Tunísia, Egito, e agora Argélia, Iêmen, Líbia, Bahrein. Os governos ditatoriais estão caindo como um dominó. Os habitantes desses países estão aprendendo que, se gritar "pega ladrão", não fica um, meu irmão. Ladrões de liberdades civis, geralmente também acusados de rapinar o tesouro público, as dinastias familiares e políticas vêm enfrentando o protesto popular.
Estamos vivendo um "1989 árabe"? Ao que tudo indica, sim. Assim como o ano de 1989 foi o estopim da derrubada dos governos comunistas no Leste europeu, 2011 começa com a derrocada dos governos autoritários dos países do Norte da África e do Oriente Médio.
Não se sabe quantos países vão aderir a esses movimentos. Mas a história ensina que esse processo funciona como um rastilho de pólvora que, uma vez aceso em algum lugar, segue disparando o desejo de liberdade e incendiando a queda de governos antidemocráticos.
Sabe-se, porém, que as mudanças não são operadas pacificamente. As transições para a democracia são lentas e costumam ser acompanhadas de avanços e reveses, mas também não costumam voltar atrás.
A Argélia tem uma tradição de intensa mobilização popular, vide a guerra de independência contra a França (1956-1962) e a guerra civil em 1990. Lá, as taxas de desemprego são muito altas.
O Bahrein sedia a maior base naval dos Estados Unidos no Oriente Médio. A economia é sólida e há avanços na educação. O problema é que a população, de maioria xiita, é governada por um monarca sunita, da dinastia Al-Khalifa. E o governo tem reprimido brutalmente os protestos populares.
Na Líbia, o coronel Muhamar Khadafi, autoproclamado "rei dos reis" da África, está no poder desde 1969. Ele tem buscado uma aproximação da União Europeia, já que a economia do país naufraga, e tem permitido inspeções internacionais em seus programas militares, numa tentativa de não entrar na lista dos países antiamericanos. A repressão aos recentes movimentos de oposição tem sido violenta e Khadafi já manteve transmissões televisivas e internet fora do ar.
Duas características nos movimentos que derrubaram os governos da Tunísia e do Egito chamam a atenção: são rebeliões com forte participação popular e não são motivadas por fundamentalismo religioso.
Isso nos leva a outros dois argumentos: 1) as classes populares naquelas regiões não são controladas automaticamente pelo radicalismo político; 2) rebeliões sem motivação especificamente religiosa podem abrir espaço para um processo democrático laico.
Não estou excluindo as motivações religiosas desses movimentos de oposição no Oriente Médio. No entanto, os protestos têm sido motivados pela rejeição a sistemas autoritários, a dinastias autocoroadas, a regimes opressores. Além disso, há uma grande participação de jovens com acesso às conquistas sociais e tecnológicas da modernidade (veja o uso das redes sociais para convocar manisfestações) e de pessoas bem instruídas.
Esses países não virarão Estados laicos da noite para o dia. Talvez nem se tornem democracias consolidadas. Mas não se pode negar que estamos vendo acontecimentos surpreendentes.
Sociedades política e economicamente mais abertas também são sociedades mais abertas à diversidade religiosa. Ventos de liberdade política trazem consigo uma abertura à liberdade religiosa. Depois que o Leste europeu tornou-se democrático e passou a experimentar o conhecimento e o reavivamento do cristianismo, quem pode dizer que os países islâmicos não facilitarão a entrada e a permanência de grupos cristãos?
Fonte - Outra Leitura
Nota Cristo Voltará: As vitórias populares na Tunísia e no Egito estão servindo de motivação para movimentos similares em outros países árabes. Esse povo vem sendo governado por ditadores, reis ou presidentes que governam com mão de ferro e se reelegem e não permitem qualquer poder opositor. Hoje, sexta-feira, ocorreram protestos violentos em vários países. Essas manifestações estão todas direcionadas num único ponto: mais liberdade aos cidadãos, ou seja, democracia. E esse é o discurso preferido pelos Estados Unidos, embora esse país republicano e democrático mantenha acordos de interesse com alguns desses países. Estamos assistindo uma abertura, de pouco tempo de duração, para que nesses países seja possível a mais facilmente a proclamação evangelística do Alto Clamor. Então virá o fim.