“O capelão da Universidade Católica Portuguesa (UCP), padre Hugo Santos, considera que o encontro em Jerusalém do Papa Francisco com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla em maio é um “estímulo” no caminho da unidade das Igrejas.
“O encontro anunciado para maio, em Jerusalém, entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, cuja finalidade principal é comemorar o histórico encontro dos seus predecessores há 50 anos no mesmo local, pode servir de estímulo para recuperar um entusiasmo renovado no caminho da unidade visível das Igrejas e à reflexão do tipo de primado nelas exercido”, escreve o padre Hugo Santos num artigo de opinião publicado no semanário digital ECCLESIA desta quinta-feira.
“O Papa afirma que será uma peregrinação de oração, decerto também pela causa do ecumenismo”, acrescenta.
No dia 5 de janeiro de 1964, em Jerusalém, o Papa Paulo VI encontrou-se com o Patriarca Atenágoras de Constantinopla, “o bispo que preside na honra a todos os fiéis ortodoxos, e cujo predecessor, Miguel Cerulário, tinha sido excomungado pelos enviados de Roma a Constantinopla, no século XI, dando início formal ao Cisma do Oriente que progressivamente foi separando cristãos católicos e ortodoxos ao longo dos séculos”, relata o padre Hugo Santos, capelão da Universidade Católica Portuguesa.
Na opinião do padre Hugo Santos este momento marcou um “passo necessário” que teve como desenvolvimento, em 1979, o estabelecimento da Comissão Internacional Conjunta da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa, pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Demétrio de Constantinopla e cuja missão é “o aprofundar de ambas as partes do conhecimento mútuo do património doutrinal, litúrgico e tradicional das Igrejas em ordem ao caminho da unidade que se manifesta sempre como dom de Deus”, explica.
A partir dessa altura ocorreram algumas dificuldades em especial no que diz respeito “ao entendimento comum sobre a missão do Papa, o chamado ministério petrino, visto que os ortodoxos reconhecem no sucessor de Pedro um primado de honra e de caridade, mas não de jurisdição, ou seja o Papa, para os ortodoxos, não teria um poder imediato, pleno e universal sobre todas as Igrejas particulares, como aquele que o Papa tem na Igreja Católica em relação a todas as dioceses, e por isso, na conceção ortodoxa do primado, o Papa teria apenas um poder representativo como sinal de unidade entre todas as Igrejas”, conclui o capelão da Universidade Católica Portuguesa no artigo de opinião publicado no semanário digital ECCLESIA desta quinta-feira.
O Papa Francisco visita a Terra Santa entre 24 e 26 de maio que tem como objetivo principal assinalar o 50º aniversário do histórico encontro entre Paulo VI e o patriarca Atenágoras da Igreja Ortodoxa.
Francisco vai passar pela capital da Jordânia, Amã, por Belém, na Palestina e Jerusalém, onde se vai encontrar na Basílica do Santo Sepulcro com todos os representantes das Igrejas cristãs.”
Fonte: Agência Ecclesia
Nota O Tempo Final: seria muito ingénuo pensar que os objetivos da visita papal à Terra Santa se iriam resumir às questões da paz e segurança, nomeadamente na Síria.
Esta admissão do Padre Hugo Santos apenas confirma o que esperávamos: este é mais um esforço para trazer todos até ao regaço de Roma.