domingo, 11 de julho de 2010

Crise financeira: Ação dos Estados e governação económica europeia

“É profundamente ingénuo e errado pensar que um mercado funciona melhor quanto menos regras tiver e isso ficou provado com esta crise”, afirmou José Sócrates, no encerramento de um colóquio sobre socialismo democrático, organizado pela Fundação Res Publica. O chefe do executivo considerou que “pelo menos o primeiro ano” da actual crise foi pior que a crise de 1929 e 1930 e que apenas “a reação dos Estados permitiu atenuar em apenas um ano os efeitos dessa crise económica”.

Sócrates defendeu “o conjunto de estímulos orçamentais, aumentando o investimento público, para dar resposta positiva ao investimento e também à proteção do emprego” e que atualmente se vive uma segunda fase, a da crise das dívidas soberanas. “Se não fossem os Estados e o que eles fizeram, esta recuperação não teria lugar”, advogou.

Como exemplo, referiu que “no início de 2009 as previsões para a evolução do crescimento económico eram muito negativas em Portugal e para Europa”, mas que com uma “previsão de menos 3,7 por cento”, o país terminou esse ano “com um declínio económico, sim, mas apenas de 2,7”. O primeiro ministro apontou críticas aos que dizem que a culpa da crise actual “é dos Estados”. “Como? Esta crise começou com alguma acção do Estado? Não, eles fizeram apenas o seu dever”, observou, vendo mesmo um “eterno cinismo” na ação dos mercados.

“Que paradoxo ver os próprios mercados financeiros criticarem os [Estados] que se endividaram. E para quê? Para salvar os mercados financeiros”, ironizou.

Em momentos de crise, Sócrates disse que “a acção [de apoio] do Estado muitas vezes não é apenas uma opção, mas é sem dúvida uma obrigação moral”: “O que fizemos, fizemo-lo bem feito, por forma a evitar que as consequências da crise fossem mais severas”.

Sócrates elogiou ainda “os que defenderam a ideia de um Governo económico” e disse que a Europa deve caminhar neste sentido.

Fonte - Publico
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