O que acontece hoje ao estudarmos esses escritos? Que leitura fazemos? Vejamos um exemplo.
Se lemos acerca de eventos passados, seja a biografia de Jesus ou a história do povo judeu através do Velho Testamento, normalmente ficamos impressionados pelo rigor do pormenor e pela revelação detalhada de cenas e vontades que mesmo o leitor mais atento não consegue descortinar no texto bíblico.
Se, por outro lado, abordamos temas que ainda estão no futuro, creio que são vários os sentimentos que nos atingem: gratidão por Deus nos revelar o mais importante com tanta antecedência; um assumido fascínio por poder contemplar alguma glória por antecipação; um sentido de pertença por confirmar o propósito e relevância desta Igreja para o tempo final; etc..
Contudo, creio que neste último ponto - a revelação do que ainda está à nossa frente -, temos estado, lenta e progressivamente, a descair para um olhar seletivo desses escritos, definindo por nós próprios, segundo um critério que é apenas nosso, aquilo que tem importância e o que parece não ter assim tanta; aquilo que - e esta é uma expressão que considero suicida - "era para o tempo de Ellen White" e aquilo que vale para este tempo específico, cerca de 100 anos (ou mais...) depois de terem sido deixados.
Repare que se todos aceitamos pacificamente o que o Espírito de Profecia indica, do ponto de vista estritamente legal e civil, sobre a imposição de uma lei dominical, já algumas reservas se levantam quanto a alguns pormenores do que fazer quando isso suceder.
Devemos reconhecer que para muitas das (nossas) vozes que hoje ouvimos, essa coisa de andar a ser perseguido pelas autoridades, fugir para o alto dos montes, ficar apenas com a roupa do corpo, etc., não parece fazer mais sentido no mundo sofisticado e veloz em que vivemos. Prefere-se atirar esses avisos concretos para o enorme saco de um imaginário que, por pura ficção, nos tenta apenas alertar por metáforas, sugerindo que esse tempo será revestido de alguma dificuldade... mas nada de especial.
Se, neste âmbito, quisesse usar um outro exemplo que me levaria, certamente, a ocupar dezenas de linhas, citaria o vestuário, particularmente das senhoras...
Como disse, aquele foi apenas um exemplo de como já nos sentimos à vontade em selecionar por nós próprios, entre os escritos da irmã White, aquilo que é importante e o que não o é assim tanto.
Qual o maior problema em fazer isto?
Indo direto à questão, aqui está o ponto fulcral: os escritos do Espírito de Profecia foram revelados a Ellen White por Deus. O que encerra esta afirmação? Tão simplesmente, a irmã White, co-fundadora desta igreja, foi apenas a mensageira; o Autor da mensagem é o próprio Deus.
Isto para dizer que, ao olhar com reservas e desconfiança para escritos dela que, pela nossa pobre visão, nos parecem menos realizáveis, estamos a colocar em causa a mente infinita que idealizou essas mensagens; estamos a aferir e avaliar o próprio Deus, algo que é totalmente inconcebível!
Sobre aquela frase mencionada e desgraçadamente muito ouvida "isso era para o tempo de Ellen White", tenho a dizer o seguinte: os escritos deixados pela irmã White são muito mais para os dias de hoje do que para o tempo em que ela viveu! São muito mais relevantes e urgentes hoje do que no passado! Devem ser motivo de especial estudo muito mais hoje do que há 20, 50 ou 100 anos atrás!
Quer saber porque razão alguns estão a assumir esta postura de menos crédito nos escritos do Espírito de Profecia? Leia, para que não restem dúvidas (negritos meus para destaque):
"O Senhor nos esclareceu no tocante ao que sobrevirá à Terra, para que possamos esclarecer a outros, e não seremos tidos por inocentes se nos contentarmos em ficar sentados, com os braços cruzados, falando sobre assuntos sem importância. A mente de muitos se absorveu em discussões, e eles rejeitaram a luz dada por meio dos Testemunhos, porque não estava de acordo com suas próprias opiniões" (E Recebereis Poder, Meditações Matinais 1999, 26 de junho).
Na verdade, estamos avisados que algo deste tipo iria suceder. Leia este texto (negritos meus para destaque):
"Mensagens de toda espécie e feitio têm feito pressão sobre os adventistas do sétimo dia, pretendendo substituir a verdade que, ponto por ponto, tem sido buscada com estudo e oração, e atestada pelo poder milagroso do Senhor. Mas os marcos que nos tornaram o que somos, devem ser preservados, e sê-lo-ão, conforme Deus o mostrou mediante Sua Palavra e o testemunho de Seu Espírito. Ele nos conclama a nos apegarmos firmemente, com a mão da fé, aos princípios fundamentais baseados em autoridade inquestionável" (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 208).
Tentar uma nova interpretação, uma leitura mais moderna e atual ou ainda mesmo rejeitar aquilo que Deus revelou para nossa edificação, é um grave e sério erro, que pode ter consequência eternas.
Fonte - O Tempo Final