Programa Fantástico, da Globo, 14.01.2007.
Íntegra do texto da segunda reportagem da série "O caos no clima".
Esta semana, finalmente, alguns líderes mundiais resolveram agir. A União européia anunciou que pretende cortar em 20% suas emissões de gás carbônico até o ano de 2020.
O português José Manuel Barroso, que preside a Comissão Européia neste momento, chamou a decisão de "uma revolução pós-industrial". É a decisão mais radical e importante tomada por governos para tentar conter o avanço do aquecimento global. Com o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, os paises industrializados tinham se comprometido a cortar essas emissões em 5% até 2012.
A meta dos europeus é audaciosa. Mesmo assim foi criticada. Ambientalistas dizem que uma redução nas emissões menor do que 30% não basta. Mas a Europa diz que só muda seu objetivo dos atuais 20% para 30% se for acompanhada pelo resto do mundo. Um recado com alvo certo: os Estados Unidos, que sequer assinaram o Protocolo de Kyoto. Os 27 países europeus pretendem reduzir a emissão de CO2 em 20% usando mais energia de fontes renováveis, como a solar, a do vento e, provavelmente, até a controversa energia nuclear.
Ao ser liberado na atmosfera, o gás carbônico forma uma espécie de manta em torno da terra. Essa manta absorve a energia do Sol e impede que o calor escape de volta para o espaço. É o chamado efeito estufa. Se esse fenômeno não existisse, a temperatura global seria de –19ºC. Ou seja, o efeito estufa não é necessariamente ruim. O problema é o mesmo que faz a diferença entre remédio e veneno: a dosagem.
Para impedir que essa manta protetora fique muito grossa e a terra esquente demais - ou seja, que o remédio vire veneno - a natureza deu uma função de equilíbrio às plantas: o papel delas é quebrar as moléculas de gás carbônico, liberando oxigênio e guardando o carbono. Mas esse equilíbrio milenar foi destruído. Acabou porque os homens descobriram onde estava guardado todo esse carbono.
Durante bilhões de anos, as grandes florestas retiraram tanto gás carbônico da atmosfera que amenizaram o efeito estufa e mantiveram o planeta fresquinho. Quando as árvores morrem, vão para debaixo da terra e levam com elas aquele carbono que absorveram. As árvores mortas se acumulam em milhares de camadas, abaixo da superfície terrestre.
Em uma mina de carvão, na China, pode-se descer até 500 metros. As camadas representam dezenas de milhões de anos. No fundo, o que foi madeira e folhas hoje é carvão e argila.
O professor Bob Spicer explica que essas folhas viram a luz do dia 50 milhões de anos atrás, quando estavam nas árvores. Nessa época, tinham um efeito refrescante sobre o clima, porque retiravam gás carbônico do ar.
Hoje, todo esse carbono está sendo levado de volta à superfície com o carvão que é queimado nas usinas para fornecer eletricidade e calor a milhões de pessoas. Agora, sob a forma de carvão, as plantas de antigamente liberam o carbono que armazenaram e acabam tendo um efeito oposto ao que tinham em vida: aquecem a atmosfera.
Assim como o carvão, gasolina e óleo diesel também são combustíveis fósseis. Quando esses combustíveis são queimados, o carbono se recombina com o oxigênio e volta à atmosfera como CO2, gás carbônico. O CO2 sobe e vai engrossar a "manta" do efeito estufa. E o que preocupa mais é justamente o quanto e em que velocidade essa camada de gás carbônico está aumentando. Por isso, a tentativa agora de reduzir sua emissão.
Mas como provar que o gás carbônico é realmente o responsável pelo aquecimento global? Como saber se os níveis atuais de gás carbônico estão muito mais altos do que eram alguns milhares de anos atrás? A resposta está no gelo.
Blocos de gelo são repletos de pequenas bolhas, que contêm ar da época em que o gelo foi formado. Todo ano, a neve cai, e vai se acumulando e se compactando; formando camadas. Como alguns pedaços de gelo analisados pelos cientistas foram extraídos de até três quilômetros de profundidade, são amostras com a idade de milhares de anos.
Com essas fatias de gelo, é possível recontar o que aconteceu no passado da terra. E as conclusões são importantíssimas: já se sabe, por exemplo, que a concentração de CO2 na atmosfera hoje é maior do que em qualquer outro momento dos últimos 600 mil anos. E quanto mais recente, pior. Antes da era industrial, a concentração de dióxido de carbono era de cerca de 280 partes por milhão. Hoje, é de 380.
A conclusão é óbvia: foi a atividade humana que levou a essa concentração inédita de gás carbônico na atmosfera. Resultado? Hoje, as conseqüências do aquecimento global podem ser observadas até em lugares que sempre absorveram quantidades gigantescas de CO2, como a Amazônia, a nossa Amazônia, tida por muito tempo como o pulmão do mundo.
A impressionante diversidade de animais e plantas da Floresta Amazônica não existe em lugar algum do mundo. E essa abundância tem duas razões para só acontecer aqui: calor e umidade. O calor vem do sol fortíssimo nessa área do globo próxima à Linha do Equador. A umidade vem das chuvas, das tempestades cotidianas, comuns na região amazônica.
Por isso, um pesquisador afirma que a principal ameaça à Amazônia não é o desmatamento, mas a seca. Ele diz que quando tem seca, mesmo com aumento leve da temperatura, até 30% das árvores da floresta podem ser afetadas. Em 2005, a Amazônia sofreu sua pior seca em 60 anos. A seca foi relacionada a um aumento anormal da temperatura das águas do Oceano Atlântico que alteraram o padrão de chuvas sobre a floresta. O cientista Dan Nepstad explica que essa seca foi muito preocupante porque o tipo de aquecimento do oceano que a provocou é exatamente o que se prevê que aconteça num cenário de aquecimento global.
Interessante reportagem, exceto pelo cálculo dos anos de existência do planeta (algo discutível), mas que serve de alerta sobre a situação ambiental mundial. O estudo científico deixa claro que caminhamos para um desastre global provocando pelo superaquecimento do planeta. A Bíblia, no entanto, diz que, antes disso acontecer, a redenção espiritual haverá de ocorrer por meio da volta de Jesus Cristo. O sábio conselho de Cristo, diante desses fatos, está no evangelho de Mateus 24:33-35: "igualmente vós, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão".
Fonte - Blog Realidade em Foco
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