Um vento católico na Casa Branca
O Washington Post publicou artigo datado de 13 de Abril de 2.008, imediatamente antes portanto da chegada do Papa aos EUA, com relevo nos termos supra identificados. Causa espécie a consideração da questão do "primeiro presidente americano católico", isso em contraste com a recente matéria da Time, que cravou "O Papa americano".
A matéria inicia por informar o interesse do Presidente americano nos escritos do atual Papa, que não é supresa para ninguém, se alinha às suas convicções pessoais ou, ao seu posicionamento filosófico. O artigo segue dizendo que, de direito, JF Kennedy foi o primeiro presidente americano com estas características, no entanto, dado o trato absolutamente laico que o mesmo empreendeu em seu governo, Bush preenche de fato este papel.
Rick Santorum, ex-senador pela Pennsylvania e um devoto católico, que foi o primeiro a dar a Bush o rótulo de "presidente católico", afirma: "Ele é sem dúvida muito mais católico do que Kennedy".
Não se perca de vista, continua o artigo, que muito embora Bush frequente uma Igreja Episcopal, em Washington, pertença a uma igreja metodista do Texas e seja de base política solidamente evangélica, tem se cercado com intelectuais católicos. Estes católicos nos últimos oito anos foram moldando os discursos, políticas e legados futuros de Bush a um grau talvez sem precedentes na história dos EUA.
"Eu costumava dizer que há mais católicos na equipe de escritores dos discursos do Presidente Bush do que em qualquer outra linha de frente da Notre Dame no último meio século", disse o antigo cooperador de Bush - e católico - William McGurn.
Bush também tem colocado católicos em papéis proeminentes do governo federal e baseado-se na tradição católica publicamente para iniciativas relativas à legislação anti-aborto. Tem ainda unido intelectuais católicos com políticos evangélicos para forjar uma poderosa coligação eleitoral.
"Existe uma consciência na Casa Branca que a rica tradição intelectual católica é um recurso para fazer a ligação entre a fé cristã, religiosamente fundamentada em julgamentos morais e políticas públicas", disse Richard John Neuhaus, um padre católico editor da revista Primeira Coisas quem tem servido de tutor de Bush na doutrina social da Igreja há quase uma década.
Ao contrário de Kennedy que trabalhando para distanciar-se da igreja, ao ser nomeado afirmou que sua "religião não era relevante", Bush e sua administração não tiveram qualquer rserva em relação ao catolicismo. Mesmo antes de ser conduzido à Casa Branca, nos idos de 2001, Bush já estava sendo catequisado sobre os ensinamentos sociais da igreja e, pediu inclusive para o conselheiro católico da Casa Branca, Deal Hudson, que seu escritório fosse abençoado por um padre.
"Houve uma grande auto-consciência de que religiosos conservadores tinham trazido Bush a Casa Branca e que [o governo] queria fazer o que tinha sido mandado para fazer", disse Hudson.
Para católicos conservadores, em assuntos de controvérsia moral, o caminho era nomear juízes que acabariam por ilegalizar os temas de seu interessante. Para se ter idéia, Bush tem frequentemente emprestado o mantra de Papa João Paulo II para promover uma "cultura da vida". Muitos católicos próximos a ele acreditam que os cerca de 300 juízes que ele enviou à bancada federal, podem ainda ser o seu maior legado.
Mesmo em assuntos em que Bush não se alinhou com o Vaticano, como a guerra no Iraque, demonstrou especial deferência aos ensinamento católicos. Antes de enviar as tropas americanas, ele se reuniu com as lideranças romanas e justificou seus planos, o que fez com que o representante católico neste contexto afirmasse que Bush "tem travado um diálogo e compartilhado perspectivas com católicos de uma forma que eu acho é bastante única na política americana."
Além disso, pessoas próximas a Bush dizem que ele tem professado não tão secreta admiração pela disciplina da Igreja e está pessoalmente atraído pela amplitude e unidade dos seus ensinamentos. Um padre de Nova Iorque do círculo de amizades do presidente Bush disse que este respeita a forma que o catolicismo começa em sua fundação - com a noção de que o papado é querido por Deus e que o papa é o sucessor de Pedro. "Eu acho que o que o fascina sobre o catolicismo é a sua plausibilidade histórica", disse este sacerdote. Neste contexto Bush percebe o evangelicalismo em patamar inferior ao catolicismo.
Antigo escritor de discursos de Bush, Michael Gerson, outro evangélico com uma afinidade para o ensino católico, diz que a chave para a compreensão da política interna de Bush é vê-la através das lentes de Roma.
Outros vão mais longe. Paul Weyrich, um arquiteto da direita religiosa, detecta em Bush tons do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, convertido ao catolicismo no ano passado. "Acho que ele é um crente secreto", diz Weyrich de Bush. Da mesma forma, John DiIulio, primeiro diretor de iniciativas baseadas na fé do governo Bush, chamou o presidente de "católico enrustido".
Lembro aos que lerem este texto, em tradução livre, que ele não revela as impressões de um adventista do sétimo dia, mas de um correspondente atrelado a um importante meio midiático americano. Sobre a citação de Blair na parte final do texto, sugiro o post "Blair reivindica papel da religião na solução de problemas mundiais".