"A Igreja Católica tem consciência da importância da amizade e do respeito entre os homens e mulheres das diferentes tradições religiosas", declarou o Papa no encontro na sala Clementina do palácio apostólico aos líderes religiosos, entre eles o patriarca ortodoxo grego Bartolomeu I.
Foi a primeira vez desde 1054 que o patriarca de Constantinopla assiste a entronização de um pontífice.
Francisco também saudou os representantes das Igrejas protestantes ocidentais, ressaltando "a unidade entre todas as pessoas que creem em Cristo" e a necessidade de uma "leal colaboração" entre todas as confissões cristãs.
Líderes das comunidades judaica, muçulmana, budista, jain e skin também estiveram presentes.
Em seu discurso, o Papa pediu "que não prevaleça uma visão humana que reduz o homem ao que produz e ao que consome".
"Este é um dos perigos de nosso tempo", reconheceu Francisco, que enquanto arcebispo de Buenos Aires fez várias críticas às consequências da globalização".
"Temos de estar próximos aos homens e às mulheres que, mesmo que não se reconheçam em nenhuma tradição religiosa, estão à procura da verdade, bondade e a beleza de Deus", declarou.
À delegação judaica, composta por 16 pessoas, o Papa ressaltou o "laço espiritual" que une os cristãos aos judeus.
"Aprecio vossa presença e a vontade de cooperar para o bem da humanidade", disse, ressaltando a importância de uma "coexistência pacífica entre as religiões".
Agradeço também a participação de todas as outras tradições religiosas e, sobretudo, os muçulmanos que invocam assim a misericórdia de Deus", afirmou o Papa.
Em sua visão, a mensagem que as diferentes religiões têm em comum é a de "manter viva a sede do absoluto".
Mais de 130 delegações de países, entre elas vários chefes de Estado e líderes religiosos, assistiram na terça-feira a missa de inauguração do prontificado do primeiro Papa jesuíta e latino-americano.
Entre os primeiros gestos do Papa Francisco em direção ao ecumenismo está a decisão de enviar uma carta ao rabino de Roma na qual deseja "poder contribuir ao progresso das relações entre judeus e católicos conhecidas a partir do Concílio Vaticano II, em um espírito de colaboração renovada".
A relação entre Francisco e os judeus já é conhecida. Junto ao rabino argentino Abraham Skorka, o então cardeal Jorge Bergoglio escreveu o livro "Sobre o céu e a terra" (2010), no qual os dois dialogam sobre o divino e o humano.