sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Buraco no ozônio e capa de gelo polar exibem grandes mudanças

20/10/2006

Mike Toner
em Atlanta


O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida atingiu proporções recordes no último mês, quebrando vários anos de relativa melhora que se seguiu à eliminação gradual mundial de substâncias químicas responsáveis pela destruição do ozônio, anunciaram cientistas da Nasa na quinta-feira.

A Nasa também relatou que a capa de gelo polar da Groenlândia - em uma aparente resposta à mudança do clima - sofreu "perdas de massa de gelo drásticas" nos últimos dois anos.

A pesquisa e geografia - assim como as causas por trás - de cada fato são distintas, mas os relatórios de extremidades opostas da Terra ressaltam o crescente papel das regiões polares na medição das mudanças ambientais globais.

"A área média do buraco na camada de ozônio foi a maior já observada", disse o cientista atmosférico Paul Newman, do Centro Goddard de Vôo Espacial da Nasa. No final de setembro, o buraco -uma área severamente esvaziada do ozônio que protege a superfície da Terra da radiação solar prejudicial- se estendia por quase 28,5 milhões de quilômetros quadrados, 10% a mais do que os cientistas esperavam.

David Hofmann, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, disse que no início de outubro os níveis de ozônio na região crítica da estratosfera, entre 13 e 21 quilômetros de altitude, tinham "virtualmente desaparecido".

"Parece que o buraco no ozônio em 2006 ficará registrado como um recorde", disse Hofmann. "Estes números significam que o ozônio virtualmente desapareceu desta camada da atmosfera."

O "buraco" sazonal do ozônio, que aparece no início da primavera antártica, tem sido um fenômeno monitorado atentamente desde que foi detectado nos anos 70.

Como o ozônio estratosférico protege a superfície da Terra de danos causados pela radiação solar, que pode causar câncer de pele e interromper processos biológicos, seu esgotamento se tornou rapidamente causa para preocupação mundial.

Quando compostos produzidos pelo homem, chamados clorofluorcarbonetos ou CFCs, foram identificados como sendo a causa da destruição do ozônio, mais de 180 países, incluindo os Estados Unidos, responderam. Em 1987, eles assinaram um tratado para restringir a produção de refrigeradores e outros produtos contendo CFC.

Como as substâncias químicas podem persistir na atmosfera por 40 anos, os cientistas previram que a camada de ozônio não se recuperará plenamente dos efeitos dos CFCs antes de 2065.

O encolhimento do buraco sobre a Antártida desde 2002 os animou de que a situação estava melhorando, mas os cientistas da Nasa disseram que as perdas de ozônio também variam com as flutuações na estratosfera antártica, que esteve mais fria do que o habitual neste ano.

Medições por satélite das perdas do ozônio mostram que o buraco cobre quase toda a Antártida e avança para o norte, quase chegando ao extremo sul da América do Sul.

Enquanto isso, medições por satélite do outro pólo da Terra forneceram novas evidências precisas da taxa com que a mudança climática está encolhendo a capa de gelo polar da Groenlândia.

Os pesquisadores há muito acreditam que qualquer aquecimento das regiões polares produziria dois efeitos -o aumento do derretimento do gelo durante o verão e um aumento na neve do inverno para repô-lo.

Pelo menos na Groenlândia, eles agora dizem que o derretimento está facilmente superando a queda de neve no inverno. Em um relatório na revista "Science", eles concluíram que, desde 2003, a Groenlândia perdeu 170 quilômetros cúbicos de gelo ao longo da costa -e ganhou apenas 58 quilômetros cúbicos com o aumento da queda de neve no interior.

Se a capa de gelo da Groenlândia derreter completamente, isto elevaria o nível dos mares ao redor do mundo em mais de 6 metros.

Os cientistas não acham provável tal mudança maciça, mas notam que mesmo o atual desequilíbrio é equivalente a seis anos de fluxo médio de água do Rio Colorado.

"Os novos resultados mostram uma dramática aceleração da perda da massa de gelo desde os anos 90", disse Jay Zwally, um pesquisador da Nasa. "Esta é uma mudança muito grande em um período muito curto."

Tradução: George El Khouri Andolfato
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Fonte - UOL

Apocalipse 16:8
O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo.
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