24 de abril de 2008
Cidade de Stary Oskol, Rússia – Não muito tempo depois de a Igreja Metodista se estabelecer aqui os problemas começaram. Primeiramente vieram visitas de agentes da FSB, sucessora da KGB, que evidentemente enxergaram uma ameaça nas poucas dezenas de almas, que permaneciam em seus apartamentos apertados para ler a bíblia. Oficiais locais logo trataram de rotular a instituição como uma "seita". Finalmente, no último mês, autoridades a fecharam. Houve um tempo, após a queda do regime comunista, que pequenas congregações protestantes floresceram no sudoeste russo. Atualmente, esta região industrializada se tornou emblemática pela repressão à liberdade religiosa sob o governo do presidente Vladimir V. Putin.
Desde que o governo apertou o controle sobre a vida política, ele também passou a agir nos assuntos religiosos. Representantes do Kremlin em muitos áreas transformaram a Igreja Ortodoxa Russa em uma religião oficial, de forma a evitar outras denominações cristãs que parecem oferecer uma concorrência mais significativa para os fiéis. Eles proibiram os protestantes de atraírem novos adeptos, bem como desencorajaram a fé protestante através de uma série de medidas, de acordo com as dezenas de entrevistados das autoridades do governo e líderes religiosos de toda a Rússia.
Essa aliança próxima entre o governo e a Igreja Ortodoxa Russa tem sido uma característica marcante do mandato de Putin, uma coreografia de assistência mútua que geralmente é descrita aqui como uma "sinfonia". O presidente Putin realiza freqüentes aparições com o líder religioso Patriarch Aleksei II na rede de televisão nacional controlada pelo Kremlin. Na última semana, Putin aceitou um convite de Aleksei II para comparecer em eventos da Páscoa Ortodoxa Russa, no próximo domingo.
Essa relação é fundamentada em parte por uma ideologia nacionalista comum, dedicada para restaurar a força da Rússia após o desastre decorrente da extinção da União Soviética. A hostilidade da igreja contra grupos protestantes, muitos dos quais baseados nos Estados Unidos, é pintada com o mesmo espírito anti-ocidente geralmente enfatizado por Putin e outros altos oficiais. A antipatia do governo também parece se originar em parte da cautela do Kremilin em relação às organizações independentes que não são aliadas ao governo.
Aqui em Stary Oskol, a 482 Km ao sul de Moscou, a polícia despejou uma congregação adventista do sétimo dia de sua sala de reunião, forçando-a a realizar os serviços em uma casa caindo os pedaços ao lado de um canteiro de obras. Os batistas foram impedidos de alugar um teatro para um festival de música cristã, e também não foram autorizados a distribuir brinquedos em um orfanato. Um ministro luterano disse que se afastou por alguns anos porque temia por sua vida. Ele voltou, mas mantém-se despercebido. Na televisão local no mês passado, o principal sacerdote ortodoxo russo da cidade, que é um confidente dos políticos mais poderosos da região, fez um sermão que foi repetido a cada poucas horas. Seu tema: os protestantes hereges.
"Nós lamentamos aqueles que estão enganados - as Testemunhas de Jeová, os batistas, os evangélicos, os pentecostais e muitos outros que cortaram as vestes de Cristo como bandidos, que são como os soldados que crucificaram Cristo, que rasgaram em pedaços o manto santo de Cristo", declarou o sacerdote, o Rev. Alexei D. Zorin.
Essa linguagem é familiar aos protestantes em Stary Oskol, em número de 2.000 numa cidade de 225.000 habitantes.
O Rev. Vladimir Pakhomov, ministro da Igreja Metodista, recordou o aviso de um oficial da FSB a um de seus paroquianos: "O protestantismo está enfrentando tempos difíceis - ou pode ser o seu fim".
