terça-feira, 17 de agosto de 2010

Humanos esgotarão a 21 de Agosto recursos naturais do planeta para 2010

Os habitantes da Terra esgotarão a 21 de Agosto os recursos naturais que o planeta lhes proporciona anualmente, pelo que a partir daquela data passaremos a consumir e a viver dos créditos respeitantes ao próximo ano.

O alerta foi deixado hoje, segunda-feira, pela organização não-governamental Global Footprint Network (GFN), que anualmente calcula o dia em que o consumo da humanidade esgota os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer cada ano.

O limite em 2010 ou "Dia do Excesso" ("Earth Overshoot Day", em inglês) será atingido no sábado 21 de Agosto, refere a organização que trabalha para promover a sustentabilidade através do uso do conceito de Pegada Ecológica, uma ferramenta de contabilidade dos recursos naturais.

"Isso significa que demoramos menos de nove meses para esgotar o nosso orçamento ecológico para este ano", salientou o presidente da GFN, Mathis Wackernagel.

Em 2009, o limite dos recursos naturais foi alcançado em 25 de Setembro, mas, segundo o responsável do GFN, o desempenho deste ano não significa que o consumo em 2010 tenha aumentado.

"Este ano analisamos todos os nossos dados e percebemos que, até agora, tínhamos sobreavaliado a produtividade das florestas e das pastagens: em outras palavras, exageramos a capacidade que a Terra" tem para regenerar e absorver o nosso excesso.

A GFN também calculou os serviços e recursos que são fornecidos pela natureza e comparou-os ao consumo do seres humanos e as emissões poluentes que estes emitem.

"Na década de 1980, a nossa Pegada Ecológica era mais ou menos equivalente à dimensão da terra. Actualmente é 50% superior", alertou.

"Se você gastar o seu orçamento anual em nove meses provavelmente ficaria muito preocupado com a situação: a situação não é menos grave quando falamos das nossas reservas naturais", sustentou Mathis Wackernagel.

De acordo com o responsável da GFN, as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a desflorestação, a escassez de água e de alimentos "são todos sinais de que não podemos continuar a consumir [este tipo de recursos] a crédito".

Apesar de "dados preliminares" mostrarem que a crise económica e financeira mundial - que se intensificou em 2008 - teve um "impacto significativo no consumo", esses dados ainda não são claros, adiantou o responsável.

A título de exemplo, Wackernagel referiu o "consumo de energia que tem vindo a diminuir na Europa e nos EUA, mas não na China".

Para inverter esta tendência, sustenta, é preciso que "a população mundial comece a declinar", uma necessidade que já está a ser percebida entre os demógrafos e ambientalistas, também no seio das Nações Unidas.

"As pessoas pensam que isso seria terrível para a humanidade, que [o aumento da população] é de facto uma vantagem económica. Mas é uma escolha", afirmou Mathis Wackernagel.

Fonte - Jornal de Notícias

Nota DDP: Em Setembro de 2008 foi veiculado neste espaço artigo que informava naquela ocasião os parâmetros paralelos ao presente post, transcrevemos:

Em 1961 metade da Terra era suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O primeiro ano em que a humanidade utilizou mais recursos do que os oferecidos pela biocapacidade do planeta foi 1986, mas, daquela vez o cartãozinho vermelho se ergueu no dia 31 de dezembro: o dano ainda era moderado. Em 1995 a fase do superconsumo já devorara mais de um mês de calendário: a partir de 21 de novembro a quantidade de madeira, fibras, animais e verduras devoradas ia além da capacidade dos ecossistemas de se regenerarem; a retirada começava a devorar o capital à disposição, num círculo vicioso que reduz os úteis à disposição e constringe a antecipar sempre mais o momento do débito.

Em 2005, o Earth Overshoot Day caiu no dia 2 de outubro. Neste ano já o adiantamos para o dia 23 de setembro: já consumimos quase 40 por cento a mais do que aquilo que a natureza pode oferecer sem se empobrecer. Segundo as projeções das Nações Unidas, o ano no qual – se não se tomarem providências – o vermelho vai disparar no dia primeiro de julho será 2050.


Dois anos depois, um mês a menos, sem contar que para a maioria dos habitantes deste planeta, os recursos sequer são observáveis em qualquer parte do ano. Outro aspecto interessante é sobre o controle populacional.
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