Durante a Depressão dos anos 1930, a seca castigou as pradarias das províncias de Alberta e Saskatchewan, no Canadá. A combinação de colheitas pouco produtivas e baixos preços de grãos fez com que muitos fazendeiros deixassem o oeste canadense. Para muitos moradores das pradarias, a história está se repetindo. As quedas nos preços de petróleo e gás natural, depois dos índices recordes de 2009, pausaram de maneira abrupta o boom energético de Alberta. Embora os preços dos grãos tenham voltado a subir, a seca gerou perdas de milhões de dólares aos fazendeiros locais.
Uma gigante área rural que se espalha por Saskatchewan e Alberta e se aproxima da Columbia Britânica, no extremo oeste do país, sofreu seu inverno mais rigoroso nos últimos 50 anos e o índice de chuvas tem estado 40% abaixo do normal. Fazendeiros têm visto seus poços secarem e suas plantações murcharem, o que os obriga a vender seu gado, ou comprar alimentos para manter seus rebanhos. As fortes chuvas entre o fim de junho e o início de julho ajudaram a colheita em alguns campos, mas a muitos deles já estão inutilizados. Cerca de 900 fazendeiros de Kindersley, uma cidade no sudoeste de Saskatoon, araram suas terras e pediram ressarcimento por meio de seguro, de acordo com Stewart Wells, presidente da União Nacional de Fazendeiros, que prevê perdas de até 30% nas plantações de trigo, cevada, colza e feno, se a seca continuar.
Para piorar, a situação atual pode se tornar a regra. David Schindler, um ecologista da Universidade de Alberta, afirma que análises nos anéis dos troncos de árvores e em antigas algas, mostram que secas eram comuns na região, e que o século XX foi particularmente úmido. As pradarias ficam ao leste das Montanhas Rochosas, direção para onde correm a maioria de seus rios. Os rios tiveram um aumento de 60% em seu volume com o derretimento das geleiras nas montanhas, mas cada vez mais água é retirada deles para as cidades, irrigações, e para o processamento de petróleo oriundo do piche. Schindler teme que a manutenção desse quadro possa transformar as pradarias em semi-desertos.
Fazendeiros reclamam que suas margens são tão pequenas, que um ano ruim pode levá-los à falência. Em julho, seu sindicato implorou ao parlamento federal que ajudasse as famílias de fazendeiros e contivesse o poder das corporações agrícolas. Talvez isso também indique um retorno do populismo à área rural.
Fonte - Opinião e Notícia