Lisboa, 13 jun 2011 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica (LOC/MTC) manifestou a sua preocupação com os “tempos difíceis” vividos pelas famílias de trabalhadores, que consideram “numa posição fragilizada perante as novas exigências do mercado de trabalho”.
A posição é assumida no comunicado final do Seminário Internacional, promovido pela LOC/MTC sobre o tema «Tempo para o trabalho e para a Família, realizado entre 9 e 12 de junho, em Torres Novas.
No documento, enviado à Agência ECCLESIA, aponta-se o dedo ao “sistema capitalista neoliberal disseminado à escala global”, exigindo “uma forte intervenção da Igreja e dos cristãos” na defesa da “dimensão humana do trabalho”.
“A prática de horários dilatados, o desemprego e os baixos salários, aumentam exponencialmente o perigo de exclusão social”, alerta a LOC/MTC.
Os trabalhadores portugueses, pode ler-se, “são os que mais se referem aos problemas da insegurança no trabalho, talvez porque não sentem as suas necessidades primárias cumpridas que passam pelo pagamento de um salário digno”.
Participaram neste evento, para além dos membros da LOC/MTC, diversos Movimentos de Trabalhadores Cristãos Europeus de Espanha, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, República Checa e Eslovénia.
“Torna-se importante consolidar políticas e regulamentação comuns, sobretudo quando discutimos e avaliamos a realidade Europeia”, assinala o comunicado final.
Segundo o documento, no seminário internacional “foram vários os desafios lançados e que constituem um princípio para um compromisso coletivo”, para ser “uma voz em defesa de uma maior conciliação entre a vida profissional e a vida familiar”.
“É imperativo um compromisso de toda a sociedade, da Igreja e de cada um de nós, uma vez que para alterar comportamentos discriminatórios e violentos é necessário mudar as mentalidades”, indicam os signatários.
A Liga Operária refere ser “necessário perceber a importância de continuar a proteger o elo mais fraco – os trabalhadores, e estes devem reorganizar-se no sentido de reconquistar o seu poder negocial”.
O Movimento Europeu redigiu uma carta sobre os direitos sociais da família, debatida e assumida pelos participantes no seminário de Torres Novas.
Nesta missiva, é feito “um apelo forte a que os trabalhadores e suas organizações se impliquem na revisão da Diretiva de trabalho [da UE] para aí ser incluído uma maior defesa dos direitos dos trabalhadores”.
Fonte - Ecclesia
Nota DDP: Onde a instituição religiosa pretende chegar com esse discurso é bastante óbvio: na necessidade de preservação de um dia para descanso e para a família (o domingo). Que esta pretensão em algum momento se cruzará com as impressões do mundo político também parece bastante óbvio, como por exemplo levantado por este mesmo espaço em "Crise no meio ambiente vai obrigar pessoas a consumirem menos".
Como estas realidades se consumarão, face inclusive a tantos outros vetores que compõem este quadro de conflito, só o tempo poderá esclarecer.