depois de reiteradas advertências, resolverem fazer sua própria vontade, Ele não encarregará Seus anjos de impedirem os decididos ataques de Satanás contra eles.
(The Paulson Collection, pág. 136)
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
O fantasma malthusiano ronda o planeta
As manchetes que vemos diariamente estampadas na mídia sobre o desejo de democracia nos países árabes, particularmente, esconde um “megamonstro” que está por detrás: a fome. Com os preços dos alimentos na estratosfera a nível global, estas manifestações são a ponta de um iceberg, que está se aflorando de maneira inusitada e dramática.
O grande risco que se corre é quando países (especialmente os ricos), mesmo com toda a doutrina da comercialização global, começarem a restringir as exportações de produtos agrícolas, especialmente o trigo, no sentido de se protegerem de algum sinal sinistro da fome. Este movimento de proteção está se observando desde meados de 2010.
A falácia do mercado livre para os alimentos não funciona, não permite a redução da fome no mundo. Há uma necessidade urgente de um mecanismo internacional de regulação de todo o setor agrícola. Nesta perspectiva, a FAO, que poderia ser este mecanismo, está perdendo espaço pelas forças poderosas da chamada Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo objetivo é estimular as relações comerciais entre os países. Neste contexto sentimos o embate entre a ideologia da solidariedade com ideologia da competitividade.
As guerras do futuro serão “guerras por comodities”, particularmente as ligadas ao setor agrícola como alimentos, quando chineses e indianos juntos, com uma população de um terço da humanidade, agora com um nível de vida mais razoável, começarem a consumir outro tanto de recursos do que todo o mundo ocidental já consome.
Com todas as oscilações climáticas ocasionadas pelo desequilíbrio ambiental mundial, a produção agrícola ainda não tem sofrido maiores consequências significativas na produção global. O que mais assusta são as oscilações de mercado. A primeira pertence à mãe natureza, que está clamando por socorro pela voragem do homem gafanhoto e pela destruição descontrolada dos ecossistemas. Mas a segunda é o desejo insano de poder, mascarado numa política neoliberal que em nada beneficia a sociedade permitindo uma acumulação e concentração de riquezas por grupos de interesse, onde milhões terão que sofrer de fome pela má sorte, por não ter nascido em países de maiores recursos.
Avançando nosso raciocínio, na premissa econômica em que tudo que se torna escasso passa para a cartilha do mercado, em breve a água será mais um passo para domínio e poder. Segundo alguns gurus sinistros de plantão, a água deverá ser o próximo estopim de uma guerra generalizada (talvez a última), neste mundo insano da competição. Sendo a água um gênero de necessidade vital e universal, se for aplicada a lógica da escassez como uma oportunidade de comércio e não na solidariedade de sua distribuição, então chegaremos ao fim da civilização. Dentro deste contexto, ao invés de dinheiro que fazemos com nossas economias para futuras necessidades e dificuldades, a água será utilizada como uma “conta bancária”. Fazendo um exercício de imaginação, haverá “bancos” de água onde se terá uma “conta corrente” de tantos litros de água potável, que poderá ser transferida, à nossa moda atual, pela simples transferência eletrônica porque cheque não haverá mais, haverá muito calote neste desespero.
Assim, o grande perigo prenunciado por Malthus diante deste desequilíbrio da superpopulação, - preferimos dizer destruição do meio ambiente - a fome seria um regulador demográfico pela morte de milhões, ou a guerra que também trará a mesma “sorte” (melhor, a mesma tragédia). Numa metáfora dramática e sinistra, poder-se-ia dizer, “quando a farinha se torna pouca, para cá meu mingau primeiro”. Na abundância da água de seu tempo, Malthus jamais poderia imaginar esta última hipótese como uma possibilidade de desequilíbrio.
Fonte - Jornal do Brasil
O grande risco que se corre é quando países (especialmente os ricos), mesmo com toda a doutrina da comercialização global, começarem a restringir as exportações de produtos agrícolas, especialmente o trigo, no sentido de se protegerem de algum sinal sinistro da fome. Este movimento de proteção está se observando desde meados de 2010.
A falácia do mercado livre para os alimentos não funciona, não permite a redução da fome no mundo. Há uma necessidade urgente de um mecanismo internacional de regulação de todo o setor agrícola. Nesta perspectiva, a FAO, que poderia ser este mecanismo, está perdendo espaço pelas forças poderosas da chamada Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo objetivo é estimular as relações comerciais entre os países. Neste contexto sentimos o embate entre a ideologia da solidariedade com ideologia da competitividade.
As guerras do futuro serão “guerras por comodities”, particularmente as ligadas ao setor agrícola como alimentos, quando chineses e indianos juntos, com uma população de um terço da humanidade, agora com um nível de vida mais razoável, começarem a consumir outro tanto de recursos do que todo o mundo ocidental já consome.
Com todas as oscilações climáticas ocasionadas pelo desequilíbrio ambiental mundial, a produção agrícola ainda não tem sofrido maiores consequências significativas na produção global. O que mais assusta são as oscilações de mercado. A primeira pertence à mãe natureza, que está clamando por socorro pela voragem do homem gafanhoto e pela destruição descontrolada dos ecossistemas. Mas a segunda é o desejo insano de poder, mascarado numa política neoliberal que em nada beneficia a sociedade permitindo uma acumulação e concentração de riquezas por grupos de interesse, onde milhões terão que sofrer de fome pela má sorte, por não ter nascido em países de maiores recursos.
Avançando nosso raciocínio, na premissa econômica em que tudo que se torna escasso passa para a cartilha do mercado, em breve a água será mais um passo para domínio e poder. Segundo alguns gurus sinistros de plantão, a água deverá ser o próximo estopim de uma guerra generalizada (talvez a última), neste mundo insano da competição. Sendo a água um gênero de necessidade vital e universal, se for aplicada a lógica da escassez como uma oportunidade de comércio e não na solidariedade de sua distribuição, então chegaremos ao fim da civilização. Dentro deste contexto, ao invés de dinheiro que fazemos com nossas economias para futuras necessidades e dificuldades, a água será utilizada como uma “conta bancária”. Fazendo um exercício de imaginação, haverá “bancos” de água onde se terá uma “conta corrente” de tantos litros de água potável, que poderá ser transferida, à nossa moda atual, pela simples transferência eletrônica porque cheque não haverá mais, haverá muito calote neste desespero.
Assim, o grande perigo prenunciado por Malthus diante deste desequilíbrio da superpopulação, - preferimos dizer destruição do meio ambiente - a fome seria um regulador demográfico pela morte de milhões, ou a guerra que também trará a mesma “sorte” (melhor, a mesma tragédia). Numa metáfora dramática e sinistra, poder-se-ia dizer, “quando a farinha se torna pouca, para cá meu mingau primeiro”. Na abundância da água de seu tempo, Malthus jamais poderia imaginar esta última hipótese como uma possibilidade de desequilíbrio.
Fonte - Jornal do Brasil
União Européia pede liberdade religiosa para os cristãos
Os 27 Ministros de Assuntos Exteriores dos países membros da União Européia, pediram neste fim de semana em Bruxelas que medidas concretas sejam adotadas para promover a liberdade religiosa dos cristãos perseguidos, especialmente no Oriente Médio.
Os ministros solicitaram à alta representante de Política externa da UE, Catherine Ashton, que apresente "propostas concretas" com esse fim.
Por isso expressaram sua "sua profunda preocupação pelo aumento de atos de intolerância e discriminação religiosa contra cristãos e seus lugares de oração, peregrinos muçulmanos e outras comunidades religiosas" e expressam seu firme condena contra esses atos.
O texto emitido logo depois da reunião se refere especificamente aos cristãos, tema que tinha sido motivo de polêmica na reunião anterior de 31 de janeiro na qual não foi possível chegar a um acordo e na que, devido à correção política, evitou-se mencionar os que acreditam em Cristo para não "ofender" outros grupos.
O documento, assinala o jornal espanhol La Razón, indica também que "a UE se empenhará ainda mais em todos os foros multinacionais, especialmente na ONU, para unificar apoios em todas as regiões na luta contra a intolerância religiosa".
Por outra parte, no dia 21 de fevereiro na Câmara de Deputados da Espanha, o terceiro vice-presidente e membro do Partido Popular (PP), Jorge Fernández Díaz, solicitou ao Governo "adotar imediatamente medidas concretas, como a possibilidade de acolher cristãos orientais na Espanha" que fogem da perseguição em seus lugares de origem.
O PP apresentou no último 17 de fevereiro uma moção para que o Governo garanta "a defesa da liberdade religiosa no mundo, especialmente no Oriente Médio".
Fonte - ACI Digital
Nota DDP: Religião e política se entrelaçam novamente, como nos tempos antigos. De ser observado também que um movimento político em sentido oposto pode viabilizar que os países que se encontram em ebulição no Oriente Médio não se encaminhem para lideranças fanáticas, mas para a esperada abertura ao Evangelho. Aguardemos.
Os ministros solicitaram à alta representante de Política externa da UE, Catherine Ashton, que apresente "propostas concretas" com esse fim.
Por isso expressaram sua "sua profunda preocupação pelo aumento de atos de intolerância e discriminação religiosa contra cristãos e seus lugares de oração, peregrinos muçulmanos e outras comunidades religiosas" e expressam seu firme condena contra esses atos.
O texto emitido logo depois da reunião se refere especificamente aos cristãos, tema que tinha sido motivo de polêmica na reunião anterior de 31 de janeiro na qual não foi possível chegar a um acordo e na que, devido à correção política, evitou-se mencionar os que acreditam em Cristo para não "ofender" outros grupos.
O documento, assinala o jornal espanhol La Razón, indica também que "a UE se empenhará ainda mais em todos os foros multinacionais, especialmente na ONU, para unificar apoios em todas as regiões na luta contra a intolerância religiosa".
Por outra parte, no dia 21 de fevereiro na Câmara de Deputados da Espanha, o terceiro vice-presidente e membro do Partido Popular (PP), Jorge Fernández Díaz, solicitou ao Governo "adotar imediatamente medidas concretas, como a possibilidade de acolher cristãos orientais na Espanha" que fogem da perseguição em seus lugares de origem.
O PP apresentou no último 17 de fevereiro uma moção para que o Governo garanta "a defesa da liberdade religiosa no mundo, especialmente no Oriente Médio".
Fonte - ACI Digital
Nota DDP: Religião e política se entrelaçam novamente, como nos tempos antigos. De ser observado também que um movimento político em sentido oposto pode viabilizar que os países que se encontram em ebulição no Oriente Médio não se encaminhem para lideranças fanáticas, mas para a esperada abertura ao Evangelho. Aguardemos.
Sismo soltou 30 milhões de toneladas de gelo do maior glaciar neozelandês
O sismo que atingiu hoje a segunda maior cidade neozelandesa, Christchurch, fez ruir 30 milhões de toneladas de gelo do glaciar Tasman, o maior do país.
A magnitude do sismo fez desprender um bloco de gelo que caiu no lago terminal do glaciar, a 200 quilómetros de Christchurch, formando pequenos icebergs. Segundo o jornal “The Guardian”, que cita a agência AP, a queda dos 30 milhões de toneladas de gelo provocou ondas de 3,5 metros de altura que varreram o lago durante cerca de meia hora.
Este glaciar, na ilha Sul, desce as encostas da montanha Cook e é o maior da Nova Zelândia, com uma extensão de 29 quilómetros e 2,5 quilómetros de largura.
Fonte - Público
A magnitude do sismo fez desprender um bloco de gelo que caiu no lago terminal do glaciar, a 200 quilómetros de Christchurch, formando pequenos icebergs. Segundo o jornal “The Guardian”, que cita a agência AP, a queda dos 30 milhões de toneladas de gelo provocou ondas de 3,5 metros de altura que varreram o lago durante cerca de meia hora.
Este glaciar, na ilha Sul, desce as encostas da montanha Cook e é o maior da Nova Zelândia, com uma extensão de 29 quilómetros e 2,5 quilómetros de largura.
Fonte - Público
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Momento Profético #21
O Senhor mostrou-me claramente que a imagem da besta formar-se-á antes que termine a graça; pois isso será a grande prova para o povo de Deus, pela qual será decidido seu destino eterno.
(Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 81)
A Igreja e a Adoração
Introdução
Tiago F. White observa: “Remova o culto cristão, e será difícil conceber o cristianismo como duradouro” (1) Se isto for verdade para o cristianismo em geral, certamente é verdade para a Igreja Adventista do Sétimo Dia em particular.
Uma vez que a Igreja Adventista tem sido comissionada com um ministério exclusivo para um momento específico da história, a razão para a sua adoração está significativamente relacionada a esse momento e essa singularidade. A fim de manter sua vitalidade e desempenhar fielmente o seu ministério no tempo do fim, a igreja deve insistir no uso máximo das Escrituras, na participação ativa da congregação, e em um foco teocêntrico, em seus cultos públicos.
Os crentes cristãos primitivos usavam as Escrituras em sua vida de adoração coletiva; as narrativas históricas relatam de maneira especial os atos poderosos de Deus. Estes relatos inspiravam o louvor. Este uso da Escritura construiu a fé da comunidade dos crentes, especialmente nos momentos de dificuldade e perseguição. Essa necessidade é premente hoje também.
Para ter certeza do forte impacto da Palavra de Deus, sugiro que mais de uma passagem da Bíblia seja lida durante o culto: como um texto do AT, uma epístola e um texto dos Evangelhos do NT. Cuidadosamente escolhidos, estes textos devem apoiar de uma forma harmoniosa o tema do culto do sábado. O sermão pode ser baseado em um ou todos os três textos das Escrituras.
O culto divino não deve ser concebido como uma forma de entretenimento religioso, no qual a ação acontece “na frente”, e a congregação permanece passiva. A passividade congregacional leva o pastor a pensar em termos de desempenho: a plataforma e o público a funcionando em uma atmosfera de excitação religiosa. Tudo teria que ser “emocionante” e/ou “especial”, e culto se tornaria cada vez mais secularizado e manipulador.
Não reconhecer as formas de comunicação, além da verbal, como componentes vitais da experiência plena da adoração é “uma heresia custosa que pode muito bem estar roubando a igreja de muitos dos seus bens espirituais.” (2) A passividade congregacional também é questionável na medida em que cria um vácuo que pode ser preenchido pelo emocionalismo e pelo fanatismo.
Em harmonia com Apocalipse 14:6-7, o culto adventista autêntico é decididamente teocêntrico. Embora o culto antropocêntrico encoraje o emocionalismo desenfreado, o culto teocêntrico produz a convicção de Isaías: “Sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6:5). Ao invés de seguir as pressões da cultura, a Igreja é desafiada a permanecer fiel às normas bíblicas, especialmente com relação à proclamação da Palavra de Deus, juntamente com a resposta de louvor da congregação em adoração.
Seguidores de Cristo no Tempo do Fim
Uma descrição vívida dos verdadeiros adoradores de Deus no tempo do fim (Apocalipse 14:1-5) é encontrada entre as cenas finais da perseguição de Apocalipse 13:11-17 e no convite à adoração em Apocalipse 14:6-7. O convite à adoração é dado através destas pessoas específicas, identificadas e descritas nestas passagens. Elas estão reunidas no Monte de Sião, um “símbolo de regozijo e segurança” (3), bem como um lugar de revelação. (4) Elas estão com o Cordeiro, indicando “o triunfo sobre a besta e a sua imagem”. (5) Elas são identificadas como povo de Deus, o remanescente remido e fiel que têm Seu nome escrito nas suas testas (cf. Deuteronômio 6:8), sugerindo louvor contínuo.
