A Alemanha é o único país capaz de salvar a zona do euro e a União Europeia mais ampla de "uma crise de proporções apocalípticas", avisou o ministro do Exterior polonês na segunda-feira, num chamado veemente por ações mais drásticas para impedir o colapso da união monetária europeia.
O apelo extraordinário feito por Radoslaw Sikorski à sombra do Portão de Brandemburgo, na capital alemã, se deu no momento em que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico lançou um chamado a líderes europeus por "poder de fogo digno de crédito e suficientemente forte" para interromper a venda de títulos no mercado de dívida soberana da zona do euro, sob pena de sofrer uma recessão grave.
As declarações da OCDE foram feitas quando o instituto econômico baseado em Paris reduziu suas previsões semestrais de crescimento nos países mais ricos do mundo, avisando que a atividade econômica na Europa vai se desacelerar até quase estagnar.
No entanto, os chamados foram recebidos em Berlim com uma insistência obstinada em que apenas uma modificação no tratado da EU para forjar uma "união de estabilidade" na zona do euro poderá devolver a confiança aos mercados.
Wolfang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, rejeitou chamados para que o Banco Central Europeu atue como "credor de último recurso" na zona do euro e pela introdução de títulos de dívida da zona do euro, avalizados conjuntamente, para aliviar a pressão sobre os membros mais endividados da moeda comum, como Grécia e Itália.
Schäuble disse a correspondentes estrangeiros em Berlim que a Alemanha não é grande o suficiente para apoiar o resto da zona do euro sozinha. Para ele, para reconquistar a confiança dos mercados é preciso completar a união monetária com uma "união de estabilidade" baseada em disciplina orçamentária rígida.
Numa declaração espantosa, em se tratando de um ministro polonês sênior, Sikorski afirmou que a maior ameaça à segurança de seu país não é o terrorismo, tanques alemães ou mesmo mísseis russos, mas sim "o colapso da zona do euro".
"Exijo da Alemanha que, pelo seu bem e o nosso, vocês ajudem a zona do euro a sobreviver e prosperar", disse ele. "Vocês sabem muito bem que ninguém mais tem a capacidade de fazê-lo. Provavelmente serei o primeiro chanceler polonês na história a dizê-lo, mas digo: temo o poderio alemão menos do que estou começando a temer a inatividade alemã".
Fonte - Folha