quarta-feira, 16 de abril de 2008

Bush recebe BXVI na Casa Branca


Após quase trinta anos da última e única visita de um papa na Casa Branca, BXVI foi recebido com toda pompa e circunstância possíveis, como antecipadamente anunciadas como características de toda a estada do Pontífice em solo americano.

Mais uma vez o que se percebeu, foi o alinhamento dos discursos entre os dois líderes. Chega a ser impressionante.

Bush ao falar recebeu o convidado chamando-o de "Santo Padre" e afirmando que "mais do que tudo encontrará na América pessoas que estão com os corações abertos para a sua mensagem de esperança", "a América e o mundo necessitam desta mensagem" e, "em um mundo que invoca o nome de Deus para justificar atos de terrorismo, assassinatos e ódio, nós precisamos de sua mensagem de que Deus é amor".

Aproximadamente 13.500 pessoas, inclusive senadores e outras celebridades de Washington encheram South Lawn para a histórica cerimônia. O pontífice foi saudado com trombetas e tiros de canhão, além de contar com um "parabéns a você" pelo público.

O Presidente americano prosseguiu dizendo que "na América encontrará uma nação que bem recebe o papel da religião na vida pública", sendo esta uma nação "ainda guiada pelas antigas e eternas verdades" (WPost) e, "quando nossos pais declararam a independência da nação, eles o fizeram com base nas 'leis naturais, e na essência de Deus'". Disse ainda que "acredita que o amor pela liberdade e a lei moral comum estão escritas no coração humano, e isso constitui a sólida fundação na qual qualquer sociedade livre de sucesso deve ser construída".

Foi muito aplaudido quando afirmou que "em um mundo onde alguns tratam a vida como algo depreciado e descartável, nós precisamos da sua mensagem de que a vida humana é sagrada e cada um de nós amado." Adotou ainda uma frase do próprio Papa, dizendo que precisam da mensagem do pontífice "que rejeita a ditadura do relativismo." Estes últimos termos são considerados como definidores do pontificado de BXVI, seu primeiro argumento, formulado em uma homilia densa que proferiu quando ainda era o Cardeal Joseph Ratzinger, no dia em que seus pares adentraram ao conclave e o elegeram como papa. Ao usar a frase, Bush sinalizou a causa comum à marca de BXVI, qual seja, o conservadorismo religioso.

Reiterando ainda outra importante marca de BXVI, Bush afirmou inicialmente que na América "fé e razão coexistem em harmonia". (WPost)

BXVI por sua parte iniciou dizendo que "veio como um amigo, um pregador do Evangelho e alguém com grande respeito pela sociedade plural americana", adicionando que "a democracia pode apenas florescer, como os pais fundadores da América concluíram, quando líderes políticos e aqueles a quem eles representam, são guiados pela verdade."

Mais, apontou que "desde o amanhacer da república, a busca de liberdade pela América foi guiada pela convicção de que os princípios de governo político e vida social estão intimamente ligados a uma ordem moral baseada na soberania de Deus como Criador". (CNN)

A cerimônia foi uma das mais elaboradas que a Casa Branca jamais conduziu, até mais que a do último ano por ocasião da visita da Rainha da Inglaterra.

Após a cerimônia os dois líderes se recolheram para uma reunião privada.

Existe um vídeo do evento que pode ser acessado no site do Times.

Fonte Principal - The NY Times

Impossível não se notar que Bush ratificou em uma tacada só as duas encíclicas do Papa BXVI, alinhou-se ao mesmo na questão do islão e, que no mais ambos quase que repetiram um o discurso do outro, especialmente na defesa dos fundamentos cristãos da América e da manutenção de seus princípios na Lei Moral Divina, inclusive como solução para as questões de um mundo que "precisa" da fé e da razão em alinhamento.

Se a intenção inicial era produzir a clara troca de aceitação, não há qualquer dúvida de que o objetivo foi cumprido a contento. Para quem esperava que o "desafio" lançado pelo Cardeal americano antes do Papa pousar nas terras do Tio Sam pudesse se desenvolver de alguma forma dissimulada, ficou a certeza que não estamos mais em tempo de recados.

Aliás, não se poderia esperar outra coisa, quando logo na chegada Bush afirmou com todas as letras que "quando olha nos olhos de Bento XVI, vê Deus." (Zenit)

Fica a impressão que falta um sinal (miraculoso) para que a primeira besta seja seguida e a segunda comece a falar efetivamente como um dragão. Isso pode demorar muitos anos, ou acontecer a qualquer momento.

PS: O Pastor Santeli faz um exercício interessante sobre quanto tempo ainda temos no quadro profético em "A imagem da besta", que merece ser lido com atenção, principalmente em sua parte final.
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