Normalmente uma crise alimentar é clara e localizada, seja por problemas nas colheitas ou por guerras e conflitos, e a incidência da escassez recai sobre os mais pobres das regiões afetadas. Mas a atual crise é diferente.
No Haiti, a falta de alimentos já derrubou um primeiro-ministro. Revoltas em Camarões já deixaram 24 mortos. O Egito colocou o exército para fazer pão. As Filipinas vão punir com prisão perpétua quem estocar arroz. Algumas mudanças no cenário da produção e distribuição podem explicar em parte a crise atual, como a maior demanda de grãos e de carne na China e na Índia, e a substituição de plantações para atender ao setor crescente de biocombustíveis.
Este novo cenário não vem sendo acompanhando por mudanças significativas no campo, devido em parte ao ritmo próprio da produção rural. Mas a crise de 2008, ainda que seja grave, é apenas um sintoma de um problema mais amplo. A alta dos preços encerra 30 anos de comida barata por causa dos subsídios dos países ricos e das fortes distorções nos mercados internacionais de alimentos.
Fonte - Opinião e Notícia