A maioria das igrejas protestantes é requisitada pela lei a se registrar com o governo, a fim de fazer nada mais do que realizar orações em um apartamento. Funcionários rejeitaram o registro deste ano do Sr. Pakhomov, primeiro dizendo que sua papelada era deficiente e, em seguida, alegando que a igreja era uma fachada de um negócio indeterminado. Mr. Pakhomov recorreu ao tribunal, mas perdeu. Ele disse que agora poderia enfrentar a prisão só por estar conversando com as crianças sobre assistir a um acampamento Metodista.
"Eles nos transformaram em leprosos para assustar as pessoas lá fora", afirmou o Sr. Pakhomov. "Há este clima que você pode sentir com cada célula do seu corpo: 'Não é nosso, é americano, é estrangeiro. E se é estrangeiro não podemos esperar nada de bom dele’. É ignorância, a todo redor".
Yuri I. Romashin, um funcionário sênior da cidade, disse que a recusa do registro da Igreja Metodista foi adequada, explicando que o governo tinha que se proteger de organizações suspeitas que utilizavam a religião como uma capa.
"Seu objetivo não era um santo e nobre objetivo", disse ele da igreja do Sr. Pakhomov.
Mr. Romashin disse que o governo não discrimina os protestantes. "Temos de criar condições para não infringir de forma alguma os seus direitos, a sua religião e sua liberdade de consciência", disse ele. No entanto, como muitos funcionários russos, ele referiu-se às igrejas protestantes com a expressão depreciativa "seitas".
Intolerância religiosa
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A constituição russa garante a liberdade religiosa, e Putin tem discursado freqüentemente contra a discriminação. "Na Rússia moderna, tolerância e tolerância para outras crenças são o fundamento para a paz civil e um importante fator para o progresso social", disse o presidente em uma reunião com líderes religiosos em 2006.
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Mikhail I. Odintsov, alto conselheiro da comissão russa dos Direitos Humanos, que foi nomeado por Putin, disse que em parte, as reclamações em seu escritório são em relação à religião envolvendo protestantes. Odintsov ouviu as questões: "Problemas com propriedade ilegal, com construção de igrejas, renovações, ministros que vem de fora, problemas com a aplicação da lei, freqüentemente com a polícia".
"Na Rússia", ele aponta, "não há uma força política significantemente influente, ou um partido ou qualquer forma de organização que sustente e proteja os princípios de liberdade religiosa".
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Em fevereiro, alguns funcionários da cidade de Novosibirsk (Sibéria), a terceira maior da Rússia, propuseram a criação de uma comissão de combate às "seitas totalitárias". O governador da região de Tula, perto de Moscou, denunciou que a inteligência militar americana estava usando as "Seitas" protestantes para se infiltrar na Rússia.
Os funcionários não dizem com precisão a que grupos estão se referindo, mas os ministros protestantes dizem que o título é tão difundido que a maioria dos russos supõem que para os divulgadores isto significa todos os protestantes. O termo tem claramente penetrado na consciência do público.
"Como uma crente ortodoxa russa, sou contra as seitas", disse Valeriya Gubareva, uma professora aposentada, que foi questionada sobre os protestantes enquanto saía de uma Igreja Ortodoxa Russa aqui. "Nossa religião Ortodoxa Russa é inviolável, e não deve ser abalada".
Tal como outros paroquianos entrevistados, a Sra. Gubareva afirmou que apoiava a liberdade religiosa.
Uma Nova Identidade
Embora a freqüência a Igreja na Rússia é muito baixa, sondagens revelam que os russos estão abraçando a ortodoxia russa como parte de sua identidade. Em uma recente pesquisa, 71% dos entrevistados descreveu-se como ortodoxo russo, acima dos 59% em 2003.
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(Online)
NOTA: A Igreja Ortodoxa, mesmo separada de Roma, em muitos aspectos se parece tanto com a Igreja Mãe: manifesta ódio aos protestantes, ama o poder político, fala a favor da liberdade religiosa mas onde é maioria suas obras sempre caminham em sentido contrário...
Fonte - Minuto Profético