quinta-feira, 17 de abril de 2008

O tema recorrente da moralidade na visita papal


É impressionante a capacidade deste papa em subverter assuntos delicados e contrários aos seus interesses em seu proveito, como já se viu em discussões que o mesmo acabou por tendo de travar e contornar com evangélicos, muçulmanos e judeus, por exemplo, por força de muitas das suas declarações.

Todos sabem que um ponto sensível desta visita do mesmo aos EUA está na questão da pedofilia, em função das transgressões havidas por padres católicos neste campo, que muito desgastou a igreja naquele país, tanto do ponto de vista monetário, como nos riscos que produziu em sua imagem.

Mas interessantes posições foram colocadas ontem no tema:

Para o Papa, qualquer esforço nesta área precisa de ser levado por diante num quadro “mais amplo”, no qual as crianças possam crescer “com um entendimento saudável da sexualidade e o do seu lugar nas relações humanas”.

As crianças, afirmou, “deveriam ser poupadas às manifestações degradantes e à manipulação crua da sexualidade que hoje são tão prevalentes”, deixando mesmo uma pergunta: “Que significa falar de protecção de crianças quando a pornografia e a violência podem ser vistas em tantos lares através dos Media largamente disponíveis, hoje em dia?”.

Para uma “renovação moral da sociedade” é necessário o contributo de todos, indicou Bento XVI, “pais, líderes religiosos, professores e catequistas, bem como os Media e a indústria do entretenimento”.

Aos Bispos, precisou, compete “proclamar esta mensagem”, “abordando o pecado do abuso no contexto mais amplo dos costumes sexuais”.

“Ainda mais, ao reconhecer e enfrentar o problema quando este ocorre num cenário eclesial, podem dar um exemplo aos outros, dado que este flagelo não se encontra apenas nas vossas Dioceses, mas em todos os sectores da sociedade, pedindo uma resposta colectiva e determinada”, acrescentou.


O que ele fez? Mitigou o problema e, por certo prisma, está absolutamente correto, no entanto, suas palavras revelam a intenção de conclamar os princípios morais da nação americana, que o Presidente americano espera esteja de coração aberto para esta mensagem, invocando uma reação conjunta de um povo que encontra-se absolutamente mergulhado em uma crise moral, como demonstraram eventos recentes com a queda de um governador baluarte da moralidade.

Por outro lado, avaliando outro ponto que particularmente lhe interessa, a imigração que fortalece a influência católica nos EUA, assim se manifestou:

Esse povo, indicou, “tem confiança em Deus e não hesita em introduzir nos temas públicos razões morais enraizadas na fé bíblica. O respeito pela liberdade de religião está profundamente enraizado na consciência norte-americana, um dado concreto que contribuiu para fazer que este país atraísse gerações de imigrantes, em busca de uma casa na qual professar o seu culto a Deus livremente, segundo as próprias convicções religiosas”.

Mais à frente, respondendo a uma pergunta colocada pelos Bispos, o Papa sublinhou que o processo de secularização dos EUA levou um rumo muito diferente da Europa, fortemente influenciada pelo modelo francês, dado que a voz da Igreja norte-americana é “respeitada”.

É preciso resistir a todas as tendências a considerar a religião como um facto privado. Somente quando a fé permeia qualquer aspecto da vida os cristãos se tornam realmente abertos ao poder transformador do Evangelho”.


Fonte - Ecclesia

Aqui está a contestação à separação igreja/estado, que ainda dificulta a movimentação da igreja romana em cumprir seus intentos.

Enfim, o Papa BXVI não foi aos EUA para passear, está falando de tudo que lhe interessa e tem no líder da nação americana um grande aliado na recepção da sua mensagem. Resta saber haverá influência efetiva destes discursos nos próximos movimentos do "Grande Conflito", que encontra-se de forma absolutamente clara em movimento...
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