Em contraste com a blasfêmia da besta (Apocalipse 13:5-6), sons de cânticos vêm dos 144.000. (6) Eles cantam um novo cântico de louvor, triunfo e vitória. O que é “novo” são os eventos da história sagrada diretamente relacionados com a vida e o ministério de Cristo: seu nascimento, sofrimento, morte, ressurreição, ascensão e promessa de retorno. Somente os redimidos podem cantar o cântico novo. O som de louvor que fazem é como a mistura orquestrada da melodiosa harpa, um instrumento singularmente adaptado para o louvor a Deus (Salmos 149:3, 150:3).
Características dos Seguidores do Tempo do Fim
O novo cântico é cantado a Deus, não à humanidade, e exalta a redenção pela graça, a renovação e a transformação. A novidade de vida é indicada pelo fato de que os cantores são puros e imaculados. Eles não cometeram fornicação/adultério espiritual com “a grande prostituta” (17:1), “Babilônia, a Grande” (18:2 em diante). (7) Lançaram fora a idolatria e se recusaram a adorar ou seguir “a[s] besta[s] “(13:2, 11). “Virgens” espirituais, não cederam à tentação da sensualidade espiritual e são “oferecidos como primícias para Deus e para o Cordeiro” (14:4).
Os próprios remidos são a oferta definitiva a Deus (14:4). O supremo ato de adoração é a rendição total do ser e da vida a Deus, para ser usado na redenção do mundo (cf. Romanos 12:1). Concretamente, isso significa obedecer aos mandamentos de Deus e permanecer fiel a Jesus Cristo (14:12). Ser “oferecido como primícias” pode significar a disposição de pagar o preço final pela adesão ao povo da verdade – um povo sacrifical no sentido mais amplo.
Como eles servem a Deus, não distorcem as distinções entre bem e mal, certo e errado: “Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas” (14:5). Eles não proclamam falsas profecias, vivem e falam a verdade, porque são irrepreensíveis (“amomos”, sem defeito), não contaminados por idéias e modos de vida falsos. Eles permitem que os mandamentos de Deus, Sua vontade revelada, estabeleçam suas crenças e estilo de vida.
Os seguidores do Cordeiro se distinguem pela sua posse da verdade, que é a ausência (e não apenas o oposto) da falsidade. Eles não têm nada a ver com a falsidade, nem mesmo uma mistura de verdade e falsidade (cf. Sofonias 3:9-14). Toda idolatria é considerada como fornicação e adultério espiritual (Deuteronômio 12:2; cf. Jeremias 2:20). Afinal, foi prometido ao povo remanescente que seus pecados seriam todos perdoados (Jeremias 50:20), eles seriam achados sem maldade (Jeremias 50:20; Isaías 4:2-5), e livres de todas as mentiras (Sofonias 3:13). (8)
Portanto, Apocalipse 14:1-5 identifica as pessoas a quem e através de quem o convite à adoração a Deus é entregue em um momento de crise. Eles estão na posição e condição para receber e proclamar a mensagem para adorar a Deus e ao Cordeiro. Eles desejam fazê-lo, amam fazê-lo. Eles não estão procurando o sacro no secular, mas amam o sacro pelo seu próprio valor.
Centralidade da Adoração
O convite à adoração é dado pelo primeiro anjo em Apocalipse 14:6-7, e é dirigido a uma humanidade que é idólatra e supersticiosa, seduzida pela besta e o falso profeta (Apocalipse 13:3-8, 11-17). O convite à adoração a Deus é visto em contraste com a adoração à besta e à sua imagem (cf. 14:9), a suprema transgressão dos mandamentos de Deus.
A mensagem do primeiro anjo envolve muito mais do que um simples anúncio de que “chegou a hora do seu juízo” (14:7). Ela declara o que o mundo todo, e especialmente a Igreja, deveria estar fazendo à luz desse fato: “Temam a Deus e glorifiquem-no.” O resultado da proclamação do “evangelho eterno” é o aumento de pessoas que adoram a Deus. Evangelismo “é a extensão da vida de adoração da igreja ao mundo.” (9)
Portanto, a atividade principal da igreja remanescente, e sua marca mais distintiva, é a adoração. Os adventistas do sétimo dia são um povo de submissão e de louvor. São um povo chamado para “proclamar a minha glória entre as nações” (Isaías 66:19).
Apocalipse 14:7 fornece o conteúdo adicional e específico do evangelho eterno, conforme ele se impõe sobre o ministério da igreja dos últimos dias e sobre o mundo, no momento em que esta igreja está ministrando. O versículo 7 é uma continuação e ampliação do versículo 6. O evangelho eterno a ser pregado pela igreja no fim dos tempos, nos últimos dias da história da Terra é um convite específico para “temer” a Deus, para dar “glória” a Deus, e para “adorar” a Deus, precisamente porque “chegou a hora do seu juízo.” (10)
Adoração Teocêntrica
As duas expressões fundamentais da adoração são “temer” a Deus e dar “glória” a Deus. O primeiro tem conotações éticas e morais e obrigações que envolvem a obediência como prova de fé. O segundo tem conotações litúrgicas que envolvem o ato de adoração em si com relação aos indivíduos e também ao corpo coletivo de crentes conhecido como o remanescente. Nesta última ligação é importante notar que a Bíblia não reconhece tal coisa como uma pessoa remanescente, somente um povo remanescente. O remanescente é um conceito coletivo.
“Temer” a Deus tem conseqüências individuais em termos de salvação, e dar “glória” a Deus tem conseqüências coletivas em termos da missão da igreja – aquela que é enviada ao mundo para ser e para fazer.
O convite à adoração é teocêntrico, não há nenhum vestígio de antropocentrismo. É Deus quem deve ser temido, ser adorado, a quem a glória deve ser dada, não o homem. A adoração é primariamente uma ocasião para que Deus fale, à qual Seu povo responde.
Em lugar algum é o grande conflito entre Deus e Satanás mais evidente, mais dramatizado, do que na adoração da igreja dos últimos dias. Ela está em contraste direto, em conflito, com os governos terrenos e com as organizações eclesiásticas apóstatas. É por isso que a adoração é tanto um ato político quanto religioso, desafiando todos os que querem usurpar o lugar e autoridade de Deus. Observar o sábado do sétimo dia fielmente é uma parte desse desafio.
Esta adoração por parte do povo de Deus tem um impacto cósmico no sentido em que no final todos os principados e potestades se dobrarão e confessarão o Senhorio de Cristo (Filipenses 2:9-11). Ela “abre a porta para admitir as últimas coisas, e já participa, na sua fraqueza e imperfeição hesitante, daquilo que um dia vai ocorrer, e já está ocorrendo, diante do trono de Deus.” (11)
Louvor Congregacional
O louvor de uma congregação cristã é a participação com todos os santos no cântico do “cântico novo”, o cântico de Moisés e do Cordeiro. Quando a igreja louva ao Senhor e ao Cordeiro, ela adentra de maneira especial no santuário celestial pela fé e se junta às hostes celestiais no novo cântico. O louvor é o “meio da comunhão perfeita entre Deus e a criatura.” (12)
O louvor antecipa um relacionamento perfeito em que tanto a luta do homem contra o pecado quanto a resistência ao trabalho do Espírito são encerrados por causa da vitória de Cristo (Gálatas 5:13-25). Não há coisa alguma para impedir a expressão deste relacionamento em louvor. As necessidades humanas não ocupam mais o primeiro lugar na mente do adorador. O adorador é capaz de concentrar-se total e completamente em oferecer ao Senhor e ao Cordeiro o louvor devido a Ele pela vitória que tornou possível. Não há nada mais a fazer além de glorificar a divindade que fez tudo. A obra do Céu foi terminada na Terra, e produziu os frutos da plena salvação e restauração.
O louvor se ergue “no final de toda a luta” e é um “hino da vitória.” (13) Louvor é a última palavra da Igreja acerca de Deus, um “sinal do fim dos tempos, indicando que Deus um dia será tudo em todos.” (14) Não é de se admirar quanto louvor é encontrado no último livro da Bíblia! (15)
Rejeitando a Falsa Adoração
A fim de adorar a Deus plena e livremente, a fim de adorar em espírito e em verdade (João 4:24), o povo de Deus deve reconhecer a queda de Babilônia e “sair dela” (Apocalipse 18:4) para que não “participem dos seus pecados.” O grande pecado é a proclamação de “um falso deus conquistando pessoas para adorá-lo por meio de uma falsa mensagem pregada por uma falsa igreja a todo o mundo. ... O céu vê a situação como uma oportunidade divina e como um prelúdio para o retorno do Senhor à terra.” (16) Além disso, a mensagem de Apocalipse 14:9-11 é um terrível aviso para aqueles que continuam a adorar o falso deus.
Convite ao Compromisso
O versículo 12 identifica ainda mais os verdadeiros adoradores de Deus. Ele indica que a situação (descrita nos versículos anteriores), “apela para uma resistência paciente [firme]”, como a de um atleta olímpico. Não é possível entregar os pontos no momento de crise; em vez disso um propósito teimoso, extremamente focado prevalece. Essa resistência em face do adultério espiritual e apostasia religiosa militante é honrada até mesmo diante da morte (v. 13; cf. 12:11). Estas pessoas são chamadas de mortos “bem-aventurados”, advertidas a serem fiéis até a morte, e Deus lhes dará a coroa da vida (2:10).
As distinções entre Apocalipse 13 e 14 são claras e inequívocas. Elas exigem uma ação decisiva, decisões claras baseadas na verdade revelada, não em idéias de homens que muitas vezes tornam indistintas as diferenças e acomodam um “vício característico de toda a idolatria e mundanismo.” (17) O Apocalipse conclama a uma fé religiosa madura que está disposta a pagar o preço de tal distinção.
Não podemos agir com base crenças religiosas ambíguas e incertas. A fé cristã não é simplesmente mais uma entre uma verdadeira salada de religiões, sendo todas elas válidas. Apenas uma igreja que possua uma mensagem determinada e explícita é que tem o direito, a autoridade, a audácia, para chamar as pessoas à decisão e à ação.
Hora do Juízo
Isto é especialmente relevante e crítico, quando o juízo final é iminente e o tribunal do Céu está em sessão (Daniel 7:9-10; Apocalipse 14:7). É no contexto dessa condição cósmica que o Criador convida de forma inequívoca para a adoração, expressa em total fidelidade a Ele e à Sua verdade revelada, não importa o custo. É a consciência do tempo do juízo que move os crentes a temer, glorificar e adorar a Deus. Perder esta consciência é perder a motivação para a adoração e para a missão por parte da própria igreja à qual, e através da qual, o convite é feito. Essa consciência deve realizar para a igreja aquilo que todos os anos de formação e reforma fizeram apenas parcialmente: a rendição espiritual total ao Senhor e ao Cordeiro, demonstrada na adoração e na vida individual e coletiva.
Confessando a Fé
Não pode haver compromisso com o mal por parte da Igreja escatológica, não pode haver trégua com o diabo. A comunidade cristã foi comissionada por seu Senhor para que “batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos” (Judas 3). Deus sempre pretendeu que a Igreja fosse uma força de invasão, permeando a cultura e suas instituições.
A igreja faz isso principalmente pela sua confissão a respeito de Jesus Cristo como Senhor (Filipenses 2:11; I Coríntios 12:3), como Messias (I João 5:1), e como Filho de Deus (I João 4:15). Tais confissões suscitam a ira das nações (Apocalipse 11:18), e enfurecem o “dragão” que faz guerra contra “os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus.” (Apocalipse 12:17). Na afirmação “Jesus é o Senhor” (I Coríntios 12:3) está ligado o conteúdo da confissão, da proclamação e da motivação da igreja para a adoração e a missão. É o desafio supremo para qualquer outra divindade ou autoridade.
A resposta do povo de Deus nesta hora é adorá-Lo com mais fervor, em obediência dedicada e alegre louvor. Oram a Ele, ouvem ansiosamente a Sua Palavra e cantam hinos de louvor ao Senhor. Na “hora do seu juízo”, as opiniões e filosofias dos homens não resistem ao teste de confiabilidade, mas o povo de Deus coloca o seu caso sobre a garantia da arca da aliança.
Na verdade, o cristão dá glória a Deus por uma vida de obediência, mas há mais do que uma dimensão ética/moral neste convite à adoração. O convite à adoração é um convite ao louvor.
Louvor na Adoração
Antigo Testamento
Embora haja elementos comuns, existem também diferenças marcantes entre a adoração do Antigo e do Novo Testamento, em grande parte devido aos acontecimentos históricos que iluminaram aquela adoração e suscitaram o louvor. (18)
Falsa Adoração Rejeitada
Uma grande crise de culto, iniciada pelo Rei Nabucodonosor, teve lugar durante o cativeiro babilônico. Os arautos do Rei anunciaram que, a um sinal dado, todos os presentes deveriam “prostrar-se em terra e adorar a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor ergueu. Quem não se prostrar em terra e não adorá-la será imediatamente atirado numa fornalha em chamas”. (Daniel 3:5-6).
Três jovens judeus corajosamente recusaram aquele convite à uma falsa adoração. Sua resposta, “não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (3:18), enfureceu o rei. Com sua autoridade contestada, o rei ordena que os três homens fossem lançados na fornalha, da qual são resgatados pela graça divina. Deus usa a oportunidade para revelar que Ele é o Deus verdadeiro, o qual é O único a ser adorado.
Formação Religiosa Anterior
Qual era tradição de adoração que inspirou essa coragem, convicção e louvor?
Razão para a existência de Israel. A nação de Israel foi criada com o propósito de adorar e dar glória a Deus (Isaías 43:21).
Livramentos relembrados. A memória coletiva das libertações era parte da tradição da adoração. Sem dúvida, os três bravos rapazes lembraram-se da resposta de Moisés e dos israelitas após o resgate no Mar Vermelho, como eles cantaram um cântico de louvor e glória a Deus por Seu triunfo (Êxodo 15:1-2).
Os poderes do Criador. A memória coletiva do ato da criação de Deus também fazia parte da tradição de adoração hebraica. Quando a arca da aliança foi trazida para Jerusalém, uma grande festa foi planejada. O Rei Davi escreveu um salmo para a ocasião, um convite para cantar louvores ao Senhor por seus maravilhosos atos na história. Onze dos 29 versos louvam ao Senhor por Seu poder e atividade criadoras (I Crônicas 16:23-33).
Comemorações religiosas. Os grandes festivais mantiveram viva a tradição de adoração. O sábado, o Dia da Expiação, juntamente com todos os outros festivais, eram dias de “santa convocação” (Levítico 23:3-37). Eles eram “solenidades” festivais e “ordenanças perpétuas” (Levítico 23:2, 14). Deus estava presente nas atividades de adoração da comunidade da aliança. Elementos materiais e ações que faziam parte da adoração serviam como meio pelo qual a congregação lembrava e revivia os acontecimentos da história redentora.
