quinta-feira, 17 de abril de 2008

A volta da Roma Eclesiástica ao passado

O Washington Post produziu outra matéria singular acerca das entrelinhas da visita papal aos EUA, analisando a indumentária (vestes) do papa em suas aparições públicas. Antes de começar a considerar o tema deste artigo, reitero os comentários finais assinalados no post "George W. Bush: "O primeiro presidente americano católico"": Lembro aos que lerem este texto, em tradução livre, que ele não revela as impressões de um adventista do sétimo dia, mas de um correspondente atrelado a um importante meio midiático americano.

A matéria começa considerando que, enquanto os analistas estão a considerar os aspectos da política externa norte-americana e as mazelas da Igreja Católica, existem aqueles que simplesmente estão a se perguntar quando o Papa começou a se vestir como tem aparecido.

E a resposta proposta pelo articulista é: Há muito, muito tempo atrás. E esse é o ponto.

Para os que prestam atenção nas vestes de BXVI, perceberão que o mesmo tem primado pela utilização de modelos que remontam aos Séculos XV e XVI. Isso pode passar pela cabeça do telespectador que o hoje o viu realizando a missa no Nationals Park. Mas para aqueles preocupados com a direção da Igreja Católica Apostólica Romana, isso é objeto de preocupação. Será que isso significa que BXVI pretende levar a igreja de volta ao passado e, em caso afirmativo, por quais caminhos? Ou será que este culto, pianista e teólogo alemão tem uma caída pelo teatro da religião?

Católicos tradicionais têm se sentido nas nuvens desde que BXVI foi eletio e começou a reviver antigos aspectos da vida da igreja, como a missa latina e a música gregoriana. Eles vêm em suas roupas uma poderosa mensagem simbólica que diz ao mundo contemporâneo: A Igreja Católica não está mudando, notamente em questões sensíveis ao mundo "moderno".

Observando que BXVI tem adotado modelitos anteriores em séculos ao Concílio Vaticano II (que procurou modernizar o catolicismo), alguns reformadores demonstram preocupação com o que o vestuário do pontífice possa indicar.

Eles se "preocupam que este estilo retrô venha acompanhado do também antigo autoritarismo", segundo David Gibson, um biógrafo de BXVI e bem conhecido blogueiro Católico, escreveu em um recente ensaio publicado pela Religion News Service.

O porquê da vestimenta papal remonta a reputação de rigidez de BXVI, mesmo que isso implicasse em prejudicar a carreira de teólogos católicos que desafiaram o pensamento convencional da igreja.

Na semana passada o pregador do papa colocou abaixo o comentário de que o papa estaria tentando trazer a igreja novamente para a "idade das trevas". O mesmo afirmou apenas que BXVI quer simplesmente que os católicos vejam a gama completa de adoração tradicional. "Essas não são coisas novas", afirmou.

Sobre o apontamento de que BXVI estaria inclusive utilizando-se de calçados Prada, uma gerente de loja que serve o mesmo disse: "Isso é blasfêmia!" Este quadro contrasta com JPII que era muito simples neste quesito.

Por outro lado, o Rev. Keith Pecklers, um jesuíta professor de liturgia na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma advertido que este movimento do papa não pode ser substimado e afirmou que "BXVI tem um grande interesse aguçado por liturgia", o que não se percebia em JPII e, que ouviu de um bispo ortodoxo com estupefação o grande significado de vê-lo vestindo certos adereços que indicam, segundo este bispo, a intenção de BXVI em unir as igreja oriental à ocidental.

"Em sua opinião é muito clara a preocupação com o crescimento do secularismo no mundo desenvolvido, a perda da fé, a perda de convicção religiosa", disse Pecklers. "Portanto, existe claramente um sentimento de regresso às suas bases fundamentais, ajudando o seu rebanho a voltar ao que é fundamental".
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