Pontífice argentino será o primeiro da História a discursar no Capitólio
CIDADE DO VATICANO — Quando o Papa Francisco fizer sua primeira visita aos Estados Unidos, em setembro, protagonizará um momento histórico. Ele será o primeiro Pontífice a discursar no Congresso americano. E, segundo seu assessor mais próximo, não será nada econômico nas palavras. O cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, um colega latino-americano nomeado pelo Papa argentino para assessorá-lo no comando da Igreja, disse em uma entrevista, em Roma, que Francisco falará “não como um inimigo do sistema ou da cultura”, mas “como um pastor que quer melhorar o mundo, especialmente para aqueles que não têm voz”.
Ao ser escolhido como líder de 1,2 bilhão de católicos, Francisco defendeu “uma Igreja pobre para os pobres”, dando um tom mais humilde para o seu papado, que começou com a decisão de morar em uma residência modesta. Ao mesmo tempo, ele estabeleceu uma agenda política ambiciosa, que inclui desde o lobby por um acordo climático global até a condenação da crescente brecha entre ricos e pobres.
Francisco apresentará aos parlamentares “a mesma forma de pensar que ele expressou” na Evangelii Gaudium, sua primeira encíclica, uma importante carta papal, em 2013, segundo Maradiaga. No documento, Francisco atacou a “idolatria pelo dinheiro” e um sistema financeiro “de exclusão e desigualdade”, acrescentando: “Uma economia assim mata”.
— As leis de livre mercado visam a produzir a maior receita possível e os menores custos possíveis. Uma mudança se faz necessária, para que o capitalismo se torne mais humano. Do contrário, as desigualdades continuarão crescendo, e elas geram violência, frustração, dor e especialmente insegurança, em todos os sentidos — disse Maradiaga, de 72 anos.
O cardeal, arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, expressou suas esperanças de que o Congresso dos EUA, dominado pelos republicanos, escute o papa “com corações abertos”.
Francisco, 78, viajará a Cuba entre 19 e 22 de setembro e depois a Washington, onde se encontrará com o presidente Barack Obama na Casa Branca, a Nova York, onde discursará na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e, finalmente, à Filadélfia. Em março, a Casa Branca dissera em um comunicado que a conversa entre Francisco e Obama incluirá os “cuidados aos marginalizados e pobres” e os “avanços das oportunidades econômicas para todos”.
Fonte - O Globo