Confissões de fé. Os louvores de confissão de Israel soavam nos ouvidos dos três corajosos jovens judeus. Por exemplo, o Shema: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor” (Deuteronômio 6:4), era uma declaração de confissão de louvor, feita em resposta aos Dez Mandamentos e suscitada pelo reconhecimento dos atos poderosos de Deus. Havia também a confissão sob a forma de narrativa histórica, não só por palavras, mas através de um cerimonial/ritual, tal como aquele relacionado com a observação da Páscoa. (19)
Cânticos de louvor. Cânticos de louvor desempenhavam um papel vital na preservação da memória coletiva de Sadraque, Mesaque e Abednego. Tal como a vitória de Deus durante a batalha de Judá contra os exércitos de Moabe, Amom, e do monte Seir, em resposta à canção de fé cantada por Seu povo (II Crônicas 20:1-29). Esta é uma história de vitória para ser contada, vez após vez pelo povo remanescente de Deus, um convite a louvar a Deus no meio da batalha contra a apostasia. Ir de encontro ao inimigo com o coro é a estratégia mais adequada para a vitória na batalha espiritual contra todas as adversidades.
Novo Testamento
O NT mostra que o louvor é o cerne da fé e adoração cristã como testificam a carta de Paulo aos Filipenses e Apocalipse 4-5.
O foco principal da oração cristã é louvar e glorificar o Senhor (Mateus 6:9-10). As petições são secundárias (vs. 11-13). O objetivo da adoração e louvor do NT era “para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:6). Os primeiros cristãos não cantavam suas canções sozinhos. O louvor do povo redimido de Deus está em harmonia com a atividade de nosso Senhor no meio deles. O livro de Hebreus fala de Jesus dizendo: “Cantar-te-ei [a Deus] louvores no meio da congregação” (Hebreus 2:12 b). Jesus é o exemplo da igreja para o cântico de louvor.
O poder inerente ao cântico de louvor a Deus se manifesta na experiência de Paulo e Silas na prisão de Filipos. Em resposta aos seus cânticos de louvor as fundações foram abaladas, as portas se abriram, as correntes se soltaram, o carcereiro e toda sua família foram convertidos e ele, “com todos os de sua casa alegrou-se muito por haver crido em Deus” (Atos 16:25-34).
Filipenses. A carta de Paulo aos Filipenses emana esse tipo de louvor. Paulo ora “com alegria” (1:4), advertindo os crentes a viverem na expectativa da volta de Cristo “para a glória e louvor de Deus” (1:11). Ele se alegra de que Cristo seja anunciado, apesar dos motivos diversos de seus anunciadores (1:18). Ele afirma que “com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (1:20). Seu propósito no ministério é alcançar a “alegria na fé” dos crentes (1:25). Sua confissão de que Jesus Cristo é o Senhor glorifica a Deus (2:11). Na adoração os crentes “[gloriavam] em Jesus Cristo” (3:3). No entanto, louvar e glorificar o Senhor não significa uma experiência concluída; significa crescimento: “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (3:13-14).
O louvor é a “linguagem natural” (20) da vida de fé. Viver regozijando-se no Senhor significa que “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” (4:7). Regozijar-se no Senhor e exaltar Sua glória é o “único contexto seguro para uma vida plena e livre intelectual e emocionalmente.” (21) O uso planejado pelo Criador para a mente humana é pensar naquilo que é digno de louvor: “tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor” (4:8).
O contentamento em relação às coisas materiais é uma das conseqüências de uma vida de louvor, e só é possível “nAquele que me fortalece” (4:13). É por isso que Paulo podia dizer aos Filipenses que “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus. A nosso Deus e Pai seja a glória para todo o sempre. Amém” (4:19-20).
O que acontece com aqueles que não adoram e louvam a Deus é descrito por Paulo em termos ilustrativos, em Romanos 1:18-32. Quando o temor de Deus é removido, o vácuo é “cheio de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade” (v. 29).
Durante o tempo da ira de Deus, (descrito em Apocalipse 16) após o fechamento da porta da graça, a importância da adoração e de dar a glória/louvor a Deus é realçada. Como a humanidade se torna endurecida quando nem a misericórdia de Deus nem a Sua ira são capazes de levar as pessoas ao arrependimento! Acerca desta realidade, Apocalipse 16:9 diz, “amaldiçoaram o nome de Deus … contudo, recusaram arrepender-se e glorificá-lo.”
Apocalipse 4-5. Em Apocalipse 4:10 os 24 anciãos “se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram [proskuneo] aquele que vive para todo o sempre”. Em 5:14, após os hinos de louvor, os 24 anciãos “prostraram-se e o adoraram.” Uma tradução literal seria “prostraram-se, e curvaram-se.” Um ato de adoração é algo pensado.(22) A declaração de Paulo “se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus” (I Coríntios 14:25), no contexto de uma longa discussão sobre a adoração, parece indicar que o ato de prostrar-se provavelmente era parte do culto da igreja do NT. Aparentemente os discípulos adoraram o Cristo ressurreto deste mesmo modo antes de Sua glorificação (Mateus 28:9, 17; Lucas 24:52).
Por que os discípulos do Senhor responderam desta forma? Porque, “eles O viram investido com a onipotência de Deus. Coagidos por essa prova de poder, curvaram-se diante dEle e realizaram a proskynesis, exclamando: ‘Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus!’” (23) Essa foi a resposta de Daniel, quando Cristo apareceu para ele e ele diz “me amedrontei, e caí sobre o meu rosto” (Daniel 8:17-18, ACF). O que mais se faz na presença da divindade? Curvar-se diante do Senhor não é o gesto definitivo, o sinal, o testemunho, que declara o domínio do Senhor e do Cordeiro?
A questão central da adoração no grande conflito é cristalizada neste tipo de adoração que o diabo buscou obter de Jesus: “Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares [proskuneo]”. (24) Prostração, que é um símbolo de arrependimento e submissão, é um controle à exuberância desenfreada e expressão emocional.
O louvor é oferecido por meio de ação e linguagem. Apocalipse 4 e 5 retrata uma interação dinâmica de palavra, ação e símbolos materiais. (25) Esta interação molda a percepção do adorador, permitindo uma resposta criativa e espontânea, em que a ação pode ser tanto espiritual quando por palavras.
Entrar na presença do Senhor e do Cordeiro em oração falada ou cantada significa adorá-Lo verbalmente, agradecer-Lhe pelo que Ele é e faz, confessar o pecado e arrepender-se em profunda humildade. É a confissão do pecado e a confissão de fé em Cristo que glorifica a Deus. A falha em confessar o pecado inibe o louvor, assim como a confissão de fé faz brotar o louvor.
Tal oração cristã tem sido chamada de “supremo ato moral” (26), “uma tentativa de lidar com a abundância do amor de Deus.” (27) Louvar é querer louvar mais e mais, porque é um ato completamente voluntário e induzido pelo amor e graça de Deus. Dar glória de Deus é uma resposta natural e apropriada à sua bondade. Por meio do louvor o crente une a sua vida com a do Senhor e a do Cordeiro e, juntamente com outros crentes, constrói uma “catedral de som”.(28)
A igreja glorificada, cuja adoração é retratada em Apocalipse 4-5, é retratada em 7:13-17 como “os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, eles estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite em seu santuário.” Eles estavam vestidos de vestes brancas, e estavam “diante do trono e do Cordeiro”, com ramos de palmeira nas mãos, e clamavam “em alta voz: ‘A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro’” (7:9-10).
Apocalipse 4-5 indica que “a palavras e os gestos são indissociáveis.” (29) As palavras que são ditas e as ações, todas acontecem na presença do Senhor e do Cordeiro. No capítulo 4, o Senhor Criador é louvado e adorado. No capítulo 5 o Cordeiro Redentor é igualmente louvado e adorado. As palavras e as ações reconhecem o senhorio de Deus sobre o homem e toda a criação. Eles contam/recitam os atos poderosos de Deus e do Cordeiro na criação e na redenção do mundo.
A adoração cristã autêntica, no entanto, inclui também o silêncio meditativo. Quando a congregação está em silêncio diante do Senhor, os adoradores são capazes de apurar seus ouvidos e ouvir a Sua voz. Alguns dos louvores mais profundos e mais comoventes são feitos em uma atmosfera de silêncio.
As palavras são muitas vezes inadequadas para expressar louvor e adoração por si só, como é evidenciado pela adoração celestial em Apocalipse 4-5. O foco é todo na Divindade, e não nos adoradores. Comentando sobre esses capítulos, Robert Webber observa que “a adoração é um ministério de Deus.” (30)
Só podemos ficar impressionados com a adoração teocêntrica e cristocêntrica relatada no Apocalipse. Não é centrada no homem nem narcisista. O Senhor e o Cordeiro estão no centro – não os sentimentos humanos, a experiência humana, ou as necessidades humanas. Na abordagem contemporânea há muitas vezes um exercício enérgico para conseguir que as pessoas sorriem e cumprimentem uns aos outros no sábado pela manhã – amabilidades obrigatórias – assumindo que o sucesso [neste exercício] seja uma indicação de que está tudo bem espiritualmente.
William Willimon perspicazmente observa que “Nosso convívio atual, na base de tapinhas nas costas e camaradagem com Deus, seria muito estranho para aqueles que já temeram e tremeram diante do Divino, caindo sobre seus rostos diante de Deus, em vez de gritar um caloroso ‘Bom dia!’” (31)
Richard John Neuhous, diz:
Isto é ainda mais real nos últimos anos do século XX. Na opinião de Apocalipse 4-5 e 14:6-7, Tozer está certo em sua observação de que “a obrigação mais solene que pesa sobre a igreja cristã de hoje é purificar o seu conceito de Deus até que seja mais uma vez digna dEle.” (34)
Deus terá um povo que reconhece o domínio, a autoridade e o governo do Senhor e do Cordeiro. É esse reconhecimento de domínio e senhorio que une a igreja remanescente com a igreja triunfante. Na sua adoração coletiva a igreja remanescente entra pela fé no santuário celestial, e se une à adoração dos seres angélicos, em antecipação da grande ceia das bodas do Cordeiro no final dos tempos (Apocalipse 19:7-9).
Aclamações cristãs de louvor genuíno não são emoção lírica; ao contrário elas “ligam a congregação ao governo [do] Senhor.” (35) Portanto, a resposta adequada do povo de Deus na terra a Apocalipse 4 (a adoração do Criador) é a guarda do sábado do sétimo dia; a Apocalipse 5 (a adoração do Redentor), é viver uma vida transformada. Ambas as respostas reconhecem o domínio divino e são realizadas em louvor. O louvor é a resposta mais adequada ao evangelho, assim como a conseqüência natural do evangelho.
O Louvor na Adoração Adventista Contemporânea
O louvor na adoração adventista do sétimo dia pode ser analisado em termos do significado do cântico, a natureza teocêntrica da verdadeira adoração, a missão evangelística da pregação da Palavra de Deus, a necessidade de equilíbrio litúrgico, o tema do grande conflito e o grande clímax da história humana.
Significado do Cântico
“A Igreja cristã nasceu na música.” (36) Para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, ficar sem música seria incompatível com a sua mensagem. O cântico que ela canta brota a partir da mensagem que ela prega. O canto congregacional une a palavra falada ao louvor, de modo que língua, raça e cultura são transcendidos, unindo o povo remanescente mais poderosamente do que a palavra somente falada pode fazer. Embora a palavra falada instrua, a palavra cantada pode mover a congregação em níveis mais profundos.
O cântico de louvor era uma parte integrante do clamor ou brado simbolizado pelo toque do shofar no AT. Mateus, um judeu, testifica que a observância da Última Ceia terminou com o cântico de um hino (Mateus 26:30).
Cânticos são um dos melhores veículos para preservar viva a memória, e o meio mais eficaz para impressionar o coração com as verdades espirituais. (37) A igreja canta sua canção de louvor em uma terra estranha. Sua música conta a história da criação e da redenção, e serve para reduzir a distância entre o agora e o porvir.
O cântico dos Salmos era uma parte regular da adoração cristã e era comum na metade do primeiro século A.D. Uma pessoa entoava o salmo, com a congregação respondendo depois de cada verso com uma aclamação tal como “Amém!”, “Aleluia!”, ou “Vem Senhor Jesus!” Tais respostas espontâneas semelhantes na adoração adventista negra estão em harmonia com a tradição bíblica.
A exortação de Paulo à congregação dos Efésios pode indicar o cântico antifonal de um salmo entre os antigos cristãos. “Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:19-20). Note que o cântico está ligado a dar graças (louvor) ao Senhor. Estes cânticos espirituais possivelmente eram “arroubos de louvor espontâneo.” (38)
A tentação hoje é afastar-se desse princípio de cantar hinos religiosos e adotar canções e música “pop”. Devemos precaver-nos contra a rejeição daquilo que é histórico na música da igreja em favor da moda contemporânea de cânticos de louvor. O Hinário Adventista do Sétimo Dia apresenta alguns dos melhores hinos que expressam as doutrinas e a fé do povo de Deus através dos tempos.
Existem diversos trechos no NT que se acredita que reflitam os hinos primitivos. Estes trechos louvam e exaltam o Senhor Jesus Cristo. (39) Eles “têm um padrão comum de pensamento” que é a “firme segurança de que Cristo é vitorioso sobre todos os inimigos do homem, e é corretamente adorado como Deus que está acima de tudo.” (40)
A diferença fundamental entre hinos cristãos e pagãos é que os hinos cristãos não são simplesmente expressões subjetivas, emocionais, em um ambiente de entretenimento. Em vez disso, eles têm como elementos principais a confissão dos pecados e da fé em um ambiente de reverência e adoração. Assim como muitos dos salmos do AT, os hinos e canções no NT recordam os atos poderosos de Deus ao prover a redenção da humanidade. O foco principal é a exaltação e confissão de Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
Adoração Teocêntrica
Na adoração Adventista do Sétimo Dia o centro das atenções deve ser o Senhor, e não o adorador. Dizer a respeito de um culto, “Ele não atende às minhas necessidades!”, ou “Eu não ganho nada com isso” sugere que o adorador está no centro. Não admira que Deus esteja faltando! Não admira que tão pouco de real valor aconteça! Não admira que freqüentar a igreja se torne um enfado! Não admira que a Palavra de Deus seja muitas vezes enterrada sob os escombros da auto-exaltação humana!
Adoração não é apenas mais um ingrediente em uma salada de atividades planejadas para atender todas as necessidades humanas possíveis, geralmente deixando de fazê-lo. Deixa de atendê-las porque a necessidade humana mais profunda é chegar à presença de Deus em fé e submissão. Porque “o principal dom que recebemos é Deus” (41); o atendimento às necessidades humanas é um gracioso subproduto da adoração teocêntrica.
No contexto da época do juízo, em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia vive e ministra, uma época humanística centrada em si mesma, a radicalidade da adoração é indicada por Apocalipse 14:6-7. Quando se trata de planejar e liderar a adoração, “o verdadeiro profeta está mais interessado em interpretar a natureza e a obra de Deus do que na satisfação das necessidades e desejos do povo.” (42) A responsabilidade pastoral exige que uma congregação seja levada a experimentar o que há de mais elevado, mais sublime, mais majestoso na em adoração. Nunca deve ser deselegante, comum. Uma experiência de adoração teocêntrica/cristocêntrica que louva ao Senhor e ao Cordeiro inevitavelmente resulta em uma renovação tanto da adoração quanto do evangelismo.
