Os sistemas inteligentes de identificação, construídos com base na biometria, avançam no mundo todo
Rosa Sposito
As tecnologias que se valem dos bits para a identificação de pessoas se disseminaram pelo mundo. A leitura das digitais dos dedos é o recurso mais popular, representando 43,6% dos sistemas empregados atualmente. É usada como senha para permitir o acesso a computadores pessoais, a informações em arquivos de empresas ou mesmo para ligar um eletrodoméstico – caso até de máquinas de lavar. Alguns passaram a cadastrar fregueses por meio da polpa do indicador, na tentativa de barrar os consumidores indesejados. Os dispositivos de reconhecimento da face vêm em segundo lugar na lista do ranking da biometria, com 19% do mercado. Essa técnica deve se difundir, pois foi recomendada pela International Civil Aviation Organization (Icao), um organismo das Nações Unidas, para equipar o chip de novos passaportes. A leitura da íris e o mapa formado pelas veias da palma da mão também estão sendo largamente usados para a identificação de pessoas. Estudo realizado pelo International Biometric Group (IBG), empresa de consultoria desse setor, indica que as vendas globais desses equipamentos vão saltar de 2,1 bilhões de dólares, em 2006, para 5,7 bilhões de dólares, em 2010.
Nesses sistemas, os traços biológicos de uma pessoa são medidos e transformados em padrões, por meio de algoritmos matemáticos (um conjunto de regras e operações, construídas para solucionar um problema em um número determinado de etapas). Esses dados ficam armazenados num computador, num chip de um cartão inteligente (smart card) ou num documento, como o passaporte. Posteriormente, são diretamente comparados com as digitais, o rosto, a íris ou a palma da mão da pessoa. No caso dos dedos, uma espécie de scanner captura os pontos específicos da impressão digital (bifurcações e vales), chamados de minúcias, e os transforma em padrão. Não é o método mais preciso de reconhecimento, mas é o mais barato.
Nos Estados Unidos, a empresa Pay By Touch desenvolveu um dispositivo eletrônico de pagamentos baseado no reconhecimento das digitais. Ele está sendo utilizado em mais de 2 200 lojas, por 2,9 milhões de consumidores. Essas pessoas cadastram o padrão da impressão digital, com o número da conta bancária ou do cartão de crédito. Na hora da compra, colocam o dedo sobre o leitor biométrico. Uma senha é digitada para reforçar a segurança do processo. O sistema compara as peculiaridades do dedo com as informações armazenadas no banco de dados da instituição financeira. Automaticamente, debita o valor da compra.
A identificação por meio da face é feita com um sistema de câmeras digitais que capta as características individuais, com base numa fusão lógica da geometria do rosto da pessoa com a estrutura da pele. No caso da íris, a característica que o sistema capta está na parte colorida do olho, na qual existem 249 pontos de diferenciação. Tais elementos não se alteram com o tempo, à medida que a pessoa envelhece. A probabilidade de duas pessoas terem o mesmo padrão de íris é de uma em 7 bilhões. Em testes feitos pelo governo britânico, a taxa de sucesso na identificação por esse método chegou a 96%. Mas, pelo custo elevado, o sistema está restrito a aplicações críticas, como em centros de processamento de dados de instituições financeiras.
O mercado financeiro é justamente o alvo de outra tecnologia de reconhecimento biométrico: a leitura das veias da palma da mão. Desenvolvido pela Fujitsu, o aparelho tem um sensor que captura a imagem da mão. Ele emite um feixe infravermelho, que é absorvido pelo sangue sem oxigênio que circula nas veias, formando uma espécie de mapa. A possibilidade de duas pessoas terem o mesmo desenho de veias é muito pequena. "Nem gêmeos idênticos têm padrão igual", afirma Evaldo Horn de Oliveira, gerente de desenvolvimento de negócios da Fujitsu do Brasil. O sistema, batizado de PalmSecure, foi instalado para teste em dois caixas eletrônicos do Bradesco, em São Paulo, dispensando os correntistas de digitar as senhas com letras na hora de fazer um saque. Mas esse é só o começo. Em laboratórios, estão prontas tecnologias que usam até o cheiro das pessoas como instrumento de identificação.Fonte - Revista Veja
Nota: Mais sobre o controle da informação, aqui, aqui, aqui e aqui.