“É necessário e possível entrar em diálogo e assim abrir todos à paz de Deus”, disse o Papa, que esta segunda-feira apresentou a renúncia ao pontificado.
A intervenção deixou claro que para os católicos “seria impossível pensar que as religiões são todas variações de um tema”.
“Há uma realidade do Deus vivo que falou, que é um Deus incarnado, uma Palavra de Deus que é realmente Palavra de Deus”, mas “há experiência religiosa, com uma certa luz humana da criação”, precisou o Papa alemão.
Bento XVI evocou a sua experiência no Concílio Vaticano II (1962-1965), no qual participou como consultor do arcebispo de Colónia (Alemanha), cardeal Josef Frings, antes de ser nomeado perito teológico, em particular no que disse respeito à redação do documento Nostra Aetate”, sobre as religiões não-cristãs.
Bento XVI revelou que a declaração era “inicialmente pensada” apenas para o judaísmo, mas viria a resultar num “texto sobre o diálogo inter-religioso”.
A intervenção improvisada viria a passar em revista os principais temas e documentos conciliares, com destaque para a relação da Igreja com a sociedade contemporânea, chamando os católicos à “responsabilidade pela construção deste mundo”.
O Papa falou em particular da tríade “liberdade religiosa, progresso e relação com as outras religiões” e elogiou a “experiência da universalidade da Igreja” que foi promovida pelos trabalhos da última reunião mundial de bispos.
O discurso abordou ainda as questões ligadas à Liturgia, que era uma realidade quase “fechada” e passou a promover a “participação ativa” dos fiéis, embora esta tenha disso “mal entendida” nalguns casos.
“Quem pode dizer que percebe imediatamente apenas porque [os textos] estão na sua própria língua?”, questionou, ao exemplificar a convicção de que “inteligibilidade não quer dizer banalidade”, exigindo uma “formação permanente” dos católicos.
Bento XVI lamentou que o domingo se tenha “transformado em fim de semana”, em vez de ser visto como “o início, o primeiro dia”.
O Papa falou também sobre a reflexão efetuada em relação à Bíblia, sublinhando a “necessidade” da Igreja para que esta palavra seja “viva”, antes de observar que “a exegese tende a ler a Escritura fora da Igreja”.
“A Bíblia é a Palavra de Deus e a Igreja está sob a Escritura, obedece-lhe, não está acima dela”, sustentou.
O Papa alemão, eleito em abril de 2005, vai concluir o seu pontificado a 28 de fevereiro, abrindo caminho à eleição de um sucessor.
Nota DDP: Eram estas as prioridades de BXVI quando assumiu, diálogo/ecumenismo e santificação do domingo. É de se notar que ambos os temas avançaram no período.
Ver também "Bento XVI deixa um pontificado de «diálogo»". Destaque:
“É um pontificado marcado por uma tentativa de reconciliação com todos, que avançou muito no diálogo ecuménico. Creio, sobretudo, que é um pontificado que marcou muito no diálogo com o mundo”, declarou o prelado, para quem o atual Papa “aproximou muito a Igreja e razão, o mundo da cultura”.
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“É um pontificado marcado por uma tentativa de reconciliação com todos, que avançou muito no diálogo ecuménico. Creio, sobretudo, que é um pontificado que marcou muito no diálogo com o mundo”, declarou o prelado, para quem o atual Papa “aproximou muito a Igreja e razão, o mundo da cultura”.