Missão Evangelística
A adoração adventista deliberada e conscientemente inclui elementos evangelísticos. Quando modelada segundo o modelo de Apocalipse 4-5, exalta o Criador e Redentor, como a figura central no universo. Adoração que ativamente confessa o pecado, ouve as boas novas do evangelho, responde em fé, e canta louvores ao Senhor e ao Cordeiro é um poderoso meio evangelístico, um poderoso testemunho da verdade.
O adorador experimenta o mistério da Criação e da paixão do Cordeiro no fundo de sua alma, juntamente com a purificação do pecado e o reavivamento do relacionamento com Deus. Isto edifica a fé do crente adventista, e move o adorador a cultuar a Deus no mundo. A fé aumenta por meio do louvor, uma vez que “há um conhecimento de Deus que só pode surgir ao louvá-Lo.” (43) Além disso, a adoração é evangelística, pois em seu contexto, Deus oferece Sua graça salvadora para a congregação vez após vez.
O louvor na adoração pode “provocar uma crise na qual a pessoa ou desiste em desespero ao descobrir sobre si mesma, ou então coloca tudo diante de Deus para receber o perdão e assim torna-se capaz de aprofundar-se no amor e louvor.” (44) O evangelismo é “a dimensão horizontal do louvor – o conteúdo do louvor repetido e explicado aos outros para que possam juntar-se à comunidade de louvor.” (45) Os adventistas adoram “como uma expectativa muito apaixonada da vinda do Senhor”, assim como em “graças e louvor pelo que já aconteceu. A prioridade [é] compartilhar esta notícia, convidando outras pessoas a participar deste futuro agora” com “total confiança na vitória de Deus.” (46)
Se o Cristo a quem seguimos não está ativo apenas no presente mas também é Aquele que vai determinar o futuro, nosso louvor a Ele “transmitirá um chamado profético.” (47) Adoração que conduz à missão não é centralizada em si mesma e individualista. A adoração coletiva é verdadeiramente missionária e evangelística por natureza. Quando a igreja responde ao chamado à adoração, é capacitada para responder ao chamado à evangelização.
A expressão aramaica maranatha pode ser uma das mais antigas orações cristãs. É uma súplica no imperativo, “Senhor nosso, vem!”ou uma declaração no presente “Nosso Senhor veio!” ou “está chegando!” (48) Ambos sentidos eram elementos integrantes da fé e adoração do NT. Os crentes da igreja primitiva eram pessoas que adoravam, esperavam e trabalhavam: adoravam ao Senhor que viera e estava ainda por vir; esperavam a vinda final, e trabalhavam para espalhar as boas novas tanto do primeiro advento quanto do Segundo Advento. Deus vai terminar o que começou, e os crentes participam desta finalização adorando e evangelizando.
Pregando a Palavra
A Igreja Adventista do Sétimo Dia é dedicada ao tipo de exposição bíblica que “organiza os nossos mundos, define nossas identidades, julga nossas atividades, capacita o nosso testemunho, exibe pubicamente as promessas de Deus em Jesus Cristo, oferece o próprio Jesus Cristo, e evoca a nossa liberdade como ‘pessoas’ para responder a Deus ou rejeitá-lo.” (49) É bom lembrar que o discurso de Deus tem precedência sobre a resposta humana.
A Palavra de Deus, lida e pregada, são as armas com as quais Deus subjuga Seus inimigos e liberta a humanidade da escravidão. É a espada em Sua mão, que ele maneja até o último dia! Apartada desta guerra espiritual a Palavra não pode ser entendida, pois lança seus ouvintes sob uma obrigação, exorta e prende, condena e conforta. Não podemos ouvir a Palavra a partir de uma distância segura, porque ela fala de nossa própria existência, da nossa luta contra o pecado e a morte, e da vitória alcançada por nós pelo Senhor Jesus Cristo. Se permanecermos neutros sob a pregação da Palavra, já deixamos de ouvi-la.
Cristo luta Sua batalha cósmica através e pela Palavra. Portanto, devemos permitir que ela domine e molde o culto de Sua igreja.
Qualquer tendência que busque destituir a pregação como o ato central do culto Adventista está igualmente fora de sintonia com Apocalipse 14:6-7. Nem a experiência humana nem o êxtase moderado podem jamais tomar o lugar da Palavra de Deus na adoração. (50) É em resposta à Palavra de Deus, lida e pregada, que o pecador remido louva ao Senhor e ao Cordeiro. É por esta razão que o louvor, liturgicamente falando, não vem cedo demais no culto de adoração. O louvor é o clímax de um culto teocêntrico, durante o qual as razões para o louvor foram previamente estabelecidas. Penitência, em resposta ao discurso de Deus nas Escrituras e no sermão, precede louvor.
Sem uma perspectiva da história sagrada, reencenada, ilustrada, demonstrada, proclamada na adoração coletiva, o movimento do Advento ficará preso dentro da cultura atual, talvez até mesmo dentro de sua própria subcultura. O momento atual da história se torna o padrão. As raízes da adoração adventista não estão nos séculos XVI ou XIX ou XX, mas no AT e nas práticas da igreja primitiva, particularmente conforme representados em Apocalipse 4, 5 e 14.
Adoração Equilibrada
É possível distorcer o que foi dito acima acerca do louvor. Tomado fora do contexto da pregação da Palavra de Deus, o louvor pode degenerar em emocionalismo descontrolado e fanatismo. Existem abrangentes advertências para que fiquemos longe de tal distorção e degeneração na adoração adventista. Observe o seguinte:
“Se trabalharmos para criar excitação do sentimento, teremos tudo quanto queremos, e mais do que possivelmente podemos saber como manejar. Calma e claramente ‘prega a Palavra’. Importa não considerar nossa obra criar excitação.” (51) Sentimentos e emoções não devem ser autorizados a “assumirem o domínio sobre o juízo calmo.” (52) “Mero ruído e gritos não são sinal de santificação, ou da descida do Espírito Santo.” (53) No contexto de uma declaração em que gritos, tambores e danças são mencionados, somos advertidos a não dar incentivo a esse tipo de adoração. (54)
Tanto a proclamação quanto a aclamação, são componentes importantes na adoração da igreja dos últimos dias, conforme indicado por Apocalipse 14:6-7. Não é necessário haver uma dicotomia entre a pregação e louvor se estes forem mantidos em equilíbrio, se é tomado o cuidado de pregar “a antiga doutrina do evangelho, a tristeza pelo pecado, o arrependimento e a confissão” (55) em um contexto de louvor com ordem, disciplina e dignidade. (56) A melhor maneira de evitar o emocionalismo, o fanatismo e o subjetivismo na adoração é dar uma atenção séria e cuidadosa à exposição das Escrituras na pregação, e buscar o equilíbrio da ordem de culto em si.
O plano de Satanás é tentar a igreja a se mover em direção a um dos dois extremos: o emocionalismo ou o formalismo frio; o subjetivismo, sem base objetiva ou a objetividade sem resposta subjetiva; a emoção pura, sem a Palavra, ou a Palavra sem louvor. Quando expressões de louvor não são permitidas na adoração, os extremos são atraentes. O sermão é denegrido, e os apelos à ação são ouvidos, quer sob a forma de liturgias elaboradas ou em um tipo de “celebração”, no qual gritos, palmas, movimentos corporais e até mesmo a dança são encorajados. Se as multidões são atraídas, a igreja pode convencer a si mesma de que eles são a prova do crescimento e da espiritualidade.
A celebração, dando expressão ao louvor na música ou no testemunho, é apenas um dos elementos vitais de uma experiência de adoração equilibrada e holística. Torná-la o elemento principal é deslocar o culto inteiro, e menosprezar outros elementos vitais como confissão, contrição, ação de graças, ensinamento, sacramentos, testemunho, dedicação e sacrifício em dar e em servir. O culto cristão deve ocorrer em um quadro de “liberdade disciplinada.” (57) Isto quer dizer que ele está sujeito aos padrões e condições derivados do conteúdo bíblico da fé.
Não será necessário dizer, contudo, que a experiência coletiva de adoração pode sempre ser melhorada, a fim de que possa ser cada vez mais aquilo que deveria ser. Conforme buscamos a renovação e melhoria da adoração, vamos fazê-lo – sempre conscientes da necessidade de equilíbrio – com todos os elementos essenciais presentes. Não vamos nos concentrar em um elemento, para a degradação dos outros.
Havendo dito isto, talvez precisamos reconhecer o fato de que o movimento dos cultos de celebração dentro do adventismo está chamando a atenção para a necessidade de renovação da adoração. O fato de não termos dado à adoração a atenção que Apocalipse 14:6-7 exige, produziu um vácuo. Não deveríamos nos surpreender com aquilo o que o preenche.
Mas sejamos equilibrados também em nossa resposta a este fenômeno. Não vamos assumir a posição extrema de que, porque estamos vivendo no dia da expiação antitípico, o louvor e a celebração sejam inadequados. As boas novas do perdão dos pecados e da promessa do breve retorno do Senhor são certamente um motivo de alegria entre o povo de Deus, legitimamente expressos na adoração. Consideração cuidadosa, investigação, análise e educação são necessárias para que os extremistas [de qualquer um os lados] não determinem o resultado.
A Verdade do Grande Conflito
Não é por acaso que a principal contribuição de Ellen G. White para a história do pensamento cristão é seu desenvolvimento do tema do grande conflito. Esta é a razão pela qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia é tanto fenomenalmente bem sucedida quanto angustiantemente problemática. Um dos aspectos fundamentais de sua missão é o de expor a conspiração satânica, trazer à luz essas forças ocultas que poderiam inibir ou destruir todo vestígio de espiritualidade, e proclamar a vitória do Calvário sobre essas forças.
Atacar um inimigo é convidar a uma retaliação. Quando a igreja faz isso, ela se torna vulnerável. Só uma coragem dependente ousaria tal coisa. A coragem que decorre, não da consciência das capacidades inerentes, mas da consciência de uma terrível fraqueza e total dependência, pela fé, nAquele que chama a Igreja para a sua missão, lhe assegura a vitória final. É uma coragem recebida, não conquistada, em resposta às súplicas de fé, que permite a consciência de que ela constitui o núcleo de uma nova comunidade que será fiel enquanto discípulos de Jesus Cristo.
Esta consciência encontra sua máxima expressão na evangelização do mundo e na missão mundial. A igreja reconhece o chamado de Deus para ser uma comunidade de adoração e de amoroso sacrifício, disposta a gastar a vida que foi dada, para o bem daqueles que estão morrendo para a vida. Ao adorar a Deus, a igreja se coloca na posição de receber, para que possa evangelizar a partir de uma posição de dar; em primeiro lugar voltando a sua face coletiva para Deus, que é a fonte da graça e da vida e da fé, em seguida, para o mundo em serviço de amor.
A controvérsia entre o reino de Deus e os reinos do mundo é evidente no material relacionado à adoração do NT. Lembre-se da resposta da igreja à libertação de Pedro e João da prisão: “Ouvindo isso, levantaram juntos a voz [em oração] a Deus.” Eles apelaram a Deus, cujo poder se manifestou na Criação, pedindo-Lhe que anulasse as forças terrenas que “conspiram contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste” (Atos 4:24, 27).
O som da sétima trombeta em Apocalipse 11:15 sinaliza o fim do conflito, e anuncia o dia final da libertação. Vozes celestiais declaram que “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Em resposta a essa declaração retumbante da vitória final, os vinte e quatro anciãos prostram-se sobre seus rostos e adoram a Deus:
A necessidade fundamental do adorador contemporâneo Adventista é ser capacitado para viver de maneira fiel, corajosa e obediente durante o tempo do grande conflito em meio de um sistema mundial corrupto. A adoração adventista atende a essa necessidade espiritual somente quando o Senhor e o Cordeiro são o seu foco principal, quando são glorificados, louvados, como a única fonte confiável e segura de salvação e da graça para vencer. “A natureza radical da fé bíblica é evidente justamente no momento da adoração”, diz Lind. (59)
Talvez a razão pela qual não damos glória e louvor a Deus como deveríamos é porque “a graça de Deus não é mais um dom para nós”, como diz Willimon. Ela é tão absolutamente esperada. “É nosso direito, nosso privilégio, nossa conquista. Esta é a blasfêmia contra o qual falaram os profetas.“(60)
A luta da igreja dos últimos dias é a mesma que a do antigo Israel e da igreja primitiva. Ela luta externamente, contra a influência de “Babilônia” (Apocalipse 14:8; 18:2-5), as forças do mal e da apostasia, representadas pela besta de Apocalipse 13 e, internamente, pela preservação da fé diante da dúvida e ceticismo.
Vitória do Céu
O trágico “Caiu! Caiu. . . !” (Apocalipse 18:2) de que fala o anjo sobre a igreja apóstata, e os “Ai! Ai. . . !” (18:10, 16, 19) clamados por aqueles no mundo que testemunham o seu triste fim, são seguidos por alegre e triunfantes “Aleluias!” (19:1, 3, 4, 5, 6) do céu. Com um rugido como um trovão, o grande hino é cantado no céu pelos redimidos: “Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos” (19:1-2).
Novamente eles respondem: “Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre” (19:3).
Uma voz então vem do trono convidando os adoradores celestiais a “Louvar o nosso Deus.” A resposta vem novamente, em um imenso coro que brada “Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo poderoso. Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino, brilhante e puro” (19:6-8).
Poderia ser que um elemento vital no alto clamor da missão Adventista seja a comunidade remanescente pregando e louvando a Deus e ao Cordeiro? A religião cristã não é apenas acerca de moral e caráter, trata-se de alegria e louvor. Justiça, paz e a “alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17) são as qualidades do reino de Deus. Alegria no Senhor é um fruto principal do Espírito (Gálatas 5:22).
Ellen G. White comenta o seguinte a respeito do significado do louvor para os adoradores do Adventistas Sétimo Dia no contexto do grande conflito, tendo vista o grande clímax: “Louvores, como correntes limpas de águas, virão dos verdadeiros crentes de Deus.” (61)
Talvez precisemos ser lembrados de que o próprio Senhor, que até agora louva ao Pai no meio da congregação, um dia em breve “com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, ... descerá dos céus” (I Tessalonicenses 4:16).
Fonte - Música e Adoração
Notas:
1 James F. White, New Forms of Worship (Nashville, 1971), p. 52
2 Ronald Allen e Gordon Borror, Worship: Rediscovering the Missina Jewel (Portland:, 1982), p. 9. Veja também Robert Webber, “Worship: A methodology for Evangelical Renewal,” em TSF Bulletin, Setembro-Outubro, 1983, p. 8.
3 J. Massynyngberde Ford, Revelation, AB (Garden City, NY, 1975), p. 233.
4 Conforme Hebreus 12:1-29, especialmente o verso 22: “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião,” (NIV).
5 The SDA Bible Commentary, v. 7 (Washington, DC, 1980), p. 825.
6 Os 144,000 são uma alusão ao remanescente do AT, que foi redimido e protegido por Deus para restabelecer a nação e livrá-la de todos os inimigos, em preparação para o dia da ira. Ver Obadias 16-17; Joel 3; Jeremias 2:2-3, 23; Sofonias 3:12-13.
