sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Meu amigo Papa

por Marcos Wasserman em 06 de outubro de 2006

Resumo: O atual Papa quer a paz e por isto adverte. É uma luz na escuridão neste mundo miseravelmente pragmático.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Não. Na verdade ele não é meu amigo pessoal. Nem tenho simpatias especiais pelo establishment religioso que ele representa, pois tenho em mim um sentimento genético de dor e de suspeita, pelas perseguições que o povo judeu sofreu ao longo de sua história, desde o surgimento do Cristianismo.

De repente, este Papa falou. Bento XVI saiu-se com um discurso inesperado, pronunciado numa Universidade na Alemanha, considerado como sendo contrário ao Islamismo. O seu pronunciamento desencadeou uma chuva de críticas, provocando o furor muçulmano em vários pontos do globo terrestre.

Um importante jornal americano saiu-se com um editorial criticando o Papa por suas palavras politicamente incorretas. Na mesma tônica, pôde-se ler os comentários da imprensa em vários países do mundo. Até em Israel um importante rabino chegou a criticar o Papa, por serem suas palavras contrárias ao espírito ecumênico.

Em Gaza e na Cijordânia cinco igrejas foram atacadas, algumas até quase incendiadas. Lemos nos jornais que, na Somália, uma freira voluntária que trabalhava num hospital local foi morta, baleada pelas costas. Uma onda de violência foi desencadeada no mundo muçulmano e o Papa chegou a ser ameaçado de forma drástica, por estar como que declarando uma guerra religiosa.

“O Papa cometeu um grande erro e devia apresentar desculpas pelas acusações proferidas”. Na verdade, o líder máximo da cristandade não fez nenhum ataque direto ao Islamismo, quando, no seu discurso acadêmico, fez referências históricas ao que outros disseram há centena de anos, de que Maomé nada trouxera de positivo para a Humanidade.

Longe de mim fazer uma apoteose ao dogma da infalibilidade papal. Mas estou convencido de que o Papa não errou. O Vaticano tem uma longa e tradicional vivência política e nada dali sai sem estar muito bem pensado e analisado. O mundo recebeu uma claríssima mensagem, uma advertência muito séria do perigo que ameaça a Civilização Ocidental.

Já estamos em plena guerra globalizada, completamente diferente de todas as anteriores. Um projeto terrorista que não tem nenhuma ideologia, a não ser uma medieval apologia religiosa, que cultua a morte por suicídio como sendo a mais valiosa expressão de religiosidade. Como se isto não bastasse, emerge no panorama internacional a figura ameaçadora do Presidente do Irã, defendendo ferozmente seu direito de levar a termo seu projeto nuclear “para fins pacíficos”, almejando alcançar esta paz começando por varrer Israel do mapa.

De permeio, correm alguns países a associarem-se ao Irã, alinhando-se com ele numa linha anti-americana e, naturalmente, anti-Israel. Pescando em águas turvas, aí está o Presidente Chávez da Venezuela, lavrando um pacto de amizade com o seu querido irmão iraniano, enquanto a Rússia e a China estão, até agora, manobrando politicamente no sentido de impedir que sejam tomadas sanções contra o Irã. E não é por acaso que o grupo terrorista Hisbalá, manipulado pelo Irã, tem material bélico de origem soviética.

Pesadas críticas se fazem ouvir contra a canonização do Papa Pio XII, por não ter-se manifestado contra o assassinato em massa de judeus pelo nazismo, na Segunda Guerra Mundial. Bento XVI, quiçá por ser alemão, deve ter em si a vivência daquela página negra da História humana. É de se supor, também, que tenha uma visão global dos perigos que ameaçam a nossa humanidade.

O atual Papa quer a paz e por isto adverte. É uma luz na escuridão neste mundo miseravelmente pragmático. Por isto ele deve ser considerado “O Amigo da Humanidade”. Seu nome ainda entrará na História como Baruch XVI.

Marcos Wasserman é advogado em Tel Aviv, Brasil e Portugal, e é presidente do Centro Cultural Israel-Brasil em Tel Aviv. E-mail: mlwadvog@netvision.net.il

Artigo escrito para Tribuna Judaica nº 175, 20 de Setembro de 2006


Fonte - Mídia sem Máscara

Nota 1 - Não consegui pensar em outro texto bíblico lendo este artigo...
Apocalipse 13:3 - Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;

Nota 2 - About the contribution for this post, I´d like to give my special thanks to my Shepherd, Teacher and Friend...
Related Posts with Thumbnails