Cidade do Vaticano (RV) – Na próxima sexta-feira, 11 de setembro, Papa Francisco deve intervir sobre o tema da crise climática ao receber os participantes do encontro internacional “Justiça Ambiental e Mudanças Climáticas”. Em virtude da Conferência Internacional em Paris, em dezembro, a Igreja Católica se confronta com especialistas, mundo político e empresarial para fazer o ponto da situação e contribuir na construção de uma solução compartilhada. O presidente da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável que está promovendo o evento, Edo Ronchi, afirmou que “a crise climática ainda pode ser vencida”.
As mudanças climáticas influenciam os âmbitos da justiça, da saúde e da paz e, se a rota não for invertida, o êxito será dramático. As populações mais pobres, em relação à alimentação, direitos e sobrevivência, já estão pagando o seu preço. É o que afirma a ciência, é o que enfatiza o Papa na Encíclica Laudato si’ e também serve de base para o encontro em Roma. Serão dois dias de evento que terminará com a audiência no Vaticano.
Padre Augusto Chendi, subsecretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, diz que a Encíclica do Papa será pontual no evento já que “uma das chaves de leitura é justamente essa prioridade que o Santo Padre coloca à dignidade da pessoa humana em relação à dimensão puramente funcional ou econômica. Sabemos que, somente agindo nessa inversão, a dignidade da pessoa humana, incluindo o bem fundamental da saúde, será protegida e eventualmente promovida”.
Edo Ronchi, em entrevista a Rádio Vaticano, lembrou que “a questão da igualdade na distribuição do esforço necessário para contrastar as mudanças climáticas será o centro das negociações em Paris. Ali deverão ser estabelecidos objetivos coerentes, legalmente vinculados e periodicamente verificados”. E acrescentou: “Não se tem mais tempo! As emissões continuam crescendo mesmo se em 2014 chegaram a se estabilizar. A China não pode esperar 2030 para reduzir as próprias emissões, é muito tarde. É preciso começar antes. Os Estados Unidos não aplicaram o Protocolo de Kyoto na redução dos 7%: naquele período, isto é, de 1990-2012, as emissões foram aumentadas em 10%”.
Algumas medidas-chaves também foram sugeridas por ele para serem adotadas para contrastar o aumento da temperatura em nível planetário: “a proibição de construção de novas centrais de carvão; a eliminação até 2020 dos investimentos em combustíveis fósseis e a introdução de uma taxa de carvão; o fortalecimento de políticas e medidas de reserva energética em todos os setores; o desenvolvimento das fontes renováveis; a intervenção sobre a mobilidade e os transportes, reduzindo o crescimento da demanda de mobilidade veicular privada”.
Alguns especialistas mundiais no assunto já confirmaram presença como o diretor da Earth Institute da Columbia University, Jeffrey Sachs, e o presidente do Instituto de Pesquisa Grantham, Nicholas Stern. O Convênio Internacional está sendo promovido pelos Pontifícios Conselho da Justiça e da Paz e para os Agentes de Saúde.
Fonte - Radio Vaticano