Washington, 16 abr (RV) - 1. Foi pedido ao Santo Padre para dar a sua opinião sobre o desafio do secularismo, em aumento na vida pública, e sobre o relativismo na vida intelectual, como também Suas sugestões sobre como enfrentar tais desafios do ponto de vista pastoral, para realizar uma obra de evangelização mais eficaz.
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Tenho a convicção de que é necessário um maior significado da relação intrínseca entre o Evangelho e a lei natural de um lado, de outro, da busca do autêntico bem humano, conforme encarnado na lei civil e nas decisões morais pessoais.
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A “ditadura do relativismo”, em poucas palavras, è simplesmente uma ameaça à liberdade humana, que amadurece somente ne generosidade e na fidelidade à verdade.
Pode-se dizer muito mais, naturalmente, sobre este tema: mas deixem-me concluir, todavia, dizendo que eu acredito que a Igreja, na América, neste preciso momento de sua história, tem diante de si o desafio de reencontrar a visão católica da realidade, e de apresenta-la de modo envolvente, e com criatividade, a uma sociedade que oferece todo tipo de receitas para a auto-realização humana.
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2. O Santo Padre foi questionado sobre "um certo silencioso processo” mediante o qual os católicos abandonam a prática da fé, por vezes mediante uma decisão explícita, mas muitas vezes quieta e gradualmente afastando-se da participação na Missa e da identificação com a Igreja.
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Em primeiro lugar, como os senhores sabem, torna-se sempre mais difícil, nas sociedades ocidentais, falar de modo sensato de 'salvação'. E a salvação – a libertação da realidade do mal e o dom de uma vida nova e livre em Cristo – está no próprio coração do Evangelho. Devemos redescobrir, como já disse, modos novos e fascinantes para proclamar esta mensagem e despertar a sede de plenitude que somente Cristo pode dar. É na liturgia da Igreja, e sobretudo, no sacramento da Eucaristia, que estas realidades se manifestam de modo mais forte e são vividas na existência dos fiéis. Talvez tenhamos ainda muito o que fazer para realizar a visão do Concílio sobre a liturgia, como exercício do sacerdócio comum e como impulso para um apostolado frutífero no mundo.
Em segundo lugar, temos que reconhecer com preocupação a quase completa eclipse do sentido escatológico em muitas de nossas sociedades tradicionalmente cristãs. Como sabem, levantei este problema na encíclica Spe salvi. Basta dizer que a fé e a esperança não se limitam a este mundo: como virtudes teologais, elas nos unem ao Senhor e nos levam à realização não apenas de nosso destino, mas ao destino de toda a criação. A fé e a esperança são a inspiração e a base de nossos esforços para nos preparar à vinda do Reino de Deus. No cristianismo, não pode existir lugar para uma religião puramente pessoal: Cristo è o Salvador do mundo, e, como membros de seu Corpo e partícipes de seu múnus (função) profética, sacerdotal e real, não podemos separar o nosso amor por Ele do compromisso da edificação da Igreja e da ampliação do Reino. Na medida em que a religião se torna um assunto puramente pessoal, ela perde a sua própria alma.
Deixem-me concluir afirmando o óbvio. Os campos estão prontos para a semeadura. Deus continua a fazer crescer a messe. Podemos e devemos acreditar, juntos com o Papa João Paulo II, que Deus está preparando uma nova primavera para o cristianismo (cfr Redemptoris missio, 86). O que mais precisamos, neste específico tempo da história da Igreja na América, è a renovação daquele zelo apostólico que inspire seus pastores de modo ativo a procurar os dispersos, a curar as feridas e restabelecer os doentes; (cfr Ez 34,16). E isto, como disse, exige novos métodos de pensar, baseados num sadio diagnostico dos desafios de hoje e num compromisso pela unidade no serviço à missão da Igreja para com as gerações presentes.
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Fonte - Radio Vaticana