A presença de Bento XVI em território britânico simboliza uma aproximação que tem vindo a acontecer, entre as Igrejas católica e anglicana, algo que era “algo impensável, até há alguns anos atrás”.
Apesar das reacções, não muito positivas, vindas de alguns quadrantes da sociedade britânica, a visita do Papa poderá ser muito positiva para o desenvolvimento de um verdadeiro diálogo ecuménico entre as duas doutrinas.
Esta opinião foi expressa à agência ECCLESIA por João Duque, secretário episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo, que acredita que esta iniciativa poderá contribuir para “eliminar os restos da discriminação feita aos católicos, uma situação que tem persistido até há bem pouco tempo” no Reino Unido.
Outros passos “reais e pragmáticos” poderão ser dados, sustenta ainda aquele responsável, mas não necessariamente “o regresso a uma Igreja única”.
Os anglicanos ainda têm de resolver o seu problema de liderança, que actualmente está entregue à Rainha Isabel II, não existindo uma separação clara entre o poder político e a Igreja.
“Pode ser que a referência simbólica à figura de Bento XVI abra um caminho diferente, que leve a Igreja anglicana para um caminho de não subjugação aos poderes estatais” explica João Duque.
Apesar deste e de outros problemas que a própria Igreja Anglicana tem vindo a enfrentar, João Duque não acredita que isso vá ser aproveitado, de alguma forma, pelo Vaticano.
“Isso não seria benéfico, porque aí voltaria a colocar-se o diálogo simplesmente na base de um regresso à Igreja católica”, sublinha o especialista em doutrina religiosa, acrescentando que “o verdadeiro diálogo ecuménico não aproveita as fraquezas de uma doutrina para ultrapassar a separação”.
Recorde-se que muitos fiéis anglicanos têm vindo a mostrar o seu descontentamento face às decisões tomadas pelos líderes anglicanos, relativos à ordenação de bispos homossexuais ou do sexo feminino, entre outras decisões polémicas.
Também a beatificação do cardeal Newman, um dos actos de maior relevo da visita de Bento XVI ao Reino Unido, “não é uma chamada à conversão dos anglicanos”, porque “trata-se de uma figura que contribuiu muito para o diálogo ecuménico”, defende João Duque.
Bento XVI vai permanecer em território britânico até ao dia 19 de Setembro, com passagens pelas cidades de Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham.
Fonte - Ecclesia