[Acréscimo às 9h40:]
Eis o texto:
“Todo programa de TV aberta tem uma classificação por idade. Mas o que conta mesmo é a sua opinião. Ninguém melhor do que os pais para saber o que os seus filhos devem assistir. A televisão brasileira oferece informação, diversão e entretenimento de qualidade e de graça. Os limites é você quem dá. Cidadania, a gente vê por aqui.”
Ontem, para capturar essa fala, passei algum tempo diante da Globo em horário vespertino. Vi muita coisa que eu não exibiria para crianças pequenas. Por exemplo, chamadas para programas adultos. Por exemplo, o noticiário que irrompe entre a Sessão da Tarde (onde alguns diálogos hão de ter provocado no mínimo perplexidade em crianças; Robin Williams, protagonista de Uma Babá Quase Perfeita, diz para o namorado de sua ex-mulher que ela tem em casa "um vibrador que você não faz idéia", ou algo parecido, e, em seguida, como o interlocutor expressasse estranheza em face do diálogo, explicita coisas como "afogar o ganso" e assemelhadas); por exemplo, propagandas dirigidas a crianças, protagonizadas por crianças para comover adultos e para comover crianças.
É claro que a classificação indicativa só funciona se o pai ou responsável levá-la em consideração. Ainda não existe televisão com câmera para vigiar quem assiste à programação (poderá haver, algum dia, mas será usada para entender o comportamento do público e modelar o marketing). Estaria a Globo chovendo no molhado? Não. Quando se combina a fala em "off" com as imagens a sugestão é de que cabe aos pais remover a censura que venda a visão de seus filhos. (Ver imagens que serão colocadas nesta página em algum momento do dia.) Ou seja: a Globo já antecipa uma campanha "anticensura". Mas o Ministério da Justiça afirma que não se trata disso. Daqui a algumas horas publicarei reportagem feita com a assessora de imprensa do Ministério Patrícia Costa.
Dizer, de modo genérico, que a televisão aberta "oferece informação, diversão e entretenimento de qualidade" soa como piada. Pior. É mentira.
Finalmente, é preciso reiterar que a televisão aberta não é "de graça". O telespectador, como o leitor, o ouvinte ou o internauta, dá seu tempo, vendido a patrocinadores que embutem o custo da publicidade no preço dos produtos. Além disso, ainda não tenho notícia de distribuição gratuita de aparelhos de televisão, nem me consta que as emissoras paguem a conta de luz dos telespectadores.
Fonte - Observatório da Imprensa
Outa análise sobre a questão da TV, aqui.