Em uma entrevista à revista Rolling Stone, o cientista James Lovelock disse que não há mais como reverter o processo de aquecimento global e que 6 bilhões de pessoas vão morrer dentro dos próximos 100 anos vítimas de desastres naturais provocados pela mudança de temperatura e destruição dos ecossistemas. Segundo ele, a Europa vai ganhar temperaturas de deserto, Berlim será quente como Bagdá, Londres sera assolada por enchentes, e tudo isso até 2040.
Lovelock continua: dos quase 7 bilhões de pessoas na Terra hoje, só 500 milhões sobreviverão, e as migrações massivas em direção ao norte do planeta serão motivos para guerras e genocídios. Estamos, de acordo com Lovelock, caminhando rumo a um apocalipse que já não pode mais ser evitado, já que ele nega que reduzir a emissão de gás estufa a essa altura tenha qualquer impacto para evitar a desgraça: o mal já está feito.
Pois bem - a essa altura, você deve estar se perguntando se deveríamos acreditar em James Lovelock. Infelizmente, ele não é um maluco sem credibilidade. Lovelock é ninguém mais ninguém menos que o ambientalista e pesquisador que inventou o microondas e também o detector de captura de elétrons, sistema que mais tarde possibilitou a detecção do CFC e de outros gases tóxicos pra atmosfera. Ele também é o inventor da teoria de Gaia, que diz que a Terra é um organismo vivo que seu auto-regula para sobreviver, incluindo mudanças climáticas e catástrofes naturais, uma teoria que é amplamente aceita entre ambientalistas que acreditam nos efeitos catastróficos do aquecimento global.
O que dizem outros cientistas?
Lovelock admite que pode estar errado, mas diz que está se baseando em uma observação de como o mundo já está reagindo ao aquecimento global. O Weather.com publicou em novembro do ano passado uma matéria sobre um relatório do Painel de Mudanças Climáticas que deve ser liberado em março que vai na mesma linha do cenário apocalíptico previsto por Lovelock - e que, como ele, diz que já estamos no meio dessas mudanças.
"No século XXI, os impactos das mudanças climáticas vão diminuir o crescimento econômico, aumentar a pobreza, prejudicar a produção de alimentos e desencadear novos cenários de miséria, principalmente em áreas urbanas", diz o relatório que teria vazado antes da hora. O documento também fala de mortes causadas por enchentes causadas pelo aumento do nível do mar, especialmente nas grandes cidades, fome causada pela mudança de ciclo das chuvas nas nações mais pobres, fazendeiros perdendo tudo pela falta de água, problemas de infraestrutura causados por temperaturas extremas, ondas de calor perigosas e mortais aumentando de frequência e ecossistemas marinhos e terrestres sendo destruídos.