sexta-feira, 30 de julho de 2010

Suécia estuda acabar com o dinheiro

Em muitos países, os cartões de débito e crédito estão substituindo o dinheiro em espécie. Na Suécia, se debate se vale a pena extingui-lo para reduzir a delinquência.
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“Se pudermos reduzir o dinheiro que circula nos bancos e na sociedade, também reduziremos os roubos”, afirma Marie Look, do sindicato dos bancários. “Se a longo prazo abandonarmos o dinheiro totalmente, não haverá mais roubos, porque não fará sentido assaltar um banco que não tenha nada para ser levado.”

A campanha pela supressão do dinheiro conta em suas fileiras com alguns participantes famosos, como o ex-membro do grupo Abba Bjorn Ulvaeus. “Não há razão prática clara, até onde eu possa ver, para seguir usando notas e moedas”, escreveu em seu blog. “O que sim existe são óbvias vantagens de se desfazer deles. A Suécia poderia ser o primeiro país do mundo a tomar essa medida.”
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Os ônibus de Estocolmo já funcionam sem dinheiro. Boletos eletrônicos podem ser comprados com antecedência ou se pode pagar pelo celular. Depois de uma série de assaltos a motoristas de ônibus, as autoridades de saúde e segurança tomaram medidas sobre o assunto e exigiram das companhias de transporte que encontrassem uma maneira de proteger o dinheiro. O resultado foi que os ônibus deixaram de aceitar moedas e notas.
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Não há dúvida que existe tecnologia para que uma sociedade possa funcionar sem dinheiro, com todas as vantagens. No entanto, há quem se oponha a isso. O professor de Economia da Escola de Negócios de Londres, Andrew Scott, disse que, apesar ser um volume que incomoda nos bolsos, sem contar o problema de encontrar caixas automáticos que funcionem, o dinheiro sobrevive, em parte, graças a sensação de privacidade. “Sua maior vantagem, em uma era eletrônica, é que o dinheiro é anônimo e não nos diz nada a respeito de onde alguém esteve.”

Par Strom, da Fundação do Novo Bem-Estar, de Estocolmo, disse que a tendência a uma sociedade sem dinheiro na Suécia é preocupante precisamente por esta razão. “Se é impossível pagar com dinheiro, também é impossível não deixar rastros eletrônicos. Quando se juntam as folhas eletrônicas do que alguém vai comprando, elas podem contar nossa história completa. E isso é uma informação muito delicada”, assegura Strom. “Muita gente não quer esse tipo de sociedade ultravigiada.” Bert Nilsson crê que a Suécia precisará de muitos anos para se desfazer do dinheiro. De forma que os músicos de rua de Estocolmo continuarão entretendo os viajantes da mesma forma com suas música de acordeão ou flautas de pã.

Fonte - Veja

Nota DDP: E o cumprimento profético se tornaria cada vez mais factível. A medida esbarra ainda em outra questão que seria sufrada pelo "dinheiro eletrônico": as transações ilícitas, que ainda são de interesse de muitos. Transpostas as barreiras ainda existentes, a substituição é inevitável, bem como que não "será dado comprar e vender, senão aos que tiverem o sinal".
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