7 Todas as citações das Escrituras são da Nova Versão Internacional, a menos que indicado de outra forma.
8 C. Mervyn Maxwell, “The Remnant in Adventist History” (manuscrito não publicado, 1989), p. 8.
9 C. Raymond Holmes, Sing a New Song (Berrien Springs, MI, 1984), p. 141.
10 See Willem Altink, “1 Chronicles 16:8-36 As Literary Source for Revelation 14:6-7,” AUSS, vol. 22, no. 2, Verão de 1984, 187-96; and “Theological Motives for the Use of 1 Chronicles 16:8-36 As Background for Revelation 14:6-7,” AUSS, vol. 24, no. 3, Outono de 1986, 211-21, Para uma discussão sobre esses quarto termos. Se I Crônicas 16:8-36 foi usado inconscientemente pelo autor do Apocalipse como uma fonte literária ou contexto é discutível; porém os paralelos são surpreendentes e temos uma dívida para com Altink por haver chamado a nossa atenção para eles.
11 Peter Brunner, Worship in the Name of Jesus (St. Louis, 1968), p. 207.
12 Ibid, p. 210.
13 Ibid.
14 Ibid, p. 211.
15 Veja Apocalipse 1:6; 4:9-11; 5:12-13; 7:12; 11:13; 14:7; 15:4; 19:1, 7.
16 Holmes, Sing a New Song, p. 40.
17 IB 12 (New York, 1957), p. 592.
18 Robert Webber, Worship Old and New (Grand Rapids, 1982), p. 30.
19 Conforme Êxodo 12:24-28, 42; 13:8, 14.
20 Daniel W. Hardy and David F. Ford, Praising and Knowing God (Philadelphia, 1985), p. 29.
21 Ibid, p. 30.
22 Veja também Apocalipse 7:11; 11:16; 19:4.
23 Brunner, Worship, pp. 211-12.
24 Mateus 4:9; Lucas 4:7; cf. Apocalipse 9:20 e 13:4, 12.
25 Holmes, Sing a New Song, p. 18-19.
26 Millard Lind, Biblical Foundations for Christian Worship (Scottsdale, PA, 1973), p. 40.
27 Hardy/Ford, Praising and Knowing God, p. 1.
28 Ibid, pp. 19-20.
29 Brunner, Worship, p. 212.
30 Robert E. Webber, Evangelicals on the Canterbury Trail (Waco, TX, 1985), p. 40.
31 William Willimon, The Bible (Valley Forge, PA 1981), p. 89.
32 Citado por Martin Marty in Context, 1 de Outubro de 1990, p. 2.
33 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (New York, 1961), pp. 9-10.
34 Ibid, p. 12.
35 Brunner, Worship, p. 208.
36 Ralph P. Martin, Worship in the Early Church (Grand Rapids, 1964), p. 39.
37 Hans K. LaRondelle, Deliverance in the Psalms (Berrien Springs, MI, 1983), p. 4.
38 Martin, Worship in the Early Church, p. 47.
39 Veja João 1:1-14; Romanos 11:33-35; Efésios 1:3-10; Filipenses 2:6-11; Colossenses 1:15-20; I Timóteo 3:16; Hebreus 1:3; I Pedro 1:18-21; Apocalipse 12:10-12.
40 Martin, Worship in the Early Church, p. 52.
41 Willimon, The Bible, p. 34.
42 Ibid, p. 76.
43 Hardy and Ford, Praising and Knowing God, p. 10.
44 Ibid, p. 15.
45 Ibid, p. 19.
46 Ibid, p. 65.
47 Ibid, p. 66.
48 Willimon, The Bible, pp. 24-25.
49 Steven Franklin, “The Primacy of Preaching,” The Covenant Quarterly, Fevereiro de 1990, p. 5.
50 Ibid., p. 6.
51 Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 16.
52 Ibid, p. 17.
53 Ibid, p. 35.
54 Ibid, p. 37.
55 Ibid, 19.
56 Ibid, pp. 35, 41-42.
57 J. J. von Allmen, Worship: Its Theology and Practice (New York, 1965), p. 104.
58 Holmes, Sing a New Song, p. 30.
59 Lind, Biblical Foundations, p. 56.
60 Willimon, The Bible, pp. 78-79.
61 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 6 (Mountain View, CA, 1900), p. 367.
62 Ibid, pp. 366-7.
63 Webber, Worship Old and New, p. 95.
Tiago F. White observa: “Remova o culto cristão, e será difícil conceber o cristianismo como duradouro” (1) Se isto for verdade para o cristianismo em geral, certamente é verdade para a Igreja Adventista do Sétimo Dia em particular.
Uma vez que a Igreja Adventista tem sido comissionada com um ministério exclusivo para um momento específico da história, a razão para a sua adoração está significativamente relacionada a esse momento e essa singularidade. A fim de manter sua vitalidade e desempenhar fielmente o seu ministério no tempo do fim, a igreja deve insistir no uso máximo das Escrituras, na participação ativa da congregação, e em um foco teocêntrico, em seus cultos públicos.
Os crentes cristãos primitivos usavam as Escrituras em sua vida de adoração coletiva; as narrativas históricas relatam de maneira especial os atos poderosos de Deus. Estes relatos inspiravam o louvor. Este uso da Escritura construiu a fé da comunidade dos crentes, especialmente nos momentos de dificuldade e perseguição. Essa necessidade é premente hoje também.
Para ter certeza do forte impacto da Palavra de Deus, sugiro que mais de uma passagem da Bíblia seja lida durante o culto: como um texto do AT, uma epístola e um texto dos Evangelhos do NT. Cuidadosamente escolhidos, estes textos devem apoiar de uma forma harmoniosa o tema do culto do sábado. O sermão pode ser baseado em um ou todos os três textos das Escrituras.
O culto divino não deve ser concebido como uma forma de entretenimento religioso, no qual a ação acontece “na frente”, e a congregação permanece passiva. A passividade congregacional leva o pastor a pensar em termos de desempenho: a plataforma e o público a funcionando em uma atmosfera de excitação religiosa. Tudo teria que ser “emocionante” e/ou “especial”, e culto se tornaria cada vez mais secularizado e manipulador.
Não reconhecer as formas de comunicação, além da verbal, como componentes vitais da experiência plena da adoração é “uma heresia custosa que pode muito bem estar roubando a igreja de muitos dos seus bens espirituais.” (2) A passividade congregacional também é questionável na medida em que cria um vácuo que pode ser preenchido pelo emocionalismo e pelo fanatismo.
Em harmonia com Apocalipse 14:6-7, o culto adventista autêntico é decididamente teocêntrico. Embora o culto antropocêntrico encoraje o emocionalismo desenfreado, o culto teocêntrico produz a convicção de Isaías: “Sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6:5). Ao invés de seguir as pressões da cultura, a Igreja é desafiada a permanecer fiel às normas bíblicas, especialmente com relação à proclamação da Palavra de Deus, juntamente com a resposta de louvor da congregação em adoração.
Adoradores Identificados
Seguidores de Cristo no Tempo do Fim
Uma descrição vívida dos verdadeiros adoradores de Deus no tempo do fim (Apocalipse 14:1-5) é encontrada entre as cenas finais da perseguição de Apocalipse 13:11-17 e no convite à adoração em Apocalipse 14:6-7. O convite à adoração é dado através destas pessoas específicas, identificadas e descritas nestas passagens. Elas estão reunidas no Monte de Sião, um “símbolo de regozijo e segurança” (3), bem como um lugar de revelação. (4) Elas estão com o Cordeiro, indicando “o triunfo sobre a besta e a sua imagem”. (5) Elas são identificadas como povo de Deus, o remanescente remido e fiel que têm Seu nome escrito nas suas testas (cf. Deuteronômio 6:8), sugerindo louvor contínuo.
Em contraste com a blasfêmia da besta (Apocalipse 13:5-6), sons de cânticos vêm dos 144.000. (6) Eles cantam um novo cântico de louvor, triunfo e vitória. O que é “novo” são os eventos da história sagrada diretamente relacionados com a vida e o ministério de Cristo: seu nascimento, sofrimento, morte, ressurreição, ascensão e promessa de retorno. Somente os redimidos podem cantar o cântico novo. O som de louvor que fazem é como a mistura orquestrada da melodiosa harpa, um instrumento singularmente adaptado para o louvor a Deus (Salmos 149:3, 150:3).
Características dos Seguidores do Tempo do Fim
O novo cântico é cantado a Deus, não à humanidade, e exalta a redenção pela graça, a renovação e a transformação. A novidade de vida é indicada pelo fato de que os cantores são puros e imaculados. Eles não cometeram fornicação/adultério espiritual com “a grande prostituta” (17:1), “Babilônia, a Grande” (18:2 em diante). (7) Lançaram fora a idolatria e se recusaram a adorar ou seguir “a[s] besta[s] “(13:2, 11). “Virgens” espirituais, não cederam à tentação da sensualidade espiritual e são “oferecidos como primícias para Deus e para o Cordeiro” (14:4).
Os próprios remidos são a oferta definitiva a Deus (14:4). O supremo ato de adoração é a rendição total do ser e da vida a Deus, para ser usado na redenção do mundo (cf. Romanos 12:1). Concretamente, isso significa obedecer aos mandamentos de Deus e permanecer fiel a Jesus Cristo (14:12). Ser “oferecido como primícias” pode significar a disposição de pagar o preço final pela adesão ao povo da verdade – um povo sacrifical no sentido mais amplo.
Como eles servem a Deus, não distorcem as distinções entre bem e mal, certo e errado: “Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas” (14:5). Eles não proclamam falsas profecias, vivem e falam a verdade, porque são irrepreensíveis (“amomos”, sem defeito), não contaminados por idéias e modos de vida falsos. Eles permitem que os mandamentos de Deus, Sua vontade revelada, estabeleçam suas crenças e estilo de vida.
Os seguidores do Cordeiro se distinguem pela sua posse da verdade, que é a ausência (e não apenas o oposto) da falsidade. Eles não têm nada a ver com a falsidade, nem mesmo uma mistura de verdade e falsidade (cf. Sofonias 3:9-14). Toda idolatria é considerada como fornicação e adultério espiritual (Deuteronômio 12:2; cf. Jeremias 2:20). Afinal, foi prometido ao povo remanescente que seus pecados seriam todos perdoados (Jeremias 50:20), eles seriam achados sem maldade (Jeremias 50:20; Isaías 4:2-5), e livres de todas as mentiras (Sofonias 3:13). (8)
Portanto, Apocalipse 14:1-5 identifica as pessoas a quem e através de quem o convite à adoração a Deus é entregue em um momento de crise. Eles estão na posição e condição para receber e proclamar a mensagem para adorar a Deus e ao Cordeiro. Eles desejam fazê-lo, amam fazê-lo. Eles não estão procurando o sacro no secular, mas amam o sacro pelo seu próprio valor.
O Convite à Adoração
Centralidade da Adoração
O convite à adoração é dado pelo primeiro anjo em Apocalipse 14:6-7, e é dirigido a uma humanidade que é idólatra e supersticiosa, seduzida pela besta e o falso profeta (Apocalipse 13:3-8, 11-17). O convite à adoração a Deus é visto em contraste com a adoração à besta e à sua imagem (cf. 14:9), a suprema transgressão dos mandamentos de Deus.
A mensagem do primeiro anjo envolve muito mais do que um simples anúncio de que “chegou a hora do seu juízo” (14:7). Ela declara o que o mundo todo, e especialmente a Igreja, deveria estar fazendo à luz desse fato: “Temam a Deus e glorifiquem-no.” O resultado da proclamação do “evangelho eterno” é o aumento de pessoas que adoram a Deus. Evangelismo “é a extensão da vida de adoração da igreja ao mundo.” (9)
Portanto, a atividade principal da igreja remanescente, e sua marca mais distintiva, é a adoração. Os adventistas do sétimo dia são um povo de submissão e de louvor. São um povo chamado para “proclamar a minha glória entre as nações” (Isaías 66:19).
Apocalipse 14:7 fornece o conteúdo adicional e específico do evangelho eterno, conforme ele se impõe sobre o ministério da igreja dos últimos dias e sobre o mundo, no momento em que esta igreja está ministrando. O versículo 7 é uma continuação e ampliação do versículo 6. O evangelho eterno a ser pregado pela igreja no fim dos tempos, nos últimos dias da história da Terra é um convite específico para “temer” a Deus, para dar “glória” a Deus, e para “adorar” a Deus, precisamente porque “chegou a hora do seu juízo.” (10)
Adoração Teocêntrica
As duas expressões fundamentais da adoração são “temer” a Deus e dar “glória” a Deus. O primeiro tem conotações éticas e morais e obrigações que envolvem a obediência como prova de fé. O segundo tem conotações litúrgicas que envolvem o ato de adoração em si com relação aos indivíduos e também ao corpo coletivo de crentes conhecido como o remanescente. Nesta última ligação é importante notar que a Bíblia não reconhece tal coisa como uma pessoa remanescente, somente um povo remanescente. O remanescente é um conceito coletivo.
“Temer” a Deus tem conseqüências individuais em termos de salvação, e dar “glória” a Deus tem conseqüências coletivas em termos da missão da igreja – aquela que é enviada ao mundo para ser e para fazer.
O convite à adoração é teocêntrico, não há nenhum vestígio de antropocentrismo. É Deus quem deve ser temido, ser adorado, a quem a glória deve ser dada, não o homem. A adoração é primariamente uma ocasião para que Deus fale, à qual Seu povo responde.
Em lugar algum é o grande conflito entre Deus e Satanás mais evidente, mais dramatizado, do que na adoração da igreja dos últimos dias. Ela está em contraste direto, em conflito, com os governos terrenos e com as organizações eclesiásticas apóstatas. É por isso que a adoração é tanto um ato político quanto religioso, desafiando todos os que querem usurpar o lugar e autoridade de Deus. Observar o sábado do sétimo dia fielmente é uma parte desse desafio.
Esta adoração por parte do povo de Deus tem um impacto cósmico no sentido em que no final todos os principados e potestades se dobrarão e confessarão o Senhorio de Cristo (Filipenses 2:9-11). Ela “abre a porta para admitir as últimas coisas, e já participa, na sua fraqueza e imperfeição hesitante, daquilo que um dia vai ocorrer, e já está ocorrendo, diante do trono de Deus.” (11)
Louvor Congregacional
O louvor de uma congregação cristã é a participação com todos os santos no cântico do “cântico novo”, o cântico de Moisés e do Cordeiro. Quando a igreja louva ao Senhor e ao Cordeiro, ela adentra de maneira especial no santuário celestial pela fé e se junta às hostes celestiais no novo cântico. O louvor é o “meio da comunhão perfeita entre Deus e a criatura.” (12)
O louvor antecipa um relacionamento perfeito em que tanto a luta do homem contra o pecado quanto a resistência ao trabalho do Espírito são encerrados por causa da vitória de Cristo (Gálatas 5:13-25). Não há coisa alguma para impedir a expressão deste relacionamento em louvor. As necessidades humanas não ocupam mais o primeiro lugar na mente do adorador. O adorador é capaz de concentrar-se total e completamente em oferecer ao Senhor e ao Cordeiro o louvor devido a Ele pela vitória que tornou possível. Não há nada mais a fazer além de glorificar a divindade que fez tudo. A obra do Céu foi terminada na Terra, e produziu os frutos da plena salvação e restauração.
O louvor se ergue “no final de toda a luta” e é um “hino da vitória.” (13) Louvor é a última palavra da Igreja acerca de Deus, um “sinal do fim dos tempos, indicando que Deus um dia será tudo em todos.” (14) Não é de se admirar quanto louvor é encontrado no último livro da Bíblia! (15)
Rejeitando a Falsa Adoração
A fim de adorar a Deus plena e livremente, a fim de adorar em espírito e em verdade (João 4:24), o povo de Deus deve reconhecer a queda de Babilônia e “sair dela” (Apocalipse 18:4) para que não “participem dos seus pecados.” O grande pecado é a proclamação de “um falso deus conquistando pessoas para adorá-lo por meio de uma falsa mensagem pregada por uma falsa igreja a todo o mundo. ... O céu vê a situação como uma oportunidade divina e como um prelúdio para o retorno do Senhor à terra.” (16) Além disso, a mensagem de Apocalipse 14:9-11 é um terrível aviso para aqueles que continuam a adorar o falso deus.
Convite ao Compromisso
O versículo 12 identifica ainda mais os verdadeiros adoradores de Deus. Ele indica que a situação (descrita nos versículos anteriores), “apela para uma resistência paciente [firme]”, como a de um atleta olímpico. Não é possível entregar os pontos no momento de crise; em vez disso um propósito teimoso, extremamente focado prevalece. Essa resistência em face do adultério espiritual e apostasia religiosa militante é honrada até mesmo diante da morte (v. 13; cf. 12:11). Estas pessoas são chamadas de mortos “bem-aventurados”, advertidas a serem fiéis até a morte, e Deus lhes dará a coroa da vida (2:10).
As distinções entre Apocalipse 13 e 14 são claras e inequívocas. Elas exigem uma ação decisiva, decisões claras baseadas na verdade revelada, não em idéias de homens que muitas vezes tornam indistintas as diferenças e acomodam um “vício característico de toda a idolatria e mundanismo.” (17) O Apocalipse conclama a uma fé religiosa madura que está disposta a pagar o preço de tal distinção.
Não podemos agir com base crenças religiosas ambíguas e incertas. A fé cristã não é simplesmente mais uma entre uma verdadeira salada de religiões, sendo todas elas válidas. Apenas uma igreja que possua uma mensagem determinada e explícita é que tem o direito, a autoridade, a audácia, para chamar as pessoas à decisão e à ação.
Hora do Juízo
Isto é especialmente relevante e crítico, quando o juízo final é iminente e o tribunal do Céu está em sessão (Daniel 7:9-10; Apocalipse 14:7). É no contexto dessa condição cósmica que o Criador convida de forma inequívoca para a adoração, expressa em total fidelidade a Ele e à Sua verdade revelada, não importa o custo. É a consciência do tempo do juízo que move os crentes a temer, glorificar e adorar a Deus. Perder esta consciência é perder a motivação para a adoração e para a missão por parte da própria igreja à qual, e através da qual, o convite é feito. Essa consciência deve realizar para a igreja aquilo que todos os anos de formação e reforma fizeram apenas parcialmente: a rendição espiritual total ao Senhor e ao Cordeiro, demonstrada na adoração e na vida individual e coletiva.
Confessando a Fé
Não pode haver compromisso com o mal por parte da Igreja escatológica, não pode haver trégua com o diabo. A comunidade cristã foi comissionada por seu Senhor para que “batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos” (Judas 3). Deus sempre pretendeu que a Igreja fosse uma força de invasão, permeando a cultura e suas instituições.
A igreja faz isso principalmente pela sua confissão a respeito de Jesus Cristo como Senhor (Filipenses 2:11; I Coríntios 12:3), como Messias (I João 5:1), e como Filho de Deus (I João 4:15). Tais confissões suscitam a ira das nações (Apocalipse 11:18), e enfurecem o “dragão” que faz guerra contra “os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus.” (Apocalipse 12:17). Na afirmação “Jesus é o Senhor” (I Coríntios 12:3) está ligado o conteúdo da confissão, da proclamação e da motivação da igreja para a adoração e a missão. É o desafio supremo para qualquer outra divindade ou autoridade.
A resposta do povo de Deus nesta hora é adorá-Lo com mais fervor, em obediência dedicada e alegre louvor. Oram a Ele, ouvem ansiosamente a Sua Palavra e cantam hinos de louvor ao Senhor. Na “hora do seu juízo”, as opiniões e filosofias dos homens não resistem ao teste de confiabilidade, mas o povo de Deus coloca o seu caso sobre a garantia da arca da aliança.
Na verdade, o cristão dá glória a Deus por uma vida de obediência, mas há mais do que uma dimensão ética/moral neste convite à adoração. O convite à adoração é um convite ao louvor.
Louvor na Adoração
Antigo Testamento
Embora haja elementos comuns, existem também diferenças marcantes entre a adoração do Antigo e do Novo Testamento, em grande parte devido aos acontecimentos históricos que iluminaram aquela adoração e suscitaram o louvor. (18)
Falsa Adoração Rejeitada
Uma grande crise de culto, iniciada pelo Rei Nabucodonosor, teve lugar durante o cativeiro babilônico. Os arautos do Rei anunciaram que, a um sinal dado, todos os presentes deveriam “prostrar-se em terra e adorar a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor ergueu. Quem não se prostrar em terra e não adorá-la será imediatamente atirado numa fornalha em chamas”. (Daniel 3:5-6).
Três jovens judeus corajosamente recusaram aquele convite à uma falsa adoração. Sua resposta, “não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (3:18), enfureceu o rei. Com sua autoridade contestada, o rei ordena que os três homens fossem lançados na fornalha, da qual são resgatados pela graça divina. Deus usa a oportunidade para revelar que Ele é o Deus verdadeiro, o qual é O único a ser adorado.
Formação Religiosa Anterior
Qual era tradição de adoração que inspirou essa coragem, convicção e louvor?
Razão para a existência de Israel. A nação de Israel foi criada com o propósito de adorar e dar glória a Deus (Isaías 43:21).
Livramentos relembrados. A memória coletiva das libertações era parte da tradição da adoração. Sem dúvida, os três bravos rapazes lembraram-se da resposta de Moisés e dos israelitas após o resgate no Mar Vermelho, como eles cantaram um cântico de louvor e glória a Deus por Seu triunfo (Êxodo 15:1-2).
Os poderes do Criador. A memória coletiva do ato da criação de Deus também fazia parte da tradição de adoração hebraica. Quando a arca da aliança foi trazida para Jerusalém, uma grande festa foi planejada. O Rei Davi escreveu um salmo para a ocasião, um convite para cantar louvores ao Senhor por seus maravilhosos atos na história. Onze dos 29 versos louvam ao Senhor por Seu poder e atividade criadoras (I Crônicas 16:23-33).
Comemorações religiosas. Os grandes festivais mantiveram viva a tradição de adoração. O sábado, o Dia da Expiação, juntamente com todos os outros festivais, eram dias de “santa convocação” (Levítico 23:3-37). Eles eram “solenidades” festivais e “ordenanças perpétuas” (Levítico 23:2, 14). Deus estava presente nas atividades de adoração da comunidade da aliança. Elementos materiais e ações que faziam parte da adoração serviam como meio pelo qual a congregação lembrava e revivia os acontecimentos da história redentora.
Confissões de fé. Os louvores de confissão de Israel soavam nos ouvidos dos três corajosos jovens judeus. Por exemplo, o Shema: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor” (Deuteronômio 6:4), era uma declaração de confissão de louvor, feita em resposta aos Dez Mandamentos e suscitada pelo reconhecimento dos atos poderosos de Deus. Havia também a confissão sob a forma de narrativa histórica, não só por palavras, mas através de um cerimonial/ritual, tal como aquele relacionado com a observação da Páscoa. (19)
Cânticos de louvor. Cânticos de louvor desempenhavam um papel vital na preservação da memória coletiva de Sadraque, Mesaque e Abednego. Tal como a vitória de Deus durante a batalha de Judá contra os exércitos de Moabe, Amom, e do monte Seir, em resposta à canção de fé cantada por Seu povo (II Crônicas 20:1-29). Esta é uma história de vitória para ser contada, vez após vez pelo povo remanescente de Deus, um convite a louvar a Deus no meio da batalha contra a apostasia. Ir de encontro ao inimigo com o coro é a estratégia mais adequada para a vitória na batalha espiritual contra todas as adversidades.
Novo Testamento
O NT mostra que o louvor é o cerne da fé e adoração cristã como testificam a carta de Paulo aos Filipenses e Apocalipse 4-5.
O foco principal da oração cristã é louvar e glorificar o Senhor (Mateus 6:9-10). As petições são secundárias (vs. 11-13). O objetivo da adoração e louvor do NT era “para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:6). Os primeiros cristãos não cantavam suas canções sozinhos. O louvor do povo redimido de Deus está em harmonia com a atividade de nosso Senhor no meio deles. O livro de Hebreus fala de Jesus dizendo: “Cantar-te-ei [a Deus] louvores no meio da congregação” (Hebreus 2:12 b). Jesus é o exemplo da igreja para o cântico de louvor.
O poder inerente ao cântico de louvor a Deus se manifesta na experiência de Paulo e Silas na prisão de Filipos. Em resposta aos seus cânticos de louvor as fundações foram abaladas, as portas se abriram, as correntes se soltaram, o carcereiro e toda sua família foram convertidos e ele, “com todos os de sua casa alegrou-se muito por haver crido em Deus” (Atos 16:25-34).
Filipenses. A carta de Paulo aos Filipenses emana esse tipo de louvor. Paulo ora “com alegria” (1:4), advertindo os crentes a viverem na expectativa da volta de Cristo “para a glória e louvor de Deus” (1:11). Ele se alegra de que Cristo seja anunciado, apesar dos motivos diversos de seus anunciadores (1:18). Ele afirma que “com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (1:20). Seu propósito no ministério é alcançar a “alegria na fé” dos crentes (1:25). Sua confissão de que Jesus Cristo é o Senhor glorifica a Deus (2:11). Na adoração os crentes “[gloriavam] em Jesus Cristo” (3:3). No entanto, louvar e glorificar o Senhor não significa uma experiência concluída; significa crescimento: “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (3:13-14).
O louvor é a “linguagem natural” (20) da vida de fé. Viver regozijando-se no Senhor significa que “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” (4:7). Regozijar-se no Senhor e exaltar Sua glória é o “único contexto seguro para uma vida plena e livre intelectual e emocionalmente.” (21) O uso planejado pelo Criador para a mente humana é pensar naquilo que é digno de louvor: “tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor” (4:8).
O contentamento em relação às coisas materiais é uma das conseqüências de uma vida de louvor, e só é possível “nAquele que me fortalece” (4:13). É por isso que Paulo podia dizer aos Filipenses que “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus. A nosso Deus e Pai seja a glória para todo o sempre. Amém” (4:19-20).
O que acontece com aqueles que não adoram e louvam a Deus é descrito por Paulo em termos ilustrativos, em Romanos 1:18-32. Quando o temor de Deus é removido, o vácuo é “cheio de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade” (v. 29).
Durante o tempo da ira de Deus, (descrito em Apocalipse 16) após o fechamento da porta da graça, a importância da adoração e de dar a glória/louvor a Deus é realçada. Como a humanidade se torna endurecida quando nem a misericórdia de Deus nem a Sua ira são capazes de levar as pessoas ao arrependimento! Acerca desta realidade, Apocalipse 16:9 diz, “amaldiçoaram o nome de Deus … contudo, recusaram arrepender-se e glorificá-lo.”
Apocalipse 4-5. Em Apocalipse 4:10 os 24 anciãos “se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram [proskuneo] aquele que vive para todo o sempre”. Em 5:14, após os hinos de louvor, os 24 anciãos “prostraram-se e o adoraram.” Uma tradução literal seria “prostraram-se, e curvaram-se.” Um ato de adoração é algo pensado.(22) A declaração de Paulo “se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus” (I Coríntios 14:25), no contexto de uma longa discussão sobre a adoração, parece indicar que o ato de prostrar-se provavelmente era parte do culto da igreja do NT. Aparentemente os discípulos adoraram o Cristo ressurreto deste mesmo modo antes de Sua glorificação (Mateus 28:9, 17; Lucas 24:52).
Por que os discípulos do Senhor responderam desta forma? Porque, “eles O viram investido com a onipotência de Deus. Coagidos por essa prova de poder, curvaram-se diante dEle e realizaram a proskynesis, exclamando: ‘Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus!’” (23) Essa foi a resposta de Daniel, quando Cristo apareceu para ele e ele diz “me amedrontei, e caí sobre o meu rosto” (Daniel 8:17-18, ACF). O que mais se faz na presença da divindade? Curvar-se diante do Senhor não é o gesto definitivo, o sinal, o testemunho, que declara o domínio do Senhor e do Cordeiro?
A questão central da adoração no grande conflito é cristalizada neste tipo de adoração que o diabo buscou obter de Jesus: “Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares [proskuneo]”. (24) Prostração, que é um símbolo de arrependimento e submissão, é um controle à exuberância desenfreada e expressão emocional.
O louvor é oferecido por meio de ação e linguagem. Apocalipse 4 e 5 retrata uma interação dinâmica de palavra, ação e símbolos materiais. (25) Esta interação molda a percepção do adorador, permitindo uma resposta criativa e espontânea, em que a ação pode ser tanto espiritual quando por palavras.
Entrar na presença do Senhor e do Cordeiro em oração falada ou cantada significa adorá-Lo verbalmente, agradecer-Lhe pelo que Ele é e faz, confessar o pecado e arrepender-se em profunda humildade. É a confissão do pecado e a confissão de fé em Cristo que glorifica a Deus. A falha em confessar o pecado inibe o louvor, assim como a confissão de fé faz brotar o louvor.
Tal oração cristã tem sido chamada de “supremo ato moral” (26), “uma tentativa de lidar com a abundância do amor de Deus.” (27) Louvar é querer louvar mais e mais, porque é um ato completamente voluntário e induzido pelo amor e graça de Deus. Dar glória de Deus é uma resposta natural e apropriada à sua bondade. Por meio do louvor o crente une a sua vida com a do Senhor e a do Cordeiro e, juntamente com outros crentes, constrói uma “catedral de som”.(28)
A igreja glorificada, cuja adoração é retratada em Apocalipse 4-5, é retratada em 7:13-17 como “os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, eles estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite em seu santuário.” Eles estavam vestidos de vestes brancas, e estavam “diante do trono e do Cordeiro”, com ramos de palmeira nas mãos, e clamavam “em alta voz: ‘A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro’” (7:9-10).
Apocalipse 4-5 indica que “a palavras e os gestos são indissociáveis.” (29) As palavras que são ditas e as ações, todas acontecem na presença do Senhor e do Cordeiro. No capítulo 4, o Senhor Criador é louvado e adorado. No capítulo 5 o Cordeiro Redentor é igualmente louvado e adorado. As palavras e as ações reconhecem o senhorio de Deus sobre o homem e toda a criação. Eles contam/recitam os atos poderosos de Deus e do Cordeiro na criação e na redenção do mundo.
A adoração cristã autêntica, no entanto, inclui também o silêncio meditativo. Quando a congregação está em silêncio diante do Senhor, os adoradores são capazes de apurar seus ouvidos e ouvir a Sua voz. Alguns dos louvores mais profundos e mais comoventes são feitos em uma atmosfera de silêncio.
As palavras são muitas vezes inadequadas para expressar louvor e adoração por si só, como é evidenciado pela adoração celestial em Apocalipse 4-5. O foco é todo na Divindade, e não nos adoradores. Comentando sobre esses capítulos, Robert Webber observa que “a adoração é um ministério de Deus.” (30)
Só podemos ficar impressionados com a adoração teocêntrica e cristocêntrica relatada no Apocalipse. Não é centrada no homem nem narcisista. O Senhor e o Cordeiro estão no centro – não os sentimentos humanos, a experiência humana, ou as necessidades humanas. Na abordagem contemporânea há muitas vezes um exercício enérgico para conseguir que as pessoas sorriem e cumprimentem uns aos outros no sábado pela manhã – amabilidades obrigatórias – assumindo que o sucesso [neste exercício] seja uma indicação de que está tudo bem espiritualmente.
William Willimon perspicazmente observa que “Nosso convívio atual, na base de tapinhas nas costas e camaradagem com Deus, seria muito estranho para aqueles que já temeram e tremeram diante do Divino, caindo sobre seus rostos diante de Deus, em vez de gritar um caloroso ‘Bom dia!’” (31)
Richard John Neuhous, diz:
“Não deveríamos aceitar este tipo de culto, porque deveríamos resistir a sermos infantilizados, especialmente quando se trata da atividade mais importante da vida, que é a adoração ao Deus Todo-Poderoso. Bater palmas, apertar os joelhos, cantar musiquinhas, aproveitar uma boa diversão em nome da religião é uma coisa completamente diferente da solenidade da adoração. ... A vida cristã é uma vida de crescimento no que é belo, assim como naquilo que é bom e verdadeiro.” (32)Há quem diga que a fé contemporânea é mais madura do que a fé dos antigos, mas o oposto pode realmente ser o caso. Conseguimos alterar nossa concepção de Deus, daquela que O via como o Todo-Poderoso nos céus para aquela que O considera o “bom velhinho”, não percebendo o quanto contribuímos com isso para o apodrecimento da religião dos nossos dias. “É minha opinião”, disse A.W. Tozer, “que a concepção cristã atual de Deus, nestes anos da metade do século XX é tão decadente que chega a estar totalmente abaixo da dignidade do Deus Altíssimo e realmente constitui para os professos crentes algo equivalente a uma calamidade moral.” (33)
Isto é ainda mais real nos últimos anos do século XX. Na opinião de Apocalipse 4-5 e 14:6-7, Tozer está certo em sua observação de que “a obrigação mais solene que pesa sobre a igreja cristã de hoje é purificar o seu conceito de Deus até que seja mais uma vez digna dEle.” (34)
Deus terá um povo que reconhece o domínio, a autoridade e o governo do Senhor e do Cordeiro. É esse reconhecimento de domínio e senhorio que une a igreja remanescente com a igreja triunfante. Na sua adoração coletiva a igreja remanescente entra pela fé no santuário celestial, e se une à adoração dos seres angélicos, em antecipação da grande ceia das bodas do Cordeiro no final dos tempos (Apocalipse 19:7-9).
Aclamações cristãs de louvor genuíno não são emoção lírica; ao contrário elas “ligam a congregação ao governo [do] Senhor.” (35) Portanto, a resposta adequada do povo de Deus na terra a Apocalipse 4 (a adoração do Criador) é a guarda do sábado do sétimo dia; a Apocalipse 5 (a adoração do Redentor), é viver uma vida transformada. Ambas as respostas reconhecem o domínio divino e são realizadas em louvor. O louvor é a resposta mais adequada ao evangelho, assim como a conseqüência natural do evangelho.
O Louvor na Adoração Adventista Contemporânea
O louvor na adoração adventista do sétimo dia pode ser analisado em termos do significado do cântico, a natureza teocêntrica da verdadeira adoração, a missão evangelística da pregação da Palavra de Deus, a necessidade de equilíbrio litúrgico, o tema do grande conflito e o grande clímax da história humana.
Significado do Cântico
“A Igreja cristã nasceu na música.” (36) Para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, ficar sem música seria incompatível com a sua mensagem. O cântico que ela canta brota a partir da mensagem que ela prega. O canto congregacional une a palavra falada ao louvor, de modo que língua, raça e cultura são transcendidos, unindo o povo remanescente mais poderosamente do que a palavra somente falada pode fazer. Embora a palavra falada instrua, a palavra cantada pode mover a congregação em níveis mais profundos.
O cântico de louvor era uma parte integrante do clamor ou brado simbolizado pelo toque do shofar no AT. Mateus, um judeu, testifica que a observância da Última Ceia terminou com o cântico de um hino (Mateus 26:30).
Cânticos são um dos melhores veículos para preservar viva a memória, e o meio mais eficaz para impressionar o coração com as verdades espirituais. (37) A igreja canta sua canção de louvor em uma terra estranha. Sua música conta a história da criação e da redenção, e serve para reduzir a distância entre o agora e o porvir.
O cântico dos Salmos era uma parte regular da adoração cristã e era comum na metade do primeiro século A.D. Uma pessoa entoava o salmo, com a congregação respondendo depois de cada verso com uma aclamação tal como “Amém!”, “Aleluia!”, ou “Vem Senhor Jesus!” Tais respostas espontâneas semelhantes na adoração adventista negra estão em harmonia com a tradição bíblica.
A exortação de Paulo à congregação dos Efésios pode indicar o cântico antifonal de um salmo entre os antigos cristãos. “Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:19-20). Note que o cântico está ligado a dar graças (louvor) ao Senhor. Estes cânticos espirituais possivelmente eram “arroubos de louvor espontâneo.” (38)
A tentação hoje é afastar-se desse princípio de cantar hinos religiosos e adotar canções e música “pop”. Devemos precaver-nos contra a rejeição daquilo que é histórico na música da igreja em favor da moda contemporânea de cânticos de louvor. O Hinário Adventista do Sétimo Dia apresenta alguns dos melhores hinos que expressam as doutrinas e a fé do povo de Deus através dos tempos.
Existem diversos trechos no NT que se acredita que reflitam os hinos primitivos. Estes trechos louvam e exaltam o Senhor Jesus Cristo. (39) Eles “têm um padrão comum de pensamento” que é a “firme segurança de que Cristo é vitorioso sobre todos os inimigos do homem, e é corretamente adorado como Deus que está acima de tudo.” (40)
A diferença fundamental entre hinos cristãos e pagãos é que os hinos cristãos não são simplesmente expressões subjetivas, emocionais, em um ambiente de entretenimento. Em vez disso, eles têm como elementos principais a confissão dos pecados e da fé em um ambiente de reverência e adoração. Assim como muitos dos salmos do AT, os hinos e canções no NT recordam os atos poderosos de Deus ao prover a redenção da humanidade. O foco principal é a exaltação e confissão de Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
Adoração Teocêntrica
Na adoração Adventista do Sétimo Dia o centro das atenções deve ser o Senhor, e não o adorador. Dizer a respeito de um culto, “Ele não atende às minhas necessidades!”, ou “Eu não ganho nada com isso” sugere que o adorador está no centro. Não admira que Deus esteja faltando! Não admira que tão pouco de real valor aconteça! Não admira que freqüentar a igreja se torne um enfado! Não admira que a Palavra de Deus seja muitas vezes enterrada sob os escombros da auto-exaltação humana!
Adoração não é apenas mais um ingrediente em uma salada de atividades planejadas para atender todas as necessidades humanas possíveis, geralmente deixando de fazê-lo. Deixa de atendê-las porque a necessidade humana mais profunda é chegar à presença de Deus em fé e submissão. Porque “o principal dom que recebemos é Deus” (41); o atendimento às necessidades humanas é um gracioso subproduto da adoração teocêntrica.
No contexto da época do juízo, em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia vive e ministra, uma época humanística centrada em si mesma, a radicalidade da adoração é indicada por Apocalipse 14:6-7. Quando se trata de planejar e liderar a adoração, “o verdadeiro profeta está mais interessado em interpretar a natureza e a obra de Deus do que na satisfação das necessidades e desejos do povo.” (42) A responsabilidade pastoral exige que uma congregação seja levada a experimentar o que há de mais elevado, mais sublime, mais majestoso na em adoração. Nunca deve ser deselegante, comum. Uma experiência de adoração teocêntrica/cristocêntrica que louva ao Senhor e ao Cordeiro inevitavelmente resulta em uma renovação tanto da adoração quanto do evangelismo.
Missão Evangelística
A adoração adventista deliberada e conscientemente inclui elementos evangelísticos. Quando modelada segundo o modelo de Apocalipse 4-5, exalta o Criador e Redentor, como a figura central no universo. Adoração que ativamente confessa o pecado, ouve as boas novas do evangelho, responde em fé, e canta louvores ao Senhor e ao Cordeiro é um poderoso meio evangelístico, um poderoso testemunho da verdade.
O adorador experimenta o mistério da Criação e da paixão do Cordeiro no fundo de sua alma, juntamente com a purificação do pecado e o reavivamento do relacionamento com Deus. Isto edifica a fé do crente adventista, e move o adorador a cultuar a Deus no mundo. A fé aumenta por meio do louvor, uma vez que “há um conhecimento de Deus que só pode surgir ao louvá-Lo.” (43) Além disso, a adoração é evangelística, pois em seu contexto, Deus oferece Sua graça salvadora para a congregação vez após vez.
O louvor na adoração pode “provocar uma crise na qual a pessoa ou desiste em desespero ao descobrir sobre si mesma, ou então coloca tudo diante de Deus para receber o perdão e assim torna-se capaz de aprofundar-se no amor e louvor.” (44) O evangelismo é “a dimensão horizontal do louvor – o conteúdo do louvor repetido e explicado aos outros para que possam juntar-se à comunidade de louvor.” (45) Os adventistas adoram “como uma expectativa muito apaixonada da vinda do Senhor”, assim como em “graças e louvor pelo que já aconteceu. A prioridade [é] compartilhar esta notícia, convidando outras pessoas a participar deste futuro agora” com “total confiança na vitória de Deus.” (46)
Se o Cristo a quem seguimos não está ativo apenas no presente mas também é Aquele que vai determinar o futuro, nosso louvor a Ele “transmitirá um chamado profético.” (47) Adoração que conduz à missão não é centralizada em si mesma e individualista. A adoração coletiva é verdadeiramente missionária e evangelística por natureza. Quando a igreja responde ao chamado à adoração, é capacitada para responder ao chamado à evangelização.
A expressão aramaica maranatha pode ser uma das mais antigas orações cristãs. É uma súplica no imperativo, “Senhor nosso, vem!”ou uma declaração no presente “Nosso Senhor veio!” ou “está chegando!” (48) Ambos sentidos eram elementos integrantes da fé e adoração do NT. Os crentes da igreja primitiva eram pessoas que adoravam, esperavam e trabalhavam: adoravam ao Senhor que viera e estava ainda por vir; esperavam a vinda final, e trabalhavam para espalhar as boas novas tanto do primeiro advento quanto do Segundo Advento. Deus vai terminar o que começou, e os crentes participam desta finalização adorando e evangelizando.
Pregando a Palavra
A Igreja Adventista do Sétimo Dia é dedicada ao tipo de exposição bíblica que “organiza os nossos mundos, define nossas identidades, julga nossas atividades, capacita o nosso testemunho, exibe pubicamente as promessas de Deus em Jesus Cristo, oferece o próprio Jesus Cristo, e evoca a nossa liberdade como ‘pessoas’ para responder a Deus ou rejeitá-lo.” (49) É bom lembrar que o discurso de Deus tem precedência sobre a resposta humana.
A Palavra de Deus, lida e pregada, são as armas com as quais Deus subjuga Seus inimigos e liberta a humanidade da escravidão. É a espada em Sua mão, que ele maneja até o último dia! Apartada desta guerra espiritual a Palavra não pode ser entendida, pois lança seus ouvintes sob uma obrigação, exorta e prende, condena e conforta. Não podemos ouvir a Palavra a partir de uma distância segura, porque ela fala de nossa própria existência, da nossa luta contra o pecado e a morte, e da vitória alcançada por nós pelo Senhor Jesus Cristo. Se permanecermos neutros sob a pregação da Palavra, já deixamos de ouvi-la.
Cristo luta Sua batalha cósmica através e pela Palavra. Portanto, devemos permitir que ela domine e molde o culto de Sua igreja.
Qualquer tendência que busque destituir a pregação como o ato central do culto Adventista está igualmente fora de sintonia com Apocalipse 14:6-7. Nem a experiência humana nem o êxtase moderado podem jamais tomar o lugar da Palavra de Deus na adoração. (50) É em resposta à Palavra de Deus, lida e pregada, que o pecador remido louva ao Senhor e ao Cordeiro. É por esta razão que o louvor, liturgicamente falando, não vem cedo demais no culto de adoração. O louvor é o clímax de um culto teocêntrico, durante o qual as razões para o louvor foram previamente estabelecidas. Penitência, em resposta ao discurso de Deus nas Escrituras e no sermão, precede louvor.
Sem uma perspectiva da história sagrada, reencenada, ilustrada, demonstrada, proclamada na adoração coletiva, o movimento do Advento ficará preso dentro da cultura atual, talvez até mesmo dentro de sua própria subcultura. O momento atual da história se torna o padrão. As raízes da adoração adventista não estão nos séculos XVI ou XIX ou XX, mas no AT e nas práticas da igreja primitiva, particularmente conforme representados em Apocalipse 4, 5 e 14.
Adoração Equilibrada
É possível distorcer o que foi dito acima acerca do louvor. Tomado fora do contexto da pregação da Palavra de Deus, o louvor pode degenerar em emocionalismo descontrolado e fanatismo. Existem abrangentes advertências para que fiquemos longe de tal distorção e degeneração na adoração adventista. Observe o seguinte:
“Se trabalharmos para criar excitação do sentimento, teremos tudo quanto queremos, e mais do que possivelmente podemos saber como manejar. Calma e claramente ‘prega a Palavra’. Importa não considerar nossa obra criar excitação.” (51) Sentimentos e emoções não devem ser autorizados a “assumirem o domínio sobre o juízo calmo.” (52) “Mero ruído e gritos não são sinal de santificação, ou da descida do Espírito Santo.” (53) No contexto de uma declaração em que gritos, tambores e danças são mencionados, somos advertidos a não dar incentivo a esse tipo de adoração. (54)
Tanto a proclamação quanto a aclamação, são componentes importantes na adoração da igreja dos últimos dias, conforme indicado por Apocalipse 14:6-7. Não é necessário haver uma dicotomia entre a pregação e louvor se estes forem mantidos em equilíbrio, se é tomado o cuidado de pregar “a antiga doutrina do evangelho, a tristeza pelo pecado, o arrependimento e a confissão” (55) em um contexto de louvor com ordem, disciplina e dignidade. (56) A melhor maneira de evitar o emocionalismo, o fanatismo e o subjetivismo na adoração é dar uma atenção séria e cuidadosa à exposição das Escrituras na pregação, e buscar o equilíbrio da ordem de culto em si.
O plano de Satanás é tentar a igreja a se mover em direção a um dos dois extremos: o emocionalismo ou o formalismo frio; o subjetivismo, sem base objetiva ou a objetividade sem resposta subjetiva; a emoção pura, sem a Palavra, ou a Palavra sem louvor. Quando expressões de louvor não são permitidas na adoração, os extremos são atraentes. O sermão é denegrido, e os apelos à ação são ouvidos, quer sob a forma de liturgias elaboradas ou em um tipo de “celebração”, no qual gritos, palmas, movimentos corporais e até mesmo a dança são encorajados. Se as multidões são atraídas, a igreja pode convencer a si mesma de que eles são a prova do crescimento e da espiritualidade.
A celebração, dando expressão ao louvor na música ou no testemunho, é apenas um dos elementos vitais de uma experiência de adoração equilibrada e holística. Torná-la o elemento principal é deslocar o culto inteiro, e menosprezar outros elementos vitais como confissão, contrição, ação de graças, ensinamento, sacramentos, testemunho, dedicação e sacrifício em dar e em servir. O culto cristão deve ocorrer em um quadro de “liberdade disciplinada.” (57) Isto quer dizer que ele está sujeito aos padrões e condições derivados do conteúdo bíblico da fé.
Não será necessário dizer, contudo, que a experiência coletiva de adoração pode sempre ser melhorada, a fim de que possa ser cada vez mais aquilo que deveria ser. Conforme buscamos a renovação e melhoria da adoração, vamos fazê-lo – sempre conscientes da necessidade de equilíbrio – com todos os elementos essenciais presentes. Não vamos nos concentrar em um elemento, para a degradação dos outros.
Havendo dito isto, talvez precisamos reconhecer o fato de que o movimento dos cultos de celebração dentro do adventismo está chamando a atenção para a necessidade de renovação da adoração. O fato de não termos dado à adoração a atenção que Apocalipse 14:6-7 exige, produziu um vácuo. Não deveríamos nos surpreender com aquilo o que o preenche.
Mas sejamos equilibrados também em nossa resposta a este fenômeno. Não vamos assumir a posição extrema de que, porque estamos vivendo no dia da expiação antitípico, o louvor e a celebração sejam inadequados. As boas novas do perdão dos pecados e da promessa do breve retorno do Senhor são certamente um motivo de alegria entre o povo de Deus, legitimamente expressos na adoração. Consideração cuidadosa, investigação, análise e educação são necessárias para que os extremistas [de qualquer um os lados] não determinem o resultado.
A Verdade do Grande Conflito
Não é por acaso que a principal contribuição de Ellen G. White para a história do pensamento cristão é seu desenvolvimento do tema do grande conflito. Esta é a razão pela qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia é tanto fenomenalmente bem sucedida quanto angustiantemente problemática. Um dos aspectos fundamentais de sua missão é o de expor a conspiração satânica, trazer à luz essas forças ocultas que poderiam inibir ou destruir todo vestígio de espiritualidade, e proclamar a vitória do Calvário sobre essas forças.
Atacar um inimigo é convidar a uma retaliação. Quando a igreja faz isso, ela se torna vulnerável. Só uma coragem dependente ousaria tal coisa. A coragem que decorre, não da consciência das capacidades inerentes, mas da consciência de uma terrível fraqueza e total dependência, pela fé, nAquele que chama a Igreja para a sua missão, lhe assegura a vitória final. É uma coragem recebida, não conquistada, em resposta às súplicas de fé, que permite a consciência de que ela constitui o núcleo de uma nova comunidade que será fiel enquanto discípulos de Jesus Cristo.
Esta consciência encontra sua máxima expressão na evangelização do mundo e na missão mundial. A igreja reconhece o chamado de Deus para ser uma comunidade de adoração e de amoroso sacrifício, disposta a gastar a vida que foi dada, para o bem daqueles que estão morrendo para a vida. Ao adorar a Deus, a igreja se coloca na posição de receber, para que possa evangelizar a partir de uma posição de dar; em primeiro lugar voltando a sua face coletiva para Deus, que é a fonte da graça e da vida e da fé, em seguida, para o mundo em serviço de amor.
A controvérsia entre o reino de Deus e os reinos do mundo é evidente no material relacionado à adoração do NT. Lembre-se da resposta da igreja à libertação de Pedro e João da prisão: “Ouvindo isso, levantaram juntos a voz [em oração] a Deus.” Eles apelaram a Deus, cujo poder se manifestou na Criação, pedindo-Lhe que anulasse as forças terrenas que “conspiram contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste” (Atos 4:24, 27).
O som da sétima trombeta em Apocalipse 11:15 sinaliza o fim do conflito, e anuncia o dia final da libertação. Vozes celestiais declaram que “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Em resposta a essa declaração retumbante da vitória final, os vinte e quatro anciãos prostram-se sobre seus rostos e adoram a Deus:
“Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar. As nações se iraram; e chegou a tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os teus servos, os profetas, os teus santos e os que temem o teu nome, tanto pequenos como grandes, e de destruir os que destroem a terra” (Apocalipse 11:16-19)Adoração é um drama sagrado. Como tal, é tanto a proclamação quanto a encenação da história do Evangelho, que interpreta e dá significado à existência humana. “A vida humana na Terra começou com Deus na adoração, e deverá acabar com Deus na adoração.” (58) Assim como dois sábados são como duas mãos protegendo algo especial, da mesma forma entre o primeiro culto na terra e o último está toda a história do povo de Deus que O louva.
A necessidade fundamental do adorador contemporâneo Adventista é ser capacitado para viver de maneira fiel, corajosa e obediente durante o tempo do grande conflito em meio de um sistema mundial corrupto. A adoração adventista atende a essa necessidade espiritual somente quando o Senhor e o Cordeiro são o seu foco principal, quando são glorificados, louvados, como a única fonte confiável e segura de salvação e da graça para vencer. “A natureza radical da fé bíblica é evidente justamente no momento da adoração”, diz Lind. (59)
Talvez a razão pela qual não damos glória e louvor a Deus como deveríamos é porque “a graça de Deus não é mais um dom para nós”, como diz Willimon. Ela é tão absolutamente esperada. “É nosso direito, nosso privilégio, nossa conquista. Esta é a blasfêmia contra o qual falaram os profetas.“(60)
A luta da igreja dos últimos dias é a mesma que a do antigo Israel e da igreja primitiva. Ela luta externamente, contra a influência de “Babilônia” (Apocalipse 14:8; 18:2-5), as forças do mal e da apostasia, representadas pela besta de Apocalipse 13 e, internamente, pela preservação da fé diante da dúvida e ceticismo.
Vitória do Céu
O trágico “Caiu! Caiu. . . !” (Apocalipse 18:2) de que fala o anjo sobre a igreja apóstata, e os “Ai! Ai. . . !” (18:10, 16, 19) clamados por aqueles no mundo que testemunham o seu triste fim, são seguidos por alegre e triunfantes “Aleluias!” (19:1, 3, 4, 5, 6) do céu. Com um rugido como um trovão, o grande hino é cantado no céu pelos redimidos: “Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos” (19:1-2).
Novamente eles respondem: “Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre” (19:3).
Uma voz então vem do trono convidando os adoradores celestiais a “Louvar o nosso Deus.” A resposta vem novamente, em um imenso coro que brada “Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo poderoso. Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino, brilhante e puro” (19:6-8).
Poderia ser que um elemento vital no alto clamor da missão Adventista seja a comunidade remanescente pregando e louvando a Deus e ao Cordeiro? A religião cristã não é apenas acerca de moral e caráter, trata-se de alegria e louvor. Justiça, paz e a “alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17) são as qualidades do reino de Deus. Alegria no Senhor é um fruto principal do Espírito (Gálatas 5:22).
Ellen G. White comenta o seguinte a respeito do significado do louvor para os adoradores do Adventistas Sétimo Dia no contexto do grande conflito, tendo vista o grande clímax: “Louvores, como correntes limpas de águas, virão dos verdadeiros crentes de Deus.” (61)
“A igreja de Deus em baixo é uma com a igreja de Deus em cima. Os crentes sobre a terra e os seres do céu que jamais caíram constituem uma igreja. Cada inteligência celeste está interessada nas congregações dos santos que na terra se reúnem para adorar a Deus. No pátio interior do céu ouvem o depoimento das testemunhas de Cristo no pátio exterior da Terra, e o louvor e as ações de graças dos adoradores em baixo é retomada nos hinos celestiais e louvor e regozijo ecoam através das cortes celestes, porque Cristo não morreu em vão pelos caídos filhos de Adão. ... Oh, que todos nós possamos perceber a proximidade do céu para com a terra! ... Lembremo-nos que os nossos louvores são complementados pelos coros da hoste angelical acima.” (62)A igreja cristã em geral, e a Igreja Adventista do Sétimo Dia em particular, foi chamada à existência para ser uma comunidade de adoração. Não é primariamente uma instituição social, nem um local conveniente para que as pessoas com interesses comuns freqüentem. É o corpo de Cristo, criado para pregar o evangelho eterno a todo o mundo, para oferecer “sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus” e para “anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (I Pedro 2:5, 9). A igreja é o primeiro dentre todos os servos de Deus, não do homem. A relação entre a adoração e o grande clímax é dramatizada por Robert Webber, que escreve:
Quando nos sentamos à mesa com o nosso Senhor, a Igreja simboliza coletivamente o banquete messiânico – a celebração de novos céus e nova terra. Assim, a adoração transporta a igreja da esfera terrestre para os céus, para unir-se naquela adoração perpétua descrita por João (veja Apocalipse 4 e 5). Desta forma, a igreja em adoração dá sinais de sua relação com a era por vir e extrai da adoração a força para viver neste mundo, agora – na tensão entre a Ressurreição e a Segunda Vinda, na tensão entre promessa e seu cumprimento. (63)Louvar a Deus com alegria nem sempre é apreciado, mesmo por pessoas religiosas, como os discípulos do Senhor descobriram. Quando foram repreendidos pelos fariseus por seu entusiasmo, Jesus disse: “se eles se calarem, as pedras clamarão” (Lucas 19:40). Se o povo de Deus não der “glória” a Ele em adoração, as pedras o farão.
Talvez precisemos ser lembrados de que o próprio Senhor, que até agora louva ao Pai no meio da congregação, um dia em breve “com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, ... descerá dos céus” (I Tessalonicenses 4:16).
Fonte - Música e Adoração
Notas:
1 James F. White, New Forms of Worship (Nashville, 1971), p. 52
2 Ronald Allen e Gordon Borror, Worship: Rediscovering the Missina Jewel (Portland:, 1982), p. 9. Veja também Robert Webber, “Worship: A methodology for Evangelical Renewal,” em TSF Bulletin, Setembro-Outubro, 1983, p. 8.
3 J. Massynyngberde Ford, Revelation, AB (Garden City, NY, 1975), p. 233.
4 Conforme Hebreus 12:1-29, especialmente o verso 22: “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião,” (NIV).
5 The SDA Bible Commentary, v. 7 (Washington, DC, 1980), p. 825.
6 Os 144,000 são uma alusão ao remanescente do AT, que foi redimido e protegido por Deus para restabelecer a nação e livrá-la de todos os inimigos, em preparação para o dia da ira. Ver Obadias 16-17; Joel 3; Jeremias 2:2-3, 23; Sofonias 3:12-13.
7 Todas as citações das Escrituras são da Nova Versão Internacional, a menos que indicado de outra forma.
8 C. Mervyn Maxwell, “The Remnant in Adventist History” (manuscrito não publicado, 1989), p. 8.
9 C. Raymond Holmes, Sing a New Song (Berrien Springs, MI, 1984), p. 141.
10 See Willem Altink, “1 Chronicles 16:8-36 As Literary Source for Revelation 14:6-7,” AUSS, vol. 22, no. 2, Verão de 1984, 187-96; and “Theological Motives for the Use of 1 Chronicles 16:8-36 As Background for Revelation 14:6-7,” AUSS, vol. 24, no. 3, Outono de 1986, 211-21, Para uma discussão sobre esses quarto termos. Se I Crônicas 16:8-36 foi usado inconscientemente pelo autor do Apocalipse como uma fonte literária ou contexto é discutível; porém os paralelos são surpreendentes e temos uma dívida para com Altink por haver chamado a nossa atenção para eles.
11 Peter Brunner, Worship in the Name of Jesus (St. Louis, 1968), p. 207.
12 Ibid, p. 210.
13 Ibid.
14 Ibid, p. 211.
15 Veja Apocalipse 1:6; 4:9-11; 5:12-13; 7:12; 11:13; 14:7; 15:4; 19:1, 7.
16 Holmes, Sing a New Song, p. 40.
17 IB 12 (New York, 1957), p. 592.
18 Robert Webber, Worship Old and New (Grand Rapids, 1982), p. 30.
19 Conforme Êxodo 12:24-28, 42; 13:8, 14.
20 Daniel W. Hardy and David F. Ford, Praising and Knowing God (Philadelphia, 1985), p. 29.
21 Ibid, p. 30.
22 Veja também Apocalipse 7:11; 11:16; 19:4.
23 Brunner, Worship, pp. 211-12.
24 Mateus 4:9; Lucas 4:7; cf. Apocalipse 9:20 e 13:4, 12.
25 Holmes, Sing a New Song, p. 18-19.
26 Millard Lind, Biblical Foundations for Christian Worship (Scottsdale, PA, 1973), p. 40.
27 Hardy/Ford, Praising and Knowing God, p. 1.
28 Ibid, pp. 19-20.
29 Brunner, Worship, p. 212.
30 Robert E. Webber, Evangelicals on the Canterbury Trail (Waco, TX, 1985), p. 40.
31 William Willimon, The Bible (Valley Forge, PA 1981), p. 89.
32 Citado por Martin Marty in Context, 1 de Outubro de 1990, p. 2.
33 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (New York, 1961), pp. 9-10.
34 Ibid, p. 12.
35 Brunner, Worship, p. 208.
36 Ralph P. Martin, Worship in the Early Church (Grand Rapids, 1964), p. 39.
37 Hans K. LaRondelle, Deliverance in the Psalms (Berrien Springs, MI, 1983), p. 4.
38 Martin, Worship in the Early Church, p. 47.
39 Veja João 1:1-14; Romanos 11:33-35; Efésios 1:3-10; Filipenses 2:6-11; Colossenses 1:15-20; I Timóteo 3:16; Hebreus 1:3; I Pedro 1:18-21; Apocalipse 12:10-12.
40 Martin, Worship in the Early Church, p. 52.
41 Willimon, The Bible, p. 34.
42 Ibid, p. 76.
43 Hardy and Ford, Praising and Knowing God, p. 10.
44 Ibid, p. 15.
45 Ibid, p. 19.
46 Ibid, p. 65.
47 Ibid, p. 66.
48 Willimon, The Bible, pp. 24-25.
49 Steven Franklin, “The Primacy of Preaching,” The Covenant Quarterly, Fevereiro de 1990, p. 5.
50 Ibid., p. 6.
51 Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 16.
52 Ibid, p. 17.
53 Ibid, p. 35.
54 Ibid, p. 37.
55 Ibid, 19.
56 Ibid, pp. 35, 41-42.
57 J. J. von Allmen, Worship: Its Theology and Practice (New York, 1965), p. 104.
58 Holmes, Sing a New Song, p. 30.
59 Lind, Biblical Foundations, p. 56.
60 Willimon, The Bible, pp. 78-79.
61 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 6 (Mountain View, CA, 1900), p. 367.
62 Ibid, pp. 366-7.
63 Webber, Worship Old and New, p. 95.
Assinar:
Postagens